Autores

Ximendes, M.A.M. (UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UFMA) ; Queiroz, T.L.S. (UFMA) ; Marques, P.R.B.O. (UFMA)

Resumo

Este trabalho demonstra a criação um espaço de experimentação destinado para o ensino de ciências, de forma interdisciplinar a partir da construção de experimentos relativos aos conteúdos do ensino fundamental, montados sob a ótica de situações problema de escolas públicas do município de Codó-MA. Com base nos critérios da pesquisa qualitativa, objetivou-se diagnosticar, elaborar,produzir, aplicar e avaliar materiais didáticos de experimentação em ciências naturais, visando à implantação de um espaço destinado à popularização da ciência, denominado de Experimentoteca. Os primeiros resultados demonstraram que o projeto vem contribuindo para o desenvolvimento de habilidades nos alunos, como: observação crítica, levantamento de hipóteses,questionamento e argumentação científica.

Palavras chaves

experimentação; ensino de ciências; material didático

Introdução

O ensino formal tradicionalmente tem privilegiado o acúmulo de conhecimentos eruditos em detrimento de outros campos de aprendizagem, desenhando assim raciocínios calculistas, baseados na eficiência, no rendimento e no êxito, concentrando-se em propostas compartimentadas e descontextualizas da realidade local e atual. Este modelo de aquisição de conhecimentos vem sendo rompido para aderir a uma perspectiva mais complexa, que visa formar um cidadão nas instâncias em que a cidadania se materializa, colocando o saber em diálogo com o aluno e com a realidade em que as práticas sociais se produzem. A formação do professor da área das ciências naturais tem um papel relevante na construção de uma nova sociedade do conhecimento, uma vez que facilita e apropria a comunicação específica de conceitos e questões muitas vezes definidos como racionais e técnicos, facilitando as inter-relações entre o senso comum e científico. A partir do presente contexto, propicia-se o “fazer ciência” utilizando os procedimentos próprios da ciência, tais como: observar, formular hipóteses, experimentar, registrar, sistematizar, analisar, criar, dentre outros, suscitando situações coletivas e individuais, estabelecendo um processo de troca que gera novas indagações. Assim, o presente trabalho objetivou elaborar, desenvolver, produzir e aplicar materiais didáticos de experimentação destinados à atividade de divulgação científico-pedagógica em ciências naturais, visando à implantação de um espaço inovador destinado à popularização da ciência, denominado de Experimentoteca.

Material e métodos

A metodologia do presente trabalho seguiu os critérios de pesquisa qualitativa, buscando verificar a demanda cognitiva de alunos do nível Ensino Fundamental e fomentar a estes a apropriação da linguagem cientifica em ciências naturais através da elaboração e produção de materiais didáticos contextualizados por um projeto denominado de "Experimentoteca". O presente trabalho faz alusão às atividades desenvolvidas no segundo semestre letivo do ano de 2013 na forma de um projeto de extensão aplicado por alunos do curso de Licenciatura de Ciências Naturais da Universidade Federal do Maranhão em uma escola de Ensino Fundamental da cidade de Codó – Maranhão, tendo atendido cerca de 100 alunos da escola. Pontualmente, seguiram-se as seguintes etapas: I) diagnóstico na escola; II) definição de temas: situações-problema, III) seleção de conteúdos; IV) planejamento de experimentos; V) construção de material didático; VI) aplicação; VII)Verificação da demanda cognitiva (textos construídos pelos alunos); e VIII) regulação de atividades experimentais. Os parâmetros norteadores para análise de cada conjunto de atividades desenvolvidas para acompanhamento da evolução da apropriação do conhecimento por parte dos alunos pontuaram os seguintes itens: análise do conteúdo a partir dos textos dos alunos para verificação de: conhecimento esperado a ser adquirido; discurso científico esperado a ser construído e integração interdisciplinar das ciências naturais.

Resultado e discussão

A etapa de diagnóstico revelou que a escola centra-se basicamente em aulas tradicionais pautadas na linha da transmissão-recepção do conteúdo de ciências naturais. Nesta ótica, passou-se a levantar as situações problemas a serem trabalhadas com auxílio dos professores da escola, para que se estabelecessem os temas contextualizados a serem desenvolvidos pela experimentoteca no primeiro semestre do projeto na escola. A partir desta etapa foi realizado um vasto levantamento em livros e em sites educativos, para seleção e adaptação de experimentos de ciências da natureza. Inicialmente foi proposta a construção de experimentos relativos aos conteúdos relacionados aos temas: água, solo, reciclagem e reaproveitamento, lixo e alimentação em transversalidade aos conteúdos de ciências naturais presentes no ensino fundamental. A montagem de aulas-práticas seguiu todos os critérios de planejamento de aula, pontuando-se para cada experimento um plano de trabalho, um roteiro da prática e os questionamentos iniciais para verificação das concepções prévias dos alunos. A aplicação das atividades foi efetuada, em primeira etapa, no âmbito do espaço da universidade. Os alunos de escolas públicas participaram de atividades de experimentação na forma de oficinas, sendo: pH da água com repolho roxo, terrário, infiltração do solo, filtro caseiro e comercial, tornado, bomba que não explode, extintor caseiro e coluna de espuma. A análise do conteúdo dos textos dos alunos demonstrou uma demanda cognitiva baixa em relação aos assuntos de ciências naturais, porém o entusiasmo e a vontade de aprender demonstrada pelos alunos abriu uma perspectiva de possibilidade de contribuição das práticas experimentais na construção da argumentação do conhecimento cientifico.

Conclusões

Trabalhou-se de forma contextualizada com a localidade, abordando os conteúdos lecionados em sala de aula de acordo com eixos temáticos, sem dissociação dos pilares ensino, pesquisa e extensão. O ensino de ciências na escola não apresenta relação prático-teórico, o que pode dificultar a cultura do interesse de alunos pela ciência, porém, houve a participação direta de todos os alunos envolvidos nas atividades aplicadas. O trabalho contribuiu para o desenvolvimento de habilidades nos alunos, como: observação, levantar hipóteses, questionar e argumentar a partir da ciência experimental

Agradecimentos

FAPEMA, UFMA, Escola Remi Archer e Escola René Bayma.

Referências

CARVALHO, A. M. P.; GIL-PERÉZ, D. Formação de professores de Ciências. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2003. (Coleção Questões de Nossa Época).

DEMO, P. A Nova LDB – ranços e avanços. Campinas: 1997. 160 p. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

GALIAZZI, M. C.; MORAES, R. Educação pela pesquisa como modo, tempo e espaço de qualificação de formação de professores de ciências. Ciência e Educação, Bauru, v. 8, n. 2, p.237-252, jul/dez,2002.