Autores

Mendes, M. (IFPR -PALMAS) ; Luz, L. (IFPR -PALMAS) ; Martins, B. (IFPR -PALMAS)

Resumo

O presente trabalho buscou averiguar acerca da difusão da Química Verde (QV) e seus princípios no curso de licenciatura em Química de uma instituição de ensino pública do Paraná. O estudo envolveu os acadêmicos do 3º e 7º períodos do curso – duas entre as três turmas em andamento no curso. Para o levantamento de dados utilizou-se de um questionário com três questões abertas. Os dados foram tratados de forma qualitativa através de análise do conteúdo. Os resultados demonstraram que o tema é pouco explorado no referido curso e serviu de o ponto de partida para proposição de ações disseminadoras dos princípios da QV, atualmente em andamento.

Palavras chaves

Quimica Verde; Licenciatura ; Química

Introdução

No início da década de 90, surgiu um novo conceito em Química, a Química Verde (QV), que pode ser definida com a utilização de técnicas químicas e metodológicas que reduzem ou eliminam o uso de solventes e reagentes ou geração de produtos e subprodutos tóxicos, que são nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente (LENARDÃO et.al, 2003). Segundo Antonin (2011) os conceitos referentes a QV devem ser introduzidos e aplicados para a formação de profissionais qualificados às necessidades do novo milênio, contudo, essa abordagem ainda é incipiente nos cursos de formação superior. Diante disso, defende-se que a inserção desses temas são especialmente importantes na formação de futuros professores, porque estes podem ser não apenas praticantes de tais princípios mas também agentes disseminadores dos mesmos e de discussões capazes de fomentar na educação básica a formação cidadã, crítica, responsável e comprometida com um mundo no qual emerge e urge a necessidade de um crescimento socioambiental sustentável. Diante disso o presente trabalho teve por objetivo analisar os conhecimentos e as concepções dos acadêmicos de Licenciatura em Química do IFPR- campus Palmas, sobre Química Verde, a fim de traçar um diagnóstico e propor ações de inserção destes princípios na formação desses dos futuros docentes.

Material e métodos

Para o levantamento de dados aplicou-se um questionário a estudantes de dois períodos distintos (3º e 7º períodos) do curso de licenciatura em Química, aqui chamados G.1 e G.2 respectivamente, a fim de averiguar como esses diferentes grupos concebiam a QV, se esta já havia sido abordada durante o curso, bem como as implicações do ensino desta em suas formações. Para tanto, o questionário abordou questões abertas sobre: a) Você já ouviu falar sobre Química Verde? Se sim, em qual situação? b) Na sua opinião o que é Química Verde? c) Na sua opinião esse tema é importante para sua formação profissional? Fizeram parte do estudo 28 acadêmicos, sendo 16 pertencentes ao grupo 1 (G.1) e 12 pertencentes ao grupo 2 (G.2) os quais tiveram seus nomes mantidos em sigilo e aos quais atribui-se letras de A a P para o primeiro grupo e A a L para o segundo. Os dados obtidos foram analisados qualitativamente através de análise do conteúdo. Foram estabelecidas três categorias consonantes com as questões: a)contato com o termo QV; b) concepção espontânea acerca da QV; c) opinião acerca da QV para a formação profissional.

Resultado e discussão

Ao serem questionados se já conheciam o termo Química Verde, 24 disseram que não e apenas 4 responderam que sim. Ao analisar os dados percebe-se pouco conhecimento do termo por parte dos acadêmicos mesmo entre os alunos em estágio mais adiantados do curso. Esses dados indicam que o tema é pouco explorado no curso de formação de professores e confirmam que a inserção da QV ainda é um processo incipiente nos cursos de ensino superior (ANTONIN et al. 2011) Na segunda questão, ao serem indagados sobre o que entendiam por QV, pode-se perceber que os acadêmicos relacionam “verde” com o meio ambiente, reciclagem ou produtos naturais como mostram algumas falas: L (G.1): “Ligada a natureza, plantas e a extração dos mesmos.”. F (G.2): “A Química Verde seria voltada a produtos reaproveitados de resíduos orgânicos ou naturais.” Apesar de a QV embandeirar a preocupação ambiental em seus princípios e estar relacionada ao movimento da sustentabilidade conforme aponta Zuin (2011), as falas dos alunos não traduzem conhecimentos acerca dos seus princípios.Tais inconsistências devem-se a não abordagem dessa temática nas disciplinas do referido curso, como demonstram as respostas obtidas a partir da primeira questão. Finalmente, quando questionados sobre a importância deste tema para sua formação profissional, os acadêmicos responderam unanimemente que se trata de um assunto importante. Tais respostas demonstram que apesar de não conhecerem o termo ou seus propósitos os alunos não descartam sua importância, porque acreditam que esta pode trazer algum conhecimento válido à sua formação de modo a tornar suas atividades menos impactantes e mais sintonizadas com as necessidades ambientais.

Conclusões

O estudo permitiu averiguar que a QV ainda é pouco difundida no curso de licenciatura em Química em questão, porém mostrou o interesse dos acadêmicos em conhecê-lo. Dessa forma a abordagem de maneira transversal da QV, tornou-se um desafio a ser vencido. O estudo realizado possibilitou diagnosticar tal carência e serviu de ponto de partida para a proposição de ações que atualmente vem sendo desempenhadas no interior do referido curso, entre as quais inclui-se a aplicação de sequências didáticas explorando a QV e a reestruturação dos protocolos experimentais para inserção de seus princípios.

Agradecimentos

Referências

ANTONIN, V.C.; MORASHASHI, A.C.; MALPASS, G.R.P. Compreensão de Alunos de Graduação sobre conceitos de Química Verde. In: 3rd International Workshop Advances in Cleaner Production “Cleaner Production Initiatives and Challenges for a Sustainable World”. São Paulo, 18 a 20 de maio, 2011.
LENARDÃO, E.J. et al. “Green Chemistry”- Os 12 princípios da Química Verde e sua inserção nas Atividades de Ensino e Pesquisa. Química Nova. Vol.26, n.1, p.123-129, jun./2003.
ZUIN, V. A inserção da dimensão ambiental na formação de professores de Química. Campinas: Átomo, 2011.