Autores

Souza, C.A.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Guerra, M.H.F.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Cordeiro, E.M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Lima, S.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Moreira Junior, J.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)

Resumo

Os temas cotidianos são uma solução eficaz, um exemplo de tema a ser trabalho em sala de aula é o de “lixo eletrônico”.A presente pesquisa foi desenvolvida de forma qualitativa em uma unidade escolar pública estadual do Ceará, no município de Fortaleza, com alunos de primeiro, segundo e terceiros anos. Buscou-se uma interação entre os assuntos abordados em sala de aula com o cotidiano dos estudantes.Os estudantes desenvolveram bem o conhecimento dos componentes químicos presentes nos materiais eletroeletrônicos, como metais pesados, conhecimento em relação à radioatividade e tabela periódica. A principal contribuição deste trabalho, possibilitar a inserção e discussão de questões pertinentes e presentes nas vivências dos estudantes que estão relacionadas às suas opções de vida.

Palavras chaves

Contextualização; Ensino; Lixo eletônico

Introdução

O ensino de química possui, por si só, muitas dificuldades no tocante ao interesse dos alunos com o conteúdo, o que tem levado muitos profissionais a se preocuparem em analisar a relevância da área científica. Ainda hoje, muitos alunos vêem o ensino de química como maçante, cansativo e, por conseguinte não relacionam a disciplina com suas próprias necessidades cotidianas (ARAGÃO, 1993). Neste contexto, a disciplina é apresentada de forma muito conservadora, dificultando o entendimento dos discentes. Uma boa forma de resolver problemas como estes é o uso de temas cotidianos que possam ser empregados em sala de aula em paralelo aos conteúdos teóricos ministrados pelos professores. Os temas cotidianos são uma solução eficaz, pois, deste modo, o aluno utiliza o conhecimento adquirido teoricamente em sala de aula nas situações práticas da vida, ampliando o conhecimento. Um exemplo de tema a ser trabalho em sala de aula é o de “lixo eletrônico”. O grande desenvolvimento técnico-industrial nos trouxe ferramentas e utilitários que são cada dia mais necessários afim de satisfazer nossas necessidades infindáveis. Só que em paralelo a essa crescente atualização de tais tecnologias, principalmente as eletroeletrônicas, fez surgir um novo desafio que se soma a outros inúmeros problemas ambientais hoje enfrentados pela humanidade, o chamado lixo eletrônico. O resultante do crescimento exorbitante de equipamentos eletrônicos, as consequências desse consumo fez criar uma preocupação a fim de como tratar estes materiais, quais os componentes químicos que neles estão presentes, como deve ser feito um descarte correto, etc. (OLIVEIRA, GOMES & AFONSO, 2011).

Material e métodos

A presente pesquisa foi desenvolvida de forma qualitativa em uma unidade escolar pública estadual do Ceará, no município de Fortaleza, com alunos de primeiro, segundo e terceiros anos. O lixo eletroeletrônico é uma excelente ferramenta de sensibilização dos alunos, tanto para questões ambientais quanto para perceber a importância das propriedades dos elementos químicos na concepção dos produtos de nossa vida moderna. Assim, desperta neles que, além de consumidores eles também são cidadãos conscientes, reconhecendo a questão de que os aparelhos eletrônicos são materiais em potencial para reciclagem (VIKTOR, 2009), principalmente devido à necessidade desse fato em decorrência do grande acúmulo deste tipo de material nos lixões. De antemão foi ministrado para os alunos um aula sobre o lixo eletrônico, em seguida os alunos receberam apostilas com conteúdos a respeito do tema para que possam abranger seu conhecimento a respeito. Cada sala foi dividida em grupos aos quais ficaram responsáveis de pesquisar a respeito de temas adversos, tipos de compostos químicos presentes nos materiais eletrônicos, processo de produção, descarte correto, radioatividade, reciclagem e sustentabilidade. Cada grupo dotado de seu conteúdo específico ficou responsável por apresentá-lo através de seminários; fazendo uso de cartazes, imagens, vídeos, entrevistas, textos. O mesmo conteúdo foi aplicado nas turmas de primeiro, segundo e terceiro ano. Todo o material dos alunos foi exposto nos murais da escola para conhecimento de todas as outras turmas. Ao final os alunos responderam um questionário com perguntas envolvendo não apenas o tema abordado, mas conteúdos de química, como elementos químicos,radioatividade e tabela periódica.

Resultado e discussão

A preocupação pela formação cognitiva dos estudantes e a formação crítica dos mesmos a respeito da formação social se mostrou bastante ideal, bem próximo dos esperados, durante a aplicação do projeto. Os alunos não só complementaram os conteúdos químicos, como também adquiriram uma visão cidadã preocupada com o meio ambiente onde estão inseridos, reforçando assim conceitos de sustentabilidade tão difundidos nos dias atuais. Os estudantes desenvolveram bem o conhecimento dos componentes químicos presentes nos materiais eletroeletrônicos, como metais pesados, conhecimento em relação à radioatividade e tabela periódica. A grande maioria, apesar de não ter o costume de tratar o lixo de forma correta, se comprometeu, a partir de conversas e debates, a por em prática o conhecimento adquirido durante a aplicação do referido estudo. Com o auxilio de um tema gerador é possível a abordagem de diversos conteúdos, de maneira prática e contextualizada com fatos do cotidiano do educando. Consequentemente o aluno passa a ser o principal formador de seu conhecimento e adquire uma visão crítica, postura social e científica perante os fatos da sociedade (SILVA & NÚNEZ, 2007).

Conclusões

Pode-se concluir que os alunos receberam muito bem a aplicação do projeto, bem como se tornou um facilitador no ensino de química, pois os mesmo puderam verificar onde muitas das moléculas e conceitos químicos estudados poderiam estar em uma situação tão cotidiana deles, o uso de materiais eletroeletrônicos. Essa certamente é a principal contribuição deste trabalho, possibilitar a inserção e discussão de questões pertinentes e presentes nas vivências dos estudantes que estão relacionadas às suas opções de vida, consumo e que podem ser abordadas pelo conhecimento científico.

Agradecimentos

Referências

ARAGÃO, R. M. R. Reflexões sobre ensino, aprendizagem, conhecimento. Revista de Ciência e Tecnologia, 2(3): 7-12, 1993. Conferência apresentada no VI Encontro Nacional de Ensino de Química, julho, Universidade de São Paulo.
OLIVEIRA, R. da S.; GOMES, E. S. & AFONSO, J. C. O Lixo Eletroeletrônico: Uma Abordagem para o Ensino Fundamental e Médio. Química Nova na Escola, Vol. 32. N.4. Novembro. 2011.
SILVA, M. G. L. da; NÚÑEZ, I. B. Ensino de química e os temas transversais. UFRN. Natal, 2007.
VIKTOR, M. Onde os eletrônicos vão morrer (e matar). Galileu, n. 218, jul. 2009, seção ambiente.