TÍTULO: Atividades Experimentais: Gerenciamento de Resíduos /Rejeitos e a Problemática Ambiental

AUTORES: Carvalho, R.B.F. (UFPI) ; Ataíde, M.C.E.S. (UFPI)

RESUMO: As atividades experimentais desempenham um importante papel no processo de ensino-aprendizagem, aliando teoria e prática, desperta o interesse dos alunos pelo estudo da Química. Porém não se pode ignorar que tais atividades venham a ser geradoras de resíduos. O nosso objetivo é avaliar a existência de materiais contaminantes, o gerenciamento dos resíduos e o impacto ambiental oriundo dos rejeitos químicos produzidos nas atividades experimentais, a partir das análises de alguns roteiros de experimentos disponíveis na internet. Após a análise dos dados, observamos que não há uma preocupação efetiva com o gerenciamento de resíduo/rejeitos resultante das atividades.

PALAVRAS CHAVES: Atividades Experimentais; Gerenciamento de Residuos; Ensino de Química

INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, no Brasil, o gerenciamento de resíduos/rejeitos químicos provenientes de atividades laboratoriais começou a ser bastante discutido nas instituições geradoras, inclusive as universidades, essa discussão é de grande importância (AFONSO et al, 2003). Tal interesse destaca a importância da preocupação deste tema como parte da formação cidadã dos estudantes e a relação com as questões ambientais. Cabe sinalizar o que chamamos de resíduo e rejeito, já que estes termos são muito utilizados no cotidiano. Autores como Machado e Mól (2008), Ataíde (2009) e (2010), consideram resíduo como sendo materiais que permitem o reaproveitamento em algum outro experimento, sem prévio tratamento. Enquanto que rejeito são os materiais que não apresentam utilidade, até o momento, e, por isso, podem ser descartados, vale ressaltar que esse descarte é bastante praticado de forma imprópria nas instituições de ensino que não possui um programa de gerenciamento de resíduos/rejeitos. De acordo com Gimenez e colaboradores (2006), “O ensino médio com atividades experimentais adequadas, incluindo aspectos de gerenciamento de resíduos produzidos, preparará melhor o aluno para o exercício de profissões técnicas, com destaque para uma visão ambiental”. Os mesmos autores continuam “A implementação de uma política de gerenciamento de resíduos nas escolas é umas das maneiras de despertar no aluno a percepção da importância do seu envolvimento com o tema e promover um comportamento diferenciado e socialmente correto”. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a existência de materiais contaminantes, o gerenciamento dos resíduos e o impacto ambiental oriundo dos rejeitos químicos produzidos nas atividades experimentais baseados nos roteiros disponíveis na internet.

