Autores

Leão, M.F. (UNEMAT E UNIVATES) ; Oliveira, E.C. (UNIVATES) ; Del Pino, J.C. (UNIVATES) ; Crestani Fava, R.A. (IFMT)

Resumo

O estudo relata uma experiência desenvolvida nas aulas de Química Analítica do curso de Engenharia de Alimentos da UNEMAT de Barra do Bugres-MT. Seu objetivo evidenciar a importância da experimentação no ensino através da análise da água dos bebedouros da Universidade, do laboratório de Química e do cavalete de entrada da instituição. A experiência ocorreu em março de 2014 e envolveu 20 estudantes. As análises de pH, cloro, cor, turbidez, coliformes totais e fecais foram realizadas no laboratório da Estação de Tratamento de Água da cidade. Os resultados indicam ser esta água própria para o consumo. Os estudantes puderam vivenciar o rigor metodológico necessário para realizar análises químicas e estabelecer relações entre tais procedimentos com suas práticas futuras enquanto profissionais.

Palavras chaves

Química Analítica; Estratégia de Ensino; Análises físico-químicas

Introdução

A Química Analítica é uma ciência com caráter experimental, sendo assim, além dos conceitos teóricos se faz necessária à utilização da experimentação para que juntas, teoria e prática, proporcionem aprendizagens significativas. Carvalho (2007) afirma que o objetivo da Química é o conhecimento as propriedades dos materiais e suas transformações. Assim sendo, uma maneira de aproximar a Química e seu objetivo é utilizar a experimentação no ensino, pois além de articular teoria e prática permite contextualizar os conteúdos estudados e sensibilizar os estudantes sobre a importância desta Ciência.A experimentação é um excelente recurso didático quando bem utilizado, pois eleva a qualidade do ensino e torna de fácil compreensão os fenômenos analisados. Conforme Ciscato; Beltran (1991), sem experimentação e interpretações adequadas, a ciência é algo estático, livresco e sem desenvolvimento. Sem experimentação, o ensino de Química é apenas um arremedo de ensino, dogmático e sem atrativo, que afasta os estudantes e compromete sua formação como cidadão.Segundo Hodson (1988), os experimentos devem ser conduzidos visando a diferentes objetivos, tal como demonstrar um fenômeno, ilustrar um princípio teórico, coletar dados, testar hipóteses, desenvolver habilidades de observação ou medidas, adquirir familiaridade com aparatos, entre outros. Chrispino; Faria (2010) chamam atenção sobre aulas práticas em laboratórios que hoje se tornaram modismo. Isto porque, muitas vezes, os estudantes vão ao laboratório simplesmente fazer experiências, desconexas com o que está sendo estudado, isto quando vão ao laboratório. Diante do exposto, o estudo utilizou a experimentação como estratégia de ensino nas aulas de Química Analítica do curso de Engenharia de Alimentos da UNEMAT.

Material e métodos

O estudo configura-se como uma pesquisa descritiva e exploratória ocorrida no mês de março de 2014 e que envolveu os 20 acadêmicos que estavam matriculados na disciplina. A primeira estratégia adotada foi realizar visita a campo no local em que é coletada a água que abastece a cidade e posteriormente na ETA da cidade. A visita em ambos os locais foi orientada pela Química responsável da estação.Organizou-se então a proposta de investigação da qualidade da água consumida na Universidade.O procedimento, roteiro, reagentes e equipamentos necessários foram previamente preparados. Para coletar as amostras, foi solicitado que abrissem a torneira, lavassem seu bico por meio da fricção da própria mão e deixassem escorrer água por aproximadamente 1 minuto antes de então abrir os recipientes e coletar.Os pontos de coleta foram os bebedouros e Laboratório de Química pertencentes a Universidade, além do cavalete de entrada de água na instituição.Foram recolhidas três amostras de cada ponto(triplicata). Para os testes físico-químicos, as amostras foram acondicionadas em Garrafas PET novas de 500 mL, já para as análises microbiológicas, foram em frascos de vidro com tampa rosqueada anteriormente esterilizados. As análises físico-químicas realizadas levantaram as seguintes características: pH, cloro residual livre, cor e turbidez. Já as análises microbiológicas realizadas foram de coliformes totais e fecais (kits Colilert). Todos os procedimentos metodológicos seguiram o Manual prático de análise de água da FUNASA (BRASIL, 2004).Os dados coletados foram confrontados com os parâmetros estabelecidos pela legislação. Após a realização dos experimentos, os estudantes expuseram suas percepções quanto à importância de análises experimentais na sua formação acadêmica e atuação profissional.

