11º Simpósio Brasileiro de Educação Química
Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7

TÍTULO: A Química Forense aplicada ao estudo de Química no Ensino Médio

AUTORES: Monteiro, A.C. (UFRJ) ; Freitas, L.C. (UFRJ) ; Brandão, J. (SEEDUC/RJ) ; Mendes da Silva, J.F. (UFRJ) ; Oliveira Guerra, A.C. (UFRJ)

RESUMO: De acordo com o momento sensível que o Brasil vive em relação às drogas, a exemplo da internação compulsória em clínicas de reabilitação de moradores de rua usuários de drogas (crack) que foi realizada na Cidade do Rio de Janeiro no início do ano de 2013, e com a finalidade de atender à necessidade de informação destinada aos jovens, foi realizado durante aulas de química, em três turmas de 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Stella Matutina, localizado em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, um trabalho sobre métodos de separação de misturas relacionados às drogas, crimes praticados por usuários e análise forense.

PALAVRAS CHAVES: CTSA; Química Forense; Ensino de Química

INTRODUÇÃO: O interesse dos alunos pelas histórias de crime é evidente. A tradição de Sherlock Holmes é trazida aos dias atuais, por exemplo, com o popular seriado americano CSI: Crime Scene Investigation. Como os seriados americanos são assistidos internacionalmente, sendo os de natureza investigativa uma das preferências dos jovens, é interessante apresentar aos alunos do Ensino Médio um "quê" de ciência mostrado nos episódios. Assim, o professor de Química pode se utilizar das cenas para trabalhar conteúdos de química e como artifício para desfazer a imagem negativa que os alunos têm sobre a disciplina. É possível introduzir diversos conteúdos de química fazendo conexão com a Química Forense. Os exemplos e as figuras, ancorados neste campo da Química, levam o aluno a imaginar-se em meio a uma investigação como um verdadeiro cientista. Ao aproximar o aluno do perito químico, o professor incita-o a descobrir novos saberes, construir ideias interessantes sobre as definições abordadas e suas aplicações. Ao longo das explanações do professor durante as aulas, o aluno vai descobrindo e saboreando o prazer de cada descoberta e realizando sua própria conexão, exercitando um raciocínio verdadeiramente científico. Segundo Farias (2005), ensinar significa torna-los aptos a entender as implicações que a produção e uso das diferentes substâncias químicas têm em nossas vidas. Entendendo que se faz necessário um ensino mais contextualizado entre os jovens, correlacionando os conteúdos de química com o cotidiano dos alunos para termos a formação de um cidadão com senso crítico, foi realizado no Colégio Estadual Stella Matutina, localizado em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, um trabalho sobre métodos de separação de misturas relacionados à drogas, crimes praticados por usuários e análise forense.

MATERIAL E MÉTODOS: No primeiro momento da aula (35 minutos), foi realizada uma apresentação de slides contendo a descrição de alguns métodos de separação de misturas: filtração, decantação e destilação simples. Durante a apresentação, os processos também foram demonstrados experimentalmente. No segundo momento de aula (duração de 35 minutos), o conteúdo foi relacionado à análise forense, abordando alterações cerebrais causadas por cocaína/crack, baseadas na dependência e comportamentos que trazem prazer; ação da cocaína no cérebro; padrão de uso da droga: tudo ou nada; dependência química. Após a introdução, estabeleceu-se a relação entre os usuários de drogas e os crimes por eles praticados, em virtude da razão afetada e necessidade de manter o vício. Utilizando-se de imagens de seriado internacional de investigação criminal como material didático, introduziu-se a questão das evidências e análises. Simulou-se a separação de um material contendo cocaína (sal de cozinha) e areia e após essa demonstração, os alunos foram desafiados a descobrir como separariam sangue, sêmen, uísque e crack, caso estivessem atuando como peritos químicos na análise de um crime.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Citar os processos de separação de misturas utilizando esse cenário teve o objetivo não só de introduzir o conteúdo, mas alertar o aluno sobre o uso de drogas e a dependência, especialmente da cocaína. A abordagem das drogas como tema inicial, passando pelos crimes praticados pelos usuários de drogas, culminou na aplicação da Química Forense à resolução de crimes. Com isso, a atenção dos alunos voltou-se completamente para a explicação, que teve bom êxito na ocasião da realização de experiências demonstrativas de separação de misturas obtidas como evidências em crimes. Uma das turmas ficou tão interessada que propôs aumentar o número de componentes da mistura que, no final, teve a adição de pedaços de unha e fios de cabelo. As respostas para a atividade apresentada foram entregues duas semanas após a proposta. Os materiais citados na atividade apresentam características peculiares e, portanto, não esperávamos dos alunos uma análise pericial do material. A finalidade da atividade era, sobretudo, a investigação e a pesquisa que seria um caminho para que eles relacionassem as características dos materiais da mistura com os processos de separação estudados. Muitos estudantes não alcançaram a ideia e ressaltaram apenas as características dos materiais, resultado que não surpreendeu, visto que, a maioria tem uma herança escolar muito frágil nesse sentido. No entanto, alguns apresentaram um bom entendimento da proposta sugerindo, por exemplo: separar a unha e o fio de cabelo por catação, usando uma pinça; separar o crack por filtração, já que é um sólido; separar sêmen, sangue e uísque usando um funil de separação ou ainda, pelas características da bebida alcoólica, alguns sugeriram a destilação e ainda outros, citaram a centrifugação para separar os componentes do sangue.

CONCLUSÕES: Percebemos que a abordagem inerente à vivência do aluno facilita o aprendizado. Contextualizar um tema que requer tantos esclarecimentos, como drogas, com o conteúdo de química é uma das formas de brindar a possibilidade de interdisciplinaridade. Além disso, pudemos perceber que o ensino contextualizado gera grande motivação dos alunos. Sua participação foi bastante significativa, pois o tema propôs uma série de curiosidades e questionamentos. Os discentes observaram que a análise química é fundamental na averiguação de fatos e tem sempre o objetivo de contribuir para a promoção da justiça.

AGRADECIMENTOS: Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, da CAPES-Brasil; CE Stella Matutina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FARIAS, Robson F. de. Química, Ensino & Cidadania, pequeno manual de prática de ensino. 2° São Paulo: Edições Inteligentes, 2005.

PARÂMETROS Curriculares Nacionais (PCN) – Ensino Médio; Ministério da Educação, p93, 1999.