11º Simpósio Brasileiro de Educação Química
Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7

TÍTULO: Química Verde: uma abordagem sobre a formação ambiental do licenciado.

AUTORES: Aquino, T.P.B. (UFPI) ; Moraes, M.I. (UFPI) ; Paiva, G.M.S. (UFPI) ; Silva, D.M.L.C. (UFPI) ; da Silva, L.K.R. (UESPI) ; Araújo, M.M. (UFPI)

RESUMO: Depois de mais de vinte anos do surgimento da Química Verde essa temática ainda é observada de forma pouco significativa em currículos de graduação em química. A partir dessa preocupação foi feita uma investigação da abordagem da Química Verde no curso de Licenciatura Plena em Química, na modalidade à distância, da Universidade Federal do Piauí – UFPI, polo de Piracuruca-PI, onde foi analisada a matriz curricular do curso, o plano de curso da disciplina ambiental, o material didático, o material extra disponibilizado ao aluno e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Observou-se que a Química Verde é apenas mencionada na disciplina de Química e Educação Ambiental, priorizando somente os conceitos básicos, sem relacioná-los com a prática de ensino e/ou pesquisa.

PALAVRAS CHAVES: Química Verde; currículos de graduação; formação profissional

INTRODUÇÃO: A aplicação de processos e métodos químicos na indústria podem muitas vezes, ser responsáveis por impactos ambientais sérios. Diante dessa realidade em 1991 surge nos Estados Unidos a ideia de Química Verde ou Química Sustentável, que de acordo com Lenardão (2003) pode ser definida como: “desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente”. Desde então esse conceito vem sendo divulgado e discutido em diversos eventos internacionais sobre meio ambiente. (Moradillo, 2004) Passados mais de vinte anos do surgimento da Química Verde espera-se que os profissionais da química e principalmente os licenciados conheçam e implementem os princípios da Química Verde em sua prática profissional, mas para isso é necessária uma formação sólida a respeito do tema. No entanto, o que se observa é que ainda são poucas as instituições que oferecem a Química Verde como disciplina e quando oferecem geralmente são disciplinas eletivas e não- obrigatórias.(Andraos, 2012) Assim, vê-se a necessidade de investigar como a Química verde está sendo abordada em cursos de graduação a fim de discutir sobre a formação do profissional no tocante à prática da química de acordo com os princípios verdes. A partir desse contexto, foi feita uma investigação da abordagem da Química Verde no curso de Licenciatura Plena em Química, na modalidade à distância, da UFPI, polo de Piracuruca, onde foi feita a análise de matriz curricular, plano de disciplina, material didático, material extra disponibilizado ao aluno e Ambiente Virtual de Aprendizagem(AVA) da disciplina da Química e Educação Ambiental, que continha vinte e quatro alunos matriculados.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi feita a investigação da abordagem da Química Verde em um curso de Licenciatura Plena em Química na modalidade à Distância, por meio de uma análise documental e visita ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Inicialmente foi consultada a Matriz curricular do curso disponível na Proposta de Implementação do Curso datada de 2006, a fim de buscar as disciplinas relacionadas à temática Ambiental. Posteriormente foi consultado o plano de disciplina do Curso de Química e Educação Ambiental, o material didático elaborado pelo professor da disciplina e as atividades propostas no ambiente virtual na busca por tópicos que se relacionassem à Química Verde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao buscar disciplinas relacionadas ao tema ambiental foi encontrada apenas a disciplina teórica: Química e Educação Ambiental, que corresponde a dois créditos e 30h do currículo.Observa-se a partir disso que, em um curso que integraliza 3200h de atividades curriculares e complementares, menos de 1% das horas é destinada à temática ambiental, o que demonstra uma abordagem superficial da questão ambiental para a formação de um profissional que atuará no processo educacional de uma das áreas mais modificadoras do meio ambiente como a Química.Ao analisar o Plano de Curso da disciplina não se pôde identificar a abordagem da química verde através dos tópicos mencionados como conteúdos programáticos.Buscou-se ainda o material didático elaborado pelo professor da disciplina, onde foi localizado no capítulo um do livro, no tópico Educação em Química e Meio Ambiente, um parágrafo sobre química verde e a indicação de um endereço eletrônico referente ao artigo: Química Verde, os desafios da Química do Novo Milênio, publicado em 2003 na revista Química Nova.Ainda no material didático são feitos dois questionamentos:O que é Química verde e quais os seus princípios?.Na investigação do ambiente virtual da disciplina foi identificado um fórum de discussão sobre Química verde com a seguinte proposição: Descreva a relação de importância da química verde com a química ambiental. Diante de uma abordagem centralizada apenas nos princípios básicos da Química Verde o discente pode até confundir Química Ambiental e Química Verde, o que é muito comum.(ANDRAOS, 2012.) Ao conhecer a Química Verde de forma sólida o licenciado pode introduzir esses conceitos em sala de aula, relacionando-os com outros conteúdos, acrescentando informações para os conteúdos tradicionais da química.

CONCLUSÕES: Por tudo que foi exposto observa-se que a abordagem da Química Verde em cursos de Licenciatura em Química consiste, muitas vezes apenas em mostrar o conceito e seus princípios da Química Verde, mas não estimulam a inserção desse conhecimento na prática, tão pouco o desenvolvimento de novos métodos verdes. Uma proposta interdisciplinar onde a Química Verde seja discutida em várias disciplinas da graduação, como Química Orgânica ou Analítica, estimula o discente a pesquisar e desenvolver processos condizentes com os princípios da Química Verde e tem um impacto formador mais eficaz.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRAOS, J.; DICKS, P. A. Green teaching in high education: a review of effective practices. Chemistry Education Research and Pratice. v. 13, p.69 – 79, 2012.
LENARDÃO, E. J. FREITAG, R. A. et al.”Green Chemistry” – Os 12 princípios da Química Verde e sua Inserção nas atividades de Ensino e Pesquisa. Química Nova. v.26, n. 1, p.123 – 129, 2003.
MORADILLO, E. F.; OKI, M. C. M. Educação Ambiental na Universidade: construindo possibilidades. Química Nova. v. 27, n. 2, p.332 – 336, 2004.