Autores

Santos, A. (IFMA)

Resumo

Esta pesquisa foi elaborada a partir da necessidade em desenvolver mecanismos que facilitem a apropriação dos conhecimentos químicos sobre estados físicos da matéria, através de uma ação pedagógica significativa e diferenciada: a utilização da Língua Brasileira de Sinais – a Libras. Buscou-se então, elaborar uma proposta de educação que atendesse às expectativas dos alunos quanto ao processo de aprendizagem, construindo aulas dinamizadoras, enriquecedoras, socializadoras e contextualizadas, recriando assim o espaço de sala de aula. A perspectiva, é de oferecer subsídios didáticos no sentido de ampliar o desenvolvimento cognitivo dos alunos ouvintes na área de química além de estimular o contato e a percepção da natureza partindo da língua de sinais enquanto instrumento de facilitação.

Palavras chaves

Ensino de química; Libras; Instrumento de aprendizag

Introdução

A escola é um lugar que oportuniza, ou deveria possibilitar as pessoas à convivência com seus semelhantes (socialização) não estabelecendo para isso padrões sendo, portanto, uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, e valores) desenvolvendo nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. Diante desta situação, utilizar a Libras enquanto suporte pedagógico representa muito mais do que só incluir, a língua de sinais pode gerar também conhecimentos diversos, desde que bem estruturada a uma área do saber a sua utilização pode fornecer subsídios suficientes para uma aula agradável, dinâmica e bem produtiva. A disciplina química tem sido retratada como uma disciplina de difícil compreensão, isto tem acontecido devido a inúmeros fatores, dentre os quais podemos destacar: a qualificação inadequada, tanto de profissionais como de escolas e a ausência de contextualização do conhecimento. No intuito de mudar este panorama e de vislumbrar uma nova “cara” para o ensino de química, percebeu-se a necessidade de intervir no processo ensino-aprendizagem utilizando a língua de sinais. Nesse contexto, buscou-se, nessa pesquisa, enfatizar a importância da Libras para alunos ouvintes na compreensão do ensino de química no colégio CEFRAN, que desde 2007 inseriu na parte diversificada do seu currículo escolar, a disciplina Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Material e métodos

O projeto teve como tema gerador os estados físicos da matéria. Para o desenvolvimento da aula utilizou-se como recurso didático o data show, que permitiram a visualização dos temas trabalhados em Libras, bem como a sinalização utilizada na aula. A sinalização foi previamente utilizada pelo professor de Libras e repassada por diversas vezes ao aluno até que o mesmo obtivesse boa assimilação e perfeita execução dos movimentos. No momento inicial foram repassados os sinais dos estados físicos da matéria. A abordagem teórica foi desenvolvida pelo professor de Química na linguagem oral e/ou escrita utilizando alguns recursos para melhor assimilação como: projetor de imagens, além da utilização do quadro branco e pilotos; enquanto que a abordagem prática foi desenvolvida pelo professor de Libras utilizando como recursos como: a datilologia e/ou sinalização. A fácil assimilação dos sinais oportunizaram uma melhor aprofundamento no ensino de química, já que esses conceitos estavam atrelados à sinalização. Para avaliar esse rendimento, bem como a intervenção da Libras como um instrumento de fortalecimento do processo ensino-aprendizagem, os alunos receberam um questionário diagnóstico logo depois das aulas. Inicialmente trabalharam-se os conceitos básicos como definição e a sua representação por sinais. Lembrando que nem todos os estados físicos e mudanças tinham sinais característicos, para suprir tal necessidade adotaram-se sinais similares ou recorreu-se a datilologia. Os alunos participavam da aula utilizando seus próprios conhecimentos em Libras. Após o término da apresentação da aula os alunos foram então submetidos a um questionário.

Resultado e discussão

No gráfico 1 os entrevistados avaliaram se a Libras, como instrumento de ensino, facilitou a aprendizagem de Química, permitindo-lhes uma maior compreensão da natureza que o cerca, além de aproximá-los de uma significação mais interferente e participativa. Nessa análise os alunos explicitaram que a língua de sinais traz vantagens sobre as demais disciplinas, isto porque, a aquisição desse conhecimento acontece sempre de maneira socializadora, onde todos os participantes acabam desenvolvendo uma comunicação mais eficiente e onde a aprendizagem de outras áreas do ensino acaba sendo facilitada. A compreensão dos fenômenos naturais tem sido facilitada quando se utilizam instrumentos que aproximam o conteúdo à realidade do aluno. É o que aponta o gráfico 2. Em questão, procurou-se abordar a língua de sinais como instrumento de aprendizagem significativa. A comunicação utilizando a sinalização em Libras, segundo a avaliação, propiciou uma interatividade e uma rápida investigação da natureza que nos cerca, conjecturando com os Parâmetros Curriculares Nacionais que vislumbram que a interpretação do mundo através das ferramentas da Química, é essencial que se explicite seu caráter dinâmico. Assim, o conhecimento químico não deve ser entendido como um conjunto de conhecimentos isolados, prontos e acabados, mas sim uma construção da mente humana, em contínua mudança. A comunicação utilizando a sinalização em Libras, segundo a avaliação, propiciou uma interatividade e uma rápida investigação da natureza que nos cerca, corroborando com os Parâmetros Curriculares Nacionais que vislumbram que a interpretação do mundo através das ferramentas da Química, é essencial que se explicite seu caráter dinâmico.

Gráfico 1

Nível de aprendizagem em Química utilizando a Libras enquanto instrumento de ensino

Gráfico 2

Análise da Libras como instrumento na compreensão de fenômenos naturais

Conclusões

A língua de sinais para os alunos ouvintes do CEFRAN tornou-se um importante instrumento de aprendizagem além de uma importante ferramenta para a ação pedagógica do professor. Quanto ao conteúdo, a Libras permitiu ao aluno uma gama de sinais que ampliaram o universo do tema trabalhado tornando a aula mais rica e produtiva. A assimilação ocorreu de maneira socializadora promovendo uma abordagem clara de como os estados físicos acontecem no dia a dia.A Química quando trabalhada de forma mais dinâmica e participativa o ensino passa a ser mais efetivo, ganhando uma compreensão real.

Agradecimentos

Ao Centro Educacional São Francisco de Assis – CEFRAN.

Referências

BERNADELLI, Marlize Spagolla. Encantar para ensinar Um procedimento alternativo para o ensino de Química. In: Convenção Brasil Latino América, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais. Foz do Iguaçu. Anais Centro Reichiano, 2004.

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