Autores

Vasconcelos, I.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, A.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Anjos, J.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)

Resumo

Esse trabalho consistiu da analise do conhecimento sobre Química Ambiental e Química Verde de alunos do curso de Licenciatura em Química da UFPE/CAA, analisando suas definições a cerca de cada uma, como também a opinião dos mesmos sobre a melhor metodologia na aplicação desses conhecimentos em sala de aula. Observou-se que existe uma deficiência no entendimento do significado de Química Verde, diferentemente da Química Ambiental, talvez por ser uma discussão nova e com pouco material relacionado. Em relação as metodologias de ensino observou-se um caráter de articulação entre os aspectos conceitual, procedimental e atitudinal do conteúdo, na perspectiva de Zabala, visando a abordagem da sustentabilidade.

Palavras chaves

Química Ambiental; Química Verde; Metodologias de ensino

Introdução

A Educação Ambiental tomou força na década de 80 com as conferências internacionais, no Brasil foi realizada a Rio 92 aprovando a Agenda 21, que contém pressupostos para implementação da mesma, visando a sobrevivência dos povos para o século XXI (MORADILLO et all, 2004). Em 31 de agosto de 1981 houve a primeira lei relacionada, mas a principal lei que expõe a obrigatoriedade de sua inclusão no ensino foi criada em 27 de abril de 1999. Observando os avanços relacionados ao ensino de Química surgiram áreas de estudos nesse campo, que se transformaram em disciplinas relacionadas suprindo as necessidades da sociedade. Dessas disciplinas criadas uma foi a Química Ambiental (QA), que segundo (MOZETO et all, 2002) estuda os processos químicos que ocorrem na natureza, sejam eles naturais ou ainda causados pelo homem, e que comprometem a saúde humana e a saúde do planeta como um todo. Outra foi a Química Verde (QV) que segundo Tundo (2000, apud PRADO, 2003) é a criação, o desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias tóxicas. Apesar de suas especificidades ambas tem como objetivo final conduzir a ações científicas e/ou processos industriais ecologicamente corretos (Química Verde no Brasil, 2010). Acreditando que por ser um campo recente de discussão haja dificuldade no significado e diferenciação dessas áreas como também sua ação na sociedade. Esse trabalho objetivou-se na análise do conhecimento de licenciandos em Química da Universidade Federal de Pernambuco, especificamente do Centro Acadêmico do Agreste sobre suas concepções das características da Química Ambiental e Química Verde, e suas opiniões de como os alunos devem agir perante a sociedade em suas práticas de ensino envolvendo a sustentabilidade.

Material e métodos

Foi realizada uma pesquisa exploratória de caráter qualitativa e quantitativa, executada a partir da aplicação de um questionário composto por 7 questões a alunos do curso de Licenciatura em Química da UFPE/CAA que cursassem prioritariamente do 5º ao 10º período escolhidos aleatoriamente a fim de analisar suas concepções a cerca do entendimento e diferenciação sobre Química Ambiental e Química Verde. Das 7 questões 3 foram discursivas (questões 4, 5 e 7), para analisar minuciosamente o entendimento sobre cada uma, e também a opinião dos entrevistados acerca dos posicionamentos pertinentes a graduados com essa formação e como devem trabalhar o tema. As outras 4 questões foram de caráter informativo para levantamento de dados sobre formação na área e o interesse pela mesma. Foram entrevistados 40 alunos dos 240 que cursam Licenciatura em Química na instituição e a eles foi entregue o questionário com as seguintes questões: 1) Qual período está cursando?; 2) Cursou (considerando toda sua vivência escolar desde o ensino básico) ou está cursando alguma disciplina com caráter considerado de sustentabilidade?; 3) Tem interesse em cursar alguma disciplina com essas características?; 4) Na sua concepção como pode ser descrita Química Ambiental?; 5) Na sua concepção como pode ser descrita Química Verde?; 6) Em toda sua vivência escolar algum professor lhe direcionou as definições de Química Ambiental e Química Verde?; 7) Na sua concepção, como devem ser as metodologias de ensino dos licenciados em Química que tiveram em sua formação essas disciplinas e como seus alunos devem agir diante da sociedade em relação ao Meio Ambiente? (Considere o modo que você aplicaria esses conhecimentos).

Resultado e discussão

Dos alunos entrevistados 35% afirmaram ter cursado ou estar cursando alguma disciplina com características de sustentabilidade, 65% nunca teve contato com disciplinas da área, mostrando a necessidade dos diferentes níveis de ensino se adequarem ao artigo 2º da lei de Educação Ambiental que a trata como obrigatória em todos os âmbitos de ensino. Sobre o interesse em cursar alguma disciplina com essas características 92,5% demonstraram-se interessados, e 7,5% indecisos. Observou-se também que 85% nunca teve nenhuma explicação sobre QA ou QV. As concepções dos entrevistados sobre QA e QV foram classificadas em 7 modalidades de compreensão, expressas na figura 1. Investigou-se se compreendiam bem, razoavelmente ou não as compreendiam. Analisando os dados é possível observar que poucos definem ambas com precisão, e que a maioria consegue definir bem Química Ambiental, um exemplo está na colocação do aluno A1, onde diz que QA “trata de fatores relacionados a sustentabilidade, preservação ambiental”. Ao analisar Química Verde a colocação do aluno A2 a define como “o desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso da geração de substancias nocivas a o meio ambiente e a saúde do homem”, definição próxima a de Tundo, porém notou-se que muitos à definem como Química das plantas, havendo assim um equívoco na definição desses entrevistados. Sobre as metodologias de ensino apresentadas na figura 2 observa-se que todas são englobadas na aprendizagem dos conceitos atitudinais expressos por Zabala (1998), na construção de valores e atitudes pelos alunos. Essa preocupação está na fala do aluno A3 que “esperaria que os alunos colocassem em prática os conceitos que os mesmos aprenderam, transmitindo para o outro a importância desta área”.

Figura 1 - Compreensão sobre Química Ambiental e Química Verde

Quantidade de alunos enquadrados em cada tipo de compreensão.

Figura 2 - Metodologias de ensino aplicadas

Quantidade de alunos enquadrados em cada metodologia de ensino aplicada pelos mesmos.

Conclusões

Observa-se que poucos tiveram a formação necessária na área, mesmo sendo obrigatória desde 1999, o que explica a dificuldade encontrada na diferenciação entre Química Ambiental e Química Verde. Observou-se que existe pouco material na área, e por isso pode-se justificar a definição equivocada de alguns entrevistados em relação a QV. Por fim observa-se que para proporcionar uma vida melhor a todos, é indispensável trabalhar, de maneira articulada, a sustentabilidade no ensino, sendo papel do professor criar metodologias capazes de formar indivíduos críticos e ativos na sociedade.

Agradecimentos

Referências

MORADILLO, E. F.; OKI, M. C. M. Educação Ambiental na universidade: construindo possibilidades. Química Nova, Vol. 7, No. 2, 332-336, 2004.
MOZETO, A. A.; JARDIM, W. F. A Química Ambiental no Brasil. Química Nova, Vol. 25, Supl. 1, 7-11, 2002.
TUNDO, P. Pure Appl. Chem. 2000, 72, 1207. IN: PRADO, A. G. S. Química Verde, os desafios da Química do novo milênio. Química Nova, Vol. 26, No. 5, 738-744, 2003.
Química Verde no Brasil: 2010-2030: Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2010.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar . Porto Alegre: Artmed, 1998.