Autores

Lins, F.F.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Feitosa, E.M.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; dos Santos, J.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)

Resumo

A falta de interesse dos alunos pelos conteúdos de química tem origem em diversos fatores como aulas expositivas com conteúdos desconectados com sua realidade. Assim, este trabalho objetivou averiguar a importância da aula de campo como ferramenta de aprendizagem, usando como tema os números ONU indicados nos caminhões de transporte de produtos químicos. O trabalho foi dividido em três etapas: aula de campo para coleta de dados, pesquisa bibliográfica e avaliação da metodologia através de questionário. Nas respostas ao questionário os alunos avaliaram que a aula de campo contribuiu para estimular a aprendizagem, pois estimulou a pesquisa de um assunto de seu cotidiano. A aula de campo é uma metodologia que, se bem utilizada, se torna uma ferramenta útil no processo de aprendizagem.

Palavras chaves

aula de campo; números ONU; ensino de química

Introdução

O município de Umirim no Ceará possui um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH 0,578) (CEARÁ, 2011). O município tem sua sede localizada às margens da BR-222, sobre a qual os alunos observam todos os dias a passagem de uma grande quantidade de caminhões que transportam diversos tipos de materiais entre eles, produtos químicos. Estes caminhões trazem na carroceria códigos e símbolos que indicam o tipo de produto transportado, como o número ONU (número das nações unidas). O número ONU (UN Number ou código da ONU) existe somente para substâncias perigosas que sejam consideradas inflamáveis, explosivas ou tóxicas e visa basicamente à segurança no seu transporte. Cada número ONU corresponde a uma substância diferente que a identifica internacionalmente como a gasolina cujo número ONU é 1203(Brasil, 2010) Desejando aproveitar como recurso didático um fato comum ao dia a dia do município, propôs-se aos alunos da ultima série do ensino médio da Escola Maria Iracema Uchoa Sales, uma aula de campo às margens da rodovia federal para coleta dos números ONU localizados na lateral ou parte trazeira dos caminhões. Os alunos ainda deviam registrar detalhes como cores e formas dos códigos e pesquisar a que substâncias corresponderiam estes códigos. Estas atividades tinham como objetivos incentivar os alunos a prática da pesquisa e avaliar a importância da aula de campo como estímulo a aprendizagem dos conteúdos de química. A aula de campo não é um método novo, mas é pouco ou nunca utilizado, principalmente quando se trata da disciplina de química. De certo modo, as aulas de campo foram uma das primeiras formas de ensino utilizada por professores da antiguidade, que tinham a sua disposição o meio ambiente, e utilizavam este meio como uma ferramenta de ensino

Material e métodos

Cerca de vinte alunos do terceiro ano da escola de Ensino Médio Maria Iracema Uchoa Sales, localizada no município de Umirim no Ceará foram convidados a participar desta pesquisa. O foi dividido em três etapas: AULA DE CAMPO Os alunos participaram de uma aula de campo às margens da BR 222 que atravessa a sede do município. Por cerca de duas horas observaram todos os caminhões de transporte de produtos químicos e coletaram dados sobre os número ONU e códigos de produtos químicos impressos nos caminhões. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Com os dados obtidos na aula de campo, os alunos realizaram pesquisa bibliográfica em sites na internet sobre os números ONU e as substâncias representadas por eles. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS Após a pesquisa, foi aplicado questionário de avaliação da atividade para se verificar a sua importância como ferramenta de aprendizagem em química.

Resultado e discussão

Analisando-se as respostas dos alunos ao questionário, observou-se que a maioria dos alunos da escola nunca tinha participado de uma aula de campo. Isso mostra que essa metodologia de ensino é muito pouco difundida nas escolas. Essa tímida inserção na prática escolar, que ocorre de forma eventual, pode ser associada a vários fatores. Muitos professores apontam entraves burocráticos e financeiros – problema presente em boa parte das escolas públicas –, além da carência de tempo para preparo e o preconceito de outros educadores para com aqueles que recorrem a atividades dessa natureza, entre outros motivos (VIVEIRO, 2006). Os alunos afirmaram que a aula de campo foi uma experiência positiva, pois esta os estimulou a estudar. Esta aula proporcionou ainda, uma forma diferente de aprender, de pesquisar, interagindo diretamente com a realidade deles. As atividades de campo constituem importante estratégia para o ensino de Ciências, uma vez que permitem explorar uma grande diversidade de conteúdos, motivam os estudantes, possibilitam o contato direto com a realidade dos alunos e a melhor compreensão dos fenômenos (VIVEIRO & DINIZ, 2009). A maioria dos alunos, por exemplo, desconhecia a codificação ONU utilizado nos caminhões de transportes de produtos químicos e por este motivo consideraram a pesquisa sobre estes números extremamente interessante e significativa para conhecer algumas substâncias químicas. A maioria dos alunos considerou que a metodologia da aula de campo contribuiu para o seu aprendizado. Uma metodologia de ensino que mostre ao aluno como é aplicado o conteúdo que ele está estudando, possibilita um aprendizado mais consistente, pois o conteúdo químico deve ser abordado de modo a ter significação social para o aluno (SANTOS & SCHNETZLER, 1996).

Conclusões

Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que a aula de campo é uma metodologia que, se bem utilizada, se torna uma ferramenta, muito útil, no processo de ensino e aprendizagem em química, pois permite a contextualização dos conteúdos estudados em sala de aula, simplificando-os, levando os alunos a terem uma melhor compreensão dos assuntos abordados. Além disso, motiva os estudantes para o estudo, dissemina a química do cotidiano, incentiva à participação dos alunos o que contribui para uma boa aprendizagem.

Agradecimentos

Aos alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Maria Iracema Uchôa Sales do município de Umirim por participarem desta pesquisa.

Referências

ALVIM, T; AMORIM, R. 2010. O sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Substâncias Químicas – GHS e a legislação brasileira de transporte de produtos perigosos; Revista ANTT; Vol 2.
CEARÁ – IPECE. Perfil Básico Municipal de Umirim, 2011 disponível em http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/perfil_basico/pbm-2011/Umirim.pdf
RODRIGUES, A.B.; OTAVIANO C.A. 2001. Guia Metodológico de Trabalho de Campo em Geografia; Geografia, Londrina,10:35-43.
SANTOS, W.L. P. dos; SCHNETZLER, R.P.1996. Função social ,O que significa ensino de química para formar o cidadão? Química Nova na Escola N° 4.
VIVEIRO, A. A. 2006. Atividades de campo no ensino das ciências: investigando concepções e práticas de um grupo de professores. 2006. 172 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru.
VIVEIRO, A. A.; DINIZ, R.E.S.2009. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Ciência em tela, 2(1).