Autores

Silva, A.M. (UECE/UFC) ; Barros, H.C. (UECE)

Resumo

Este estudo descreve a comparação do ensino convencional, quadro branco e pincel, com o ensino utilizando modelos moleculares como recurso didático para o ensino da Química, mas especificamente, a estequiometria. Para a coleta de dados, foram aplicados questionários socioeconômicos aos alunos, de forma individual, e aplicação de avaliações sobre estequiometria. Os estudantes realizaram duas provas idênticas, uma sem a utilização dos modelos moleculares, e outra, utilizando os modelos moleculares. Observou-se que, a utilização dos modelos moleculares facilitou a acomodação dos conceitos de estequiometria. Percebeu-se também, que vários pontos extraclasse, funcionam como excelentes motivadores, e outros, agem no sentido contrário, dificultando o aprendizado pelo aluno.

Palavras chaves

modelos moleculares; ensino de química; motivação

Introdução

Este trabalho surgiu como resultado de algumas experiências vividas no ensino de Química. Observa-se que grande parte dos alunos apresenta dificuldade e resistência ao conceito de estequiometria, pois dizem que a Química é uma disciplina muito difícil e complicada de ser compreendida. Vale ressaltar também a questão da motivação em estudar tal disciplina. Na tentativa de entender o porquê dessa resistência relacionado em particular ao conceito de estequiometria propõe-se o ensino deste conceito, utilizando-se para isso, uma maneira inovadora, em que não seriam utilizados somente a lousa, o giz e a saliva. Neste estudo, foi adaptado um kit inicialmente utilizado para o aprendizado dos conceitos da Química Orgânica. A partir da observação de como alguns educadores ministravam suas aulas foi constatado que na maioria das aulas, era completamente repleto de fórmulas, raciocínio matemático, não havia contextualização, muito menos a problematização do assunto. Santos afirma ”a Química da escola não tem nada a ver com a Química da vida” (apud BOSSOLANI, 2004). Sendo assim, tem-se como questão de pesquisa deste trabalho entender as razões pela dificuldade no aprendizado, buscar formas de motivar o aluno e tentar elaborar uma metodologia aplicando os modelos moleculares.

Material e métodos

Este trabalho é composto por quatro estudos, sendo todos realizados em uma escola da rede pública do município de Fortaleza. No primeiro estudo, participaram três turmas do segundo ano do Ensino Médio, sendo a primeira no período diurno (manhã), a segunda no período diurno (tarde) e a terceira no período noturno. No total foram 71 alunos. A aquisição de dados foi realizada na própria escola, mediante aplicação de um questionário socioeconômico, que foi realizado de forma individualizada. Com relação aos estudos 2, 3 e 4, a aquisição de dados se deu nas dependências da escola. Em cada uma destas turmas foram ministradas aulas com as seguintes atividades: abordagem teórica, exercício de simulação utilizando modelo molecular com os conteúdos pertinentes a estequiometria. Nestes estudos, eram formados grupos, como no máximo cinco alunos, exigindo-se a participação de todos no grupo. A separação dos alunos em grupos foi realizada de tal forma que todos tivessem o mesmo nível, mesclando alunos com e bom rendimento e outros nem tanto. Esta distribuição foi realizada baseando-se em testes anteriores e observações em sala.

Resultado e discussão

Este primeiro estudo teve como finalidade, traçar o perfil das turmas participantes do estudo. Optou-se por trabalhar com as turmas em separado, para que se tornasse possível algumas comparações. De acordo com a coleta de dados, levantou um ponto preocupante e relevante ao estudo, que é a dificuldade no aprendizado da química. Praticamente todos os alunos consideram a Química uma disciplina complexa. Percebe-se que boa parte dos estudantes não compreende os conceitos químicos e suas aplicações em nosso cotidiano. Outro levantamento preocupante foi o baixíssimo tempo gasto pelos alunos com os estudos, não chegando a uma hora diária. Observa-se a predominância do sexo feminino em todas as turmas com uma frequência média de 60,2%, em especial na turma C, que possui a maior frequência, 66,7%. Dos dados obtidos observou-se que 73,7% almejam o ingresso no ensino superior. Após o uso dos modelos moleculares verificou-se uma melhora significativa no rendimento das turmas, com um aumento superior a 50%, porém, continua-se com um resultado abaixo do esperado. Percebeu-se que a turma noturna possui 87% dos alunos declarando gostar de estudar, são mais responsáveis, sendo o maior percentual entre as turmas. As turmas A e B diferem muito pouco uma da outra, com 30% e 38%, respectivamente.

GRÁFICO 1

Dificuldade dos alunos em aprender química.

GRÁFICO 2

Visão dos alunos sobre a Química no Cotidiano.

Conclusões

Este trabalho teve como objetivo principal, verificar a contribuição da utilização de modelos moleculares no aprendizado da estequiometria pelos alunos de uma escola pública de Fortaleza. Baseando-se nos resultados e discussões, conclui-se: a) A utilização dos modelos moleculares facilitou o entendimento dos diversos tópicos pelos alunos; b) Através dos resultados das avaliações e observações em sala percebeu-se deficiência nos conceitos matemáticos. Observou- se, portanto, que a utilização dos modelos moleculares agregou mais conhecimento aos alunos, para o ótimo aprendizado da Química.

Agradecimentos

Referências

BOSSOLANI, K. Características da aprendizagem significativa em proposições expressas por escrito pelos alunos do ensino fundamental: Um estudo de conceitos químicos proposto a partir de atividades experimentais. São Carlos, 111p, 2004. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de São Carlos.

CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. “Explorando a motivação para estudar Química”. Química Nova, 23(2), 401-404, 2000.

FERREIRA, L. H. Produção de material didático em poliéster para ciências e matemática. In: HAMBURGUER, E.; MATOS, D. (Orgs.). O desafio de ensinar ciências no século XXI. São Paulo: EDUSDP, p. 85-90, 2000.

LIMA, M. B.; DE LIMA-NETO, P. Construção de modelos para ilustração de estruturas moleculares em aulas de Química. Quimica Nova, 22(6), 903-906, 1999.