11º Simpósio Brasileiro de Educação Química
Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7

TÍTULO: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS NO NÍVEL FUNDAMENTAL

AUTORES: Rodrigues Leite, L. (EEM MARIA VIEIRA DE PINHO) ; Rodrigues da Silva, A.L. (FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS-UECE) ; Gadelha de Lima, J.O. (FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS-UECE)

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi suscitar uma reflexão sobre as ideias de alguns pesquisadores sobre o ensino de Ciências desenvolvido nas escolas de Ensino Fundamental. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico de publicações dos principais autores que estudam e pesquisam sobre o assunto. A situação problemática em que se encontra o ensino de Ciências no nível fundamental faz parte de um problema muito mais amplo que se caracteriza pela precariedade da Educação Básica brasileira.

PALAVRAS CHAVES: ensino de ciências; ensino fundamental; renovação no ensino

INTRODUÇÃO: A disciplina de Química é parte integrante do currículo escolar do Ensino Médio, sendo ministrada durante os três anos nos quais se desenvolve esse nível de escolaridade. No Ensino Fundamental, os conhecimentos Químicos são explorados de maneira mais específica como uma das duas partes que compõem a disciplina de Ciências do nono ano (LIMA; LEITE, 2012). O que se observa em ambos os níveis de ensino é uma completa falta de interesse dos estudantes pelos conteúdos explorados na disciplina. Além disso, eles adquirirem uma imagem completamente distorcida sobre a mesma, chegando ao ponto de considerá-la não fazer parte de seu cotidiano (CARVALHO, 2010). Muitos estudiosos, debatedores e os próprios profissionais do Ensino têm discutido e apontado os inúmeros fatores que impedem a melhoria da prática educativa no Ensino de Ciências no Brasil. É consenso que os principais fatores são: os baixos salários dos professores, o pouco tempo disponível para preparar as aulas, a carência de material didático apropriado e as condições de trabalho (DELIZOICOV, 2011). Dificilmente se ouve falar em fatores ligados à falta de uma contextualização dos conteúdos, ao fato de o desenvolvimento da disciplina se basear apenas em teorias, à inexistência de aulas experimentais, à falta de uma formação adequada dos professores e até mesmo à insegurança dos mesmos ao repassar os conteúdos aos alunos (ZALESKI, 2009; GERALDO, 2009). O objetivo deste trabalho foi discutir a situação do Ensino de Ciências/Química desenvolvido no nono ano das escolas de Ensino Fundamental, fazendo uma reflexão sobre a visão que alguns pesquisadores apresentam sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos da última série desse nível de ensino no aprendizado dos conteúdos da disciplina.

MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia dessa pesquisa caracteriza-se pela proposta de discutir e avaliar as características essenciais relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Ciências do nono ano do Ensino Fundamental. Sendo assim, de acordo com os critérios ditados por Salomon (2004), esta pesquisa foi composta de três fases: A primeira fase foi a da preparação, compreendendo a identificação, localização, fichamento e obtenção das informações. A segunda fase foi a de realização, a qual aborda a realização do fichamento dos documentos localizados e obtidos que, após o procedimento da leitura, foram selecionados definitivamente para a elaboração da redação do trabalho científico. A terceira fase, conhecida como comunicação, deu-se a redação do trabalho científico por meio do produto científico já determinado de acordo com os propósitos da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo Carvalho (2010), em contraposição às recomendações dos PCN, a metodologia do Ensino de Ciências na Educação Básica ainda é permeada pelo tradicionalismo, destacando-se as técnicas de memorização de regras, fórmulas, nomes e estruturas, além de apresentar esses conteúdos completamente distanciados do cotidiano dos alunos. Para Delizoicov et al. (2011), essa prática tem caracterizado as Ciências como quase que exclusivamente teórica, quando se sabe que sua natureza é essencialmente experimental. Isso tem gerado sentimentos de desmotivação e desinteresse por parte dos estudantes. Do ponto de vista de Geraldo (2009), podemos afirmar que o Ensino de Ciências desenvolvido na maioria das escolas brasileiras está baseado no processo simples de transmissão de informações, de conceitos e de leis isoladas, não apresentando nenhuma relação com o cotidiano dos estudantes. Fracalanza et al. (1986) resumem claramente como ocorre esse processo tradicional em sala de aula: a metodologia de ensino é diretiva, centrada no professor, baseada principalmente em exposições (orais ou visuais) e demonstrações, visando assegurar fundamentalmente a memorização das informações por parte dos alunos. Já para Lima e Leite (2012), as maiores dificuldades no aprendizado se manifestam principalmente na leitura e na escrita. Em geral, os estudantes não conseguem compreender o que leem e não têm capacidade de produzir um texto simples e inteligível. Outra deficiência apontada é a grande dificuldade que eles têm em realizar cálculos matemáticos simples e fundamentais. Cachapuz et al. (2011) afirmam que, para uma renovação no Ensino de Ciências, faz-se necessária uma renovação epistemológica dos professores, acompanhada por uma renovação didática-metodológica de suas aulas.

CONCLUSÕES: O Ensino das Ciências envolve peculiaridades que perpassam o desenvolvimento de um modo especializado de transmissão de conhecimentos que não são do domínio público, resultando em questionamentos sobre sua relevância para o processo educativo. Assim, dentre as deficiências mais preocupantes do Ensino de Ciências desenvolvido no Brasil, salientamos a adoção de objetivos que o tornam irrelevante para os alunos, a aceitação tácita de um modelo de processo de ensino e aprendizagem inapropriado e um desconhecimento completo por parte do professor da vida e do cotidiano do seu aluno.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CACHAPUZ, A.; GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A. M. P.; PRAIA, J.; VILCHES, A. 2011. 3ª ed. A necessária renovação do ensino de ciências. São Paulo: Cortez. CARVALHO, A. M. P. (Org). 2010. Ensino de ciências: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Cengage Learning. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. 2011. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011. FRACALANZA, H; AMARAL, I. A.; GOUVEIA, M. S. F. 1986. O ensino de Ciências no primeiro grau. São Paulo, Brasil: Atual. GERALDO, A. C. H. 2009. Didática de ciências naturais na perspectiva histórico-crítica. Campinas: Autores Associados. LIMA, J. O. G.; LEITE, L. R. 2012. O processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Química: o caso das escolas do ensino médio de Crateús/Ceará/Brasil. Revista Electrónica de Investigación en Educación en Ciencias, 7: 72-85. SALOMON, D. V. 2004. Como fazer uma monografia. 11ª ed. São Paulo: Martins Fontes. ZALESKI, T. 2009. Fundamentos históricos do ensino de ciências. Curitiba: Ibpex.