11º Simpósio Brasileiro de Educação Química
Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7

TÍTULO: DIFICULDADES NA LEITURA DE TEXTOS CIENTÍFICOS: UM ENTRAVE PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM QUÍMICA.

AUTORES: Freitas, A.M.L. (UEPA) ; Moura, S.R. (UEPA) ; Ramos, G.C. (UEPA) ; Silva, A.D.L. (UEPA)

RESUMO: Na sociedade atual, o ato da leitura configura-se como instrumento primordial para obtenção de novos conhecimentos. Baseado na importância da habilidade da leitura para o melhor aproveitamento na aprendizagem de Química no Ensino Médio, desenvolvemos essa pesquisa com os alunos da Escola Estadual Nicolau Neres da Silva do município de Irituia – Pará, com o objetivo de identificar como está o nível de leitura dos alunos do 1º ano e analisamos também como esse desnível de poder de leitura influencia na aprendizagem de Química. Foi evidenciado que a maioria dos alunos possuem problemas com a leitura de textos científicos e, portanto, apesar de estarem em um nível de ensino ao qual, deve-se ter domínio da leitura e escrita, isso não constitui na prática, prejudicando a aprendizagem de química

PALAVRAS CHAVES: Leitura; Ensino Médio; aprendizagem de Química

INTRODUÇÃO: Ler vai além do que apenas reconhecimento de símbolos, sua função é de ampliar horizontes. “a leitura é um processo criativo, ativo, no qual o indivíduo joga todo o seu conhecimento anterior para, colhendo novas informações e/ou novos enfoques ou visões do mundo, reestruturar sua própria cosmovisão”. (SCLIAR-CABRAL, 1992, p. 192). Para ler “necessitamos, simultaneamente, manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar ao texto nossos objetivos, idéias e experiências prévias;” (SOLÉ, 1998, p. 23). Na sociedade atual, o ato de ler, se tornou muito mais do que apenas uma forma de comunicação, mas um fator essencial para o desenvolvimento individual e social, pois todas as fontes de informação, consideradas como válidas e científicas, estão inseridas na forma escrita, e para a aquisição desses conhecimentos faz-se necessário uma boa capacidade de leitura. No Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, pressupõe-se que os alunos cheguem com uma capacidade de leitura que possibilite a compreensão de textos científicos utilizados nos livros didáticos, tais como os de química, e que esta capacidade de leitura seja condizente com o nível em andamento, pois o PCN de Língua Portuguesa do terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental enfatiza que “espera-se que o aluno (...) leia, de maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenha construído familiaridade: selecionando procedimentos de leitura adequados a diferentes objetivos e interesses, e a características do gênero e suporte”.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi constituída por um universo de 30 alunos do 1º ano do Ensino Médio do turno da noite na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Nicolau Neres da Silva, no município de Irituia, estado do Pará, no mês de abril de 2013. O professor de química da referida escola, através da técnica cloze (LEFFA, 1996), propôs a leitura de textos de contextualização temática do livro didático de química “Ser Protagonista Química” (LISBOA, 2011), onde cada aluno lia parágrafos do texto para toda a turma ouvir. Foram aplicados também formulários com problemas, envolvendo situações-problemas de Química, onde não era necessário o cálculo em si, mas um raciocínio básico do texto apresentado na questão e as respostas estavam no próprio texto, necessitando apenas que os alunos lessem respeitando a pontuação e fizessem a correta interpretação. Aplicou-se também uma entrevista focalizada (GIL, 1999), para que os alunos verbalizassem quais as dificuldades que eles possuem para aprender química.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi verificado que, apesar dos alunos estarem em um nível, ao qual se pressupõe que os mesmos possuem um domínio da leitura e escrita, no entanto, os alunos não apresentaram tal domínio. Do total de alunos submetidos à pesquisa, 80% não leram de forma a respeitar as pontuações do texto e consequentemente não compreenderam o que foi lido. 13% leram de forma condizente com o nível de ensino e 7% se recusaram a ler. No formulário aplicado, 63% não conseguiram identificar que a resposta estava no próprio texto e que não precisava fazer nenhum cálculo. Na entrevista, os alunos justificaram que conseguiam entender a explicação do professor e achavam fácil quando resolvido no quadro, porém não conseguiam responder os problemas sozinhos, porque não identificavam o que era exigido.

CONCLUSÕES: Com base nos resultados da pesquisa, conclui-se que um dos grandes entraves para um bom entendimento e resolução de problemas de Química está no desnível de leitura associado ao nível de ensino em curso, configurando assim, um quadro dificultoso para o ensino-aprendizagem, não por sua complexidade de entendimento, mas pela falta de subsidio linguístico/ortográfico, o qual deveria ser obtido em séries anteriores. Desta forma, é de extrema importância que se dê uma maior ênfase na prática da leitura em sala de aula e fora dela, instigando assim o aluno a melhorar a habilidade de leitura.

AGRADECIMENTOS: A Deus, aos alunos da Escola Nicolau Neres da Silva, e aos colegas do Curso de Pós-graduação em Docência Universitária – UEPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – Terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: Introdução e Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LISBOA, J. C. F. Ser protagonista Química. 1ª. ed. São Paulo: SM, 2011. (Volume 1).
LEFFA, Wilson. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolinguística. Porto Alegre: Sagra-luzzatto. 1996.
SCLIAR-CABRAL, L. Critérios para análise de cartilhas: uma abordagem psicolingüística. In: CLEMENTE, E. & KIRST, M. H. (orgs). Linguística aplicada ao ensino de português. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1992, p.127-143.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura.6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.