Resultado e discussão

A realização das análises em triplicatas possibilitou encontrar resultados mais confiáveis. Após a obtenção dos valores, foi trabalhado em sala como fazer o tratamento estatístico e como apresentar tais informações. Os dados foram confrontados com a legislação vigente no país.A Figura 1 mostra que esses resultados encontram-se em conformidade com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, estando, portanto, própria para o consumo humano (PORTARIA, nº518 de 25.03.2004). A presença de Cloro residual livre nas amostras coletadas no bebedouro do Bloco C, em média 0,3 mg/L, pode estar atrelada ao fato de que neste setor da Universidade a água da rede é ligada antes no bebedouro, ou seja, não passa pela caixa/reservatório, nos demais setores o encanamento passa antes na caixa para depois ser distribuída. Vale lembrar que as análises prévias realizadas na ETA com a água que saída na estação sempre apresentava cloro residual que é bastante reativo além de atuar na desinfecção. Algumas percepções dos estudantes foram: “As análises químicas são muito importantes para a indústria alimentícia, pois com elas podem ser fiscalizado as quantidades de cada substância e componentes presente e verificar se estão dentro dos padrões estabelecidos para assim, garantir a qualidade do produto ao consumidor sobre o alimento que esta comprando”(E1).“É importante que os alimentos sejam analisados, para que se conheça que elementos contêm, para que não tenha exageradas quantidades de elementos prejudiciais à saúde das pessoas e que haja segurança alimentar. As análises devem ser repetidas pelo menos três vezes para que se tenha um resultado confiável”(E7).“É importante a realização de analises químicas para que o controle de qualidade seja feito de maneira correta.Aprendi muito!"(E14).

Quadro de resultados da investigação

Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água consumida na Universidade.

Procedimentos experimentais

Análises microbiológicas utilizando o kit Colilert

Conclusões

A prática favoreceu a assimilação de conceitos químicos abordados. A experimentação faz com que a Ciência deixasse de ser estática e monótona diante do mundo em movimento. Ela pode fazer com que a teoria se adapte à realidade, poderíamos pensar que, como atividade educacional isso poderia ser feito em vários níveis, dependendo do conteúdo, da metodologia adotada ou dos objetivos que se quer com a atividade. Utilizar práticas experimentais que visem solucionar problemas cotidianos possibilitam aos estudantes estabelecer relações entre os procedimentos vivenciados com suas práticas futuras.

Agradecimentos

À Estação de Tratamento da Água de Barra do Bugres pelo apoio prestado e aos estudantes de Química Analítica 2014/1 pelo empenho na realização.

Referências

BRASIL. Manual prático de análise de água. Brasília: Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, 2004.
CARVALHO, R. de C. S. Uso de Materiais Alternativos para o Ensino de Química do 1º ano do Ensino Médio. Projeto de IC - FAPEMA (Graduação em Licenciatura Plena em Química) - Curso de Licenciatura Plena em Química, Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, 2007.
CHRISPINO, A.; FARIA, P.. Manual de Química Experimental. 1. ed. Campinas: Editora Átomo, 2010.
CISCATO, C.A. M., BELTRAN, N. O. Química, Coleção Magistério 2º Grau – Série Formação Geral. São Paulo: Cortez,1991.
HODSON, D. Experiments in Science and Science Teaching. Educational Philosophy and Theory. 20 (2), p. 53-66, 1988.