MATERIAL E MÉTODOS: De acordo com o objetivo da pesquisa, foi necessária a busca de diversos roteiros de atividades experimentais disponibilizados na internet por ser acessíveis a professores e alunos. Foram analisamos um total de 16 roteiros. Outra justificativa para a escolha dos roteiros se deu por tratar-se de um material que professores e alunos utilizam para seguir rigorosamente nas realizações dos experimentos, estes apresentam-se em sua grande maioria como “receitas de bolo” e que pouco contribuem para um processo efetivo de aprendizagem. No Quadro 1, estão listados os roteiros analisados, aos quais, foram atribuídos códigos de referência como forma de facilitar a identificação no momento de discussão dos resultados coletados. O Quadro 1 apresenta a listagem de todos os roteiros analisados em ordem crescente de nível de escolaridade, estes apresentam-se entre 6° ano antiga 7ª série até a 2ª série do ensino médio. A análise dos roteiros foi baseada em aspectos importantes para a nossa pesquisa, tais como: a existência de materiais contaminantes, o gerenciamento dos resíduos e o impacto ambiental oriundo dos rejeitos químicos gerados nestas atividades. Os resultados serão apresentados nos resultados e discussões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da análise dos roteiros das atividades experimentais observamos que nenhum dos roteiros analisados apresenta informações sobre o tratamento de possíveis rejeitos produzidos nessas atividades experimentais. Os rejeitos das atividades experimentais dos roteiros R1, R13 e R16, são em grande maioria soluções ácidas e básicas. Nesse contexto, o descarte adequado para as soluções ácidas é neutralizá-las utilizando hidróxidos ou carbonatos, o pH deverá ser monitorado e estar entre 6 e 8. No caso das bases recomenda-se utilizar ácido clorídrico ou ácido sulfúrico; o pH também deverá ser monitorado e estar entre 6 e 8. Após a neutralização, descartar lentamente na pia sob água corrente (ALBERGUINI; SILVA, 2005). No roteiro R5, os rejeitos produzidos tratam-se de seringas e agulhas, estes devem ser descartados em um recipiente de paredes rígidas, por exemplo: uma garrafa de plástico ou de vidro com tampa, para depois serem incineradas ou aterradas de forma segura e correta, minimizando os impactos ambientais. Os roteiros R6, R9 e R14 não apresentam contaminantes, no entanto, para o desenvolvimento da atividade do roteiro R6, é necessária a utilização de um termômetro, nesse contexto, propomos que seja utilizado um termômetro de álcool e não um de mercúrio para assim contribuir com a minimização da produção de rejeitos caso haja uma quebra acidental do termômetro. Observamos através da análise dos roteiros, que esses não orientam para o modo correto de descarte das soluções e não sinalizam sobre a preocupação do gerenciamento de resíduos e rejeitos. É importante ressaltar que quanto mais cedo os alunos tiverem contato com um programa de gerenciamento de resíduos/rejeitos, torna-se mais fácil ensinar valores e atitudes além do comprometimento com o meio ambiente.





CONCLUSÕES: Nessa pesquisa pudemos observar a dificuldade de gerenciar resíduo/rejeitos produzidos em atividades experimentais, através da análise dos roteiros disponibilizados na internet. Os roteiros de atividades experimentais analisados quando apresentam informações sobre segurança, estas são insuficientes para o tipo de trabalho sugerido. Além disso, nenhum dos roteiros fornece informações sobre o tratamento dos possíveis rejeitos produzidos nessas atividades experimentais.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Universidade Federal do Piauí pela a infraestrutura disponível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBERGUINI, L. B. A.; SILVA, L. C.; REZENDE, M. O. O.Tratamento de resíduos químicos: guia prático para a solução de resíduos químicos. São Paulo: Rima, 2005. AFONSO, J. C.; NORONHA, L. A.; FELIPE, R. P.; FREIDINGER, N. Gerenciamento de resíduos laboratoriais: recuperação de elementos e preparo para descarte final. Química Nova. v.26, n.4, p.602-611, 2003. ATAÍDE, M. C. E. S.; SILVA, M. G. L.; DANTAS, J. M. Experimentos nos livros didáticos: aspectos relacionados a segurança e os rejeitos químicos. Experiência em Ensino de Ciências. v.4, p.61-78, 2009. ATAÍDE, M. C. E. S. Experimentos que geram rejeitos químicos com metais pesados em escolas da educação básica. 2010. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, 2010. GIMENEZ, S.M.N.; ALFAYA, A. A. S.; ALFAYA, R. V. S.; YABE, M. J. S.; GALÂO, O. F.; BUENO, E. A. S.; PASCHOALINO, M. P.; PESCADA, C. E. A.; HIROSSI, T.; BONFIN, P.; Diagnóstico das condições de laboratórios, execução de atividadespráticas e resíduos químicos produzidos nas escolas de ensino médio de Londrina-PR. Química nova na Escola, n.23, p.32-36, 2006. MACHADO, P. F. L.; MÓL, G. S. Experimentando com segurança. Química Nova na Escola. p.57-60, 2008.