Autores

Silva, M.M. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Falcão, A.P.S.T. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Filha, A.A.T. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Silva, D.F. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Freire, M.S. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Silva, G.O. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA) ; Dantas, O.C.D.B. (IFPE - CAMPUS VITÓRIA)

Resumo

Os fenômenos físico-químicos que ocorrem no preparo dos alimentos, inclusive no preparo do pão podem servir de contexto para o ensino das transformações químicas envolvidas no processo de panificação. Neste trabalho os fenômenos químicos no preparo do pão é o caminho para se ensinar química, utilizando-se de espaço não convencional de ensino, a cozinha. A presente pesquisa é resultado de um minicurso desenvolvido por licenciandos do 2º Período de química através da disciplina de prática profissional II, objetivando a relação da química com situações cotidianas e a identificação de novas metodologias. Participaram como sujeitos 25 discentes ambos do Ensino Médio e do Ensino Superior inscritos no minicurso ,onde foi vivenciada a preparação do pão e observações acerca dos fenômenos ocorridos.

Palavras chaves

Ensino de química;; contextualização;; cozinha;

Introdução

Diante da complexidade do mundo atual, faz-se necessária uma grande mudança na maneira como lidamos com o conteúdo escolar. A aprendizagem memorística tornou- se obsoleta, não dando conta de explicar o mundo no qual vivemos. Investigação e questionamento podem favorecer o senso crítico e o espírito criativo (DEMO, 2000). A química é considerada por muitos, como sendo uma disciplina de difícil aprendizagem e cheia de cálculos e fórmulas para decorar, contudo um ensino contextualizado e meios diferentes dos locais convencionais de ensino, pode dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que o aluno relacione o conteúdo da disciplina vista em sala de aula com fenômenos que ocorrem em seu cotidiano, facilitando a aprendizagem e tornando o conhecimento significativo, pois o aluno passa a entender o porque necessita aprender aquele conteúdo, e onde ele é aplicado. Segundo Venquiaruto et al. (2011) a ciência deve ser ensinada na escola não penas com o intuito de formar cientistas, mas também com o propósito de formar cidadãos capazes de exercer seus direitos, buscando sempre trazer o conteúdo para a realidade do aluno. Freitas et al. (2010) destaca que para a realização de uma atividade de Química não é necessário materiais muito dispendiosos, pois através de práticas simples é possível tratar de conceitos químicos relevantes. E nesta perspectiva, o ensino de ciências em espaços não-formais, tende a fazer uma inclusão científica de pessoas e concomitantemente, levá-las ao aprendizado de conceitos científicos que estão atrelados ao seu cotidiano (PORTO ET AL., 2010). Assim diante do exposto a pesquisa teve como objetivo relacionar a química com situações cotidianas dos discentes e assim como identificar novas metodologias de ensino para os docentes.

Material e métodos

A pesquisa desenvolvida é de natureza qualitativa, de campo do tipo descritiva, na qual a ênfase recai sobre o processo e não sobre o produto (BOGDAN; BICKLEN, 1982). A abordagem visa compreender o significado que os acontecimentos têm para os indivíduos, em situações particulares (SILVA; GOBBI; SIMÃO; 2005). Participaram como sujeitos 25 discentes ambos do Ensino Médio e do Ensino Superior lotados no IFPE-Campus Vitória. Utilizou a cozinha para o desenvolvimento do minicurso oferecido na Semana de Educação, Ciência e Tecnologia do Campus Vitória. Neste utilizamos observações através de perguntas lançadas que serviu como instrumento para coleta dos dados. Os dados foram analisados através da análise do conteúdo categorial.

Resultado e discussão

O estudo realizado de Química teve início com questões chaves: o que faz o pão crescer? Como ele cresce? Existe pão sem Química? Os alunos tiveram a chance de manifestar suas opiniões a respeito, e escrevê-las. Os alunos não só responderam perguntas como também formularam questões durante o estudo, possibilitando aos envolvidos encontrarem respostas, reformulando suas próprias opiniões. Através da pesquisa realizada percebeu-se que grande parte dos discentes não se interessa pela disciplina, porque na maioria das vezes a mesma é transmitida apenas por meios de cálculos e formulas o que a torna desgastante e Chata. Identificou-se ainda que cerca de 60% dos 25 alunos participantes não conseguem expressar a relação da química com o cotidiano. Porém se o docente adotar como metodologia a contextualização, poderia ser um meio de fazer com que os alunos percebam sentido no que estão estudando, levando-os a notar que o objeto do seu estudo faz parte de um contexto, que não existe por si só, mas que dentro do meio onde está inserido tem significado. Assim, faz- se necessária uma ênfase maior nos questionamentos da sociedade, dos problemas, das limitações e, principalmente, das implicações da atividade científico. Para o ensino de química preparar alimentos é uma maneira, ou melhor, são várias maneiras de produzir mudanças químicas e estruturais. As transformações químicas e físicas que ocorrem nos alimentos durante o preparo dependem da fonte de energia, da temperatura, do tempo, da umidade, do método de preparo (cozimento, fritura, assado, banho-maria, etc.) e do processo (enzimático ou não) (CARVALHO e OKUMA, 2004). Além disso, as mudanças que ocorrem com os alimentos são uma oportunidade de articular os níveis macroscópico e microscópico do conhecimento químico.

Conclusões

Com o estudo realizado percebeu-se que a maioria dos docentes possuem metodologias as quais não favorecem a assimilação do ensino de química com o cotidiano e mesmo sabendo que a experimentação no ensino de química está frequentemente ligada à comprovações de teorias e a demonstrações isoladas os mesmo não dão aos discentes uma visão ampla de como esta ciência atua. Além de mostrar claramente que a Química está presente em nosso cotidiano é preciso que o docente não se limite apenas aos laboratórios convencionais, ampliando assim as possibilidades de ensino e aprendizagem.

Agradecimentos

Agradeço aos participantes do estudo,a minha orientadora Profa. Dra. Ana Patrícia Falcão e ao IFPE - Campus Vitória.

Referências

C. R. Slva; B. C. Gobbi,; A. A. Simão. O uso da análise de conteúdo como uma ferramenta para a
pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organ. rurais agroind., Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-
81, 2005.


COELHO, Flávia dos Santos, TRISTÃO, Juliana Cristina, QUADRO, Ana Luiza, GIL, Rossimiriam Pereira de Freitas. Cozinhando com química: o pão-nosso-de-cada-dia. Encontro nacional de pesquisa em educação em ciências. Florianópolis, 2010.


P. Demo. Educar pela Pesquisa, 4 ed. Campinas. Autores Associados, 2000.


PORTO, Maria das Graças Cleophas; PEREIRA, Jocilene Gordiano Lima Tomaz; MOTA, Glauber Cavalcante; MOTA, Vanessa Alencar; RIBEIRO, Jéssika de Sousa , REIS, Carla Regina Martins; PAIVA, Jacyra de Araújo. O ensino de química e física em espaços não-formais, 2010.


R. Bogdan; S.K. Biklen. Qualitative Research for Education, Boston. Allyn an Bacon, Inc.


VENQUIARUTO, Luciana D. ; DALLAGO, Rogério M. ; VANZETO, Jenifer e PINO, José Claudio. Saberes populares, pão, cinética química, densidade. Química nova na escola, v. 33, n. 3, 2011, p. 137-141.