Autores

Silva, A.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Vasconcelos, I.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Freitas, R.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Batinga, V.T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Anjos, J.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)

Resumo

Este trabalho analisou uma atividade experimental para uma abordagem introdutória sobre as funções químicas, ácido e base e o comportamento ácido/básico em diferentes materiais. A atividade foi elaborada na disciplina metodologia do ensino de Química da UFPE/CAA, e aplicada a alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola de Camocim de São Félix-Pernambuco. Os resultados mostraram que houve predominância da dimensão fenomenológica nas respostas dos alunos a questões propostas sobre o experimento. A atividade possibilitou aos alunos a observação, elaboração de hipóteses e o contato com procedimento de manipulação de materiais e reagentes químicos.

Palavras chaves

Experimentação; Química; Funções químicas

Introdução

A atividade experimental é uma estratégia didática que pode possibilitar aos alunos uma compreensão mais integrada do conhecimento químico. Há duas formas em que a experimentação pode ser conduzida: Ilustrativa e Investigativa. Na ilustrativa a experimentação é empregada apenas para que os alunos observem a aplicação da teoria, se enquadrando ao ensino por descoberta (EPD) (GALAMBA, 2009). A investigativa se enquadra no ensino por Investigação (EPI) (LIMA et all, 2008), que objetiva propiciar aos alunos a formulação de hipóteses, questionamentos, reflexões e uma melhor compreensão de conceitos químicos articulados a diferentes contextos e formas distintas de entender e falar sobre ciência. Nesse trabalho, as respostas dos alunos a questões sobre o experimento serão analisadas a partir das categorias: fenomenológica (ou empírico), teórico (ou de linguagem) e representacional (ou de modelos). A compreensão desses três dimensões do conhecimento químico possibilita uma aprendizagem mais integrada (MACHADO et all, 2007).

Material e métodos

Este estudo é de natureza qualitativa. Foi aplicado a 12 alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola particular do interior de Pernambuco. A atividade constou de 3 momentos: 1)Aula expositiva sobre conteúdo de funções químicas, indicadores e escala de pH; 2)Realização do experimento e 3)Resolução de questões sobre o experimento. Objetivou: Identificar o comportamento ácido ou básico dos materiais a seguir: solução de hidróxido de sódio (1mol/L); acetona; suspensão de hidróxido de alumínio; refrigerante de limão e xampu líquido, bem como identificar o tipo de função química destes materiais. Esse experimento foi realizado em sala de aula em 3 grupos, e a cada grupo foi entregue um kit, preparado no laboratório de Ensino de Química da UFPE. Materiais e reagentes: Copo de vidro(5); Azul de bromotimol-4mL; Álcool etílico-25mL; Papel indicador-3; Solução de NaOH(1mol/L)-1ml; Acetona-3mL; Solução de Al(OH)3-3mL; Refrigerante de limão-3ml; Xampu-3ml; 4 pares de luvas de procedimento.Procedimento: Em cada copo contendo os materiais: 1-Suspensão de Al(OH)3,2-Acetona,3-Refrigerante de limão,4-Xampu,5-Solução de NaOH, adicione 2 gotas de azul de bromotimol, observe e anote a mudança de cor. Em seguida utilize o papel indicador para medir o pH dos materiais contidos nos copos 1, 3 e 4. Anote os valores obtidos. Questões para resolução sobre o experimento: 1)A partir das observações das cores produzidas após a adição de azul de bromotimol em cada material, é possível identificar o tipo de função química de todos? 2)Você consegue propor uma explicação para a mudança na coloração destes materiais após a adição de azul de bromotimol? 3)A partir do valor de pH dos materiais 1, 3 e 4 e da cor obtida nos copos, 2 e 5 é possível identificar o comportamento desses materiais?

Resultado e discussão

Na realização da atividade observou-se que houve motivação e interesse dos alunos durante as discussões nos grupos sobre as questões relacionadas com o experimento. As respostas dos alunos sobre o experimento foram categorizadas nas dimensões fenomenológica, representacional e teórica do conhecimento químico, conforme análise de conteúdo. De modo geral, as respostas dos grupos a Q1 se enquadraram na dimensão fenomenológica. Por exemplo, na resposta do aluno A1 parece estar expressa uma explicação pautada na mudança de coloração observada nos materiais após a adição de azul de bromotimol. E também nas características inerentes ao azul de bromotimol quando interage com diferentes materiais, conforme ilustração de resposta. A1: “Hidróxido de Alumínio → Base; Acetona → Ácido; Refrigerante de limão → Ácido; Xampu → Neutro; Hidróxido de Sódio → Base”. Na questão 2 a resposta do aluno A4 expressa uma relação entre o tipo de função química e a mudança de cor dos materiais após a adição do indicador, a partir de observações perceptíveis durante a realização do experimento. Nesse sentido, tal resposta se situa na dimensão fenomenológica do conhecimento químico. A4: “O indicador mudou sua cor por causa de suas funções.” Situação semelhante foi observada nas respostas dos demais alunos a esta questão. Em linhas gerais, na Q3 houve predominância de respostas que se situam na dimensão fenomenológica. A título de exemplo apresentamos a resposta do aluno A6: “Hidróxido de alumínio - base; Refrigerante de limão – acido; Xampu - neutro”. Este aluno identifica o comportamento dos materiais 1, 3 e 4 a partir da medição do valor de pH usando papel indicador. Nesse caso, A6 pode estar relacionando o valor de pH obtido para cada material com a escala de pH.

Conclusões

Nesse trabalho a atividade realizada apresentou elementos que se aproximam da experimentação investigativa, como: observação, elaboração de hipóteses e uma forma de entender a química que se situa na dimensão fenomenológica. A análise das respostas mostrou que houve predominância da dimensão fenomenológica do conhecimento. Nesse sentido, é importante que em experimentos futuros as dimensões teórica e representacional sejam introduzidas na abordagem de funções química, pH, acidez e basicidade. Isto possibilitará uma compreensão da química de forma mais integrada (MACHADO et all, 2007).

Agradecimentos

Referências

GALAMBA, A. Henry Armstrong e o ensino por descoberta. Física na escola, v.10, n.2. 2009.
LIMA, M. E. C. C.; DAVID, M. A.; MAGALHÃES, W. F. Ensinar Ciências por Investigação: Um Desafio para os Formadores. Química Nova na Escola, n. 29, agosto de 2008.
MACHADO, A. H.; MORTIMER, E.F. Química para o ensino médio: fundamentos, pressupostos e o fazer cotidiano. In: ZANON, L.B.; MALDANER,O.A. Fundamentos e propostas para o ensino de química para a educação básica no Brasil. Ijuí: Editora Unijuí, p.21-41, 2007.