Autores

Mendes, M. (IFPR -PALMAS) ; Luz, L. (IFPR -PALMAS) ; Martins, B. (IFPR -PALMAS)

Resumo

O presente trabalho relata ações desenvolvidas no interior de um curso de licenciatura em Química de uma IES pública paranaense, com vistas a difundir os princípios da QV. As ações foram uma sequência didática elaborada conforme Zabala (2003) e a reestruturação de aulas experimentais das disciplinas de Química Geral, Analítica e Orgânica a fim de torná-las menos impactantes. As ações permitiram explorar os princípios de Redução, Economia de átomos; Química intrinsecamente segura, entre outros. Os reflexos das referidas ações já apontam internalizações conceituais e procedimentais nos acadêmicos. Porém, os dados indicam também a necessidade de dar continuidade a esse processo para que melhores resultados sejam obtidos.

Palavras chaves

Difusão; Quimica Verde; Formação docente

Introdução

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química propõe que esse profissionais devem avaliar criticamente os aspectos sociais, tecnológicos, ambientais, políticos e éticos, relacionado aplicação da Química na sociedade (BRASIL, 2002). Defendemos que tais aspectos são especialmente importantes na formação de professores de Química, haja visto que estes são disseminadores e formadores de opinião. Perante isso a Química Verde surge como uma forma de despertar uma formação socioambiental responsável (PINTO et al, 2009). Diante dessa nova perspectiva formativa, a Química Verde (QV) desponta como uma forma de alcançar uma formação socioambiental responsável. A QV pode ser definida como o desenho, o desenvolvimento e a aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas à saúde e ao ambiente (ANASTAS e WARNER, 1998). A fim de inserir os princípios da Química Verde na formação de licenciandos em Química de uma IES pública, realizou-se um trabalho de reestruturação das práticas laboratoriais e aplicação de uma sequencia didática com vistas a promover uma formação comprometida com a ética e a responsabilidade socioambiental.

Material e métodos

A fim de difundir os princípios da Química Verde na formação dos professores de Química foram realizadas duas ações, sendo uma com enfoque teórico e outro com enfoque prático citadas a seguir: a aplicação de uma sequencia didática intitulada “Sustentabilidade e Química Verde no ensino” na disciplina de Instrumentação de Ensino da Química I e a reestruturação dos protocolos das disciplinas experimentais. A primeira ação foi elaborada conforme a proposta de Zabala (2003) visando o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. A reestruturação das práticas laboratoriais iniciou-se através da análise de roteiros de aulas experimentais comumente realizadas nas disciplinas de Química Geral, Química Analítica e Química Orgânica Experimental a fim de identificar aspectos contraditórios aos princípios da QV e propor formas alternativas de conduzir esses processos.

Resultado e discussão

A aplicação da sequência didática (SD) objetivou tratar teoricamente dos princípios da QV a fim de atribuir-lhe uma abordagem mais ampla e crítica, como propõe Zuin (2011). A SD permitiu explorar as relações da QV com o movimento da sustentabilidade, expandindo as concepções dos alunos acerca dessas temáticas. Somada a essa ação a reestruturação das práticas experimentais foi planejada com vistas a reforçar e tornar vivencial os princípios da QV. Ao analisar os roteiros experimentais comumente colocados em prática nas aulas experimentais foi possível levantar alguns aspectos em comum: a) o uso de quantidades excessivas de reagentes; b) o emprego de reagentes tóxicos, tais como metais pesados e solventes organoclorados e; c) sínteses com baixo rendimento. Diante do presente quadro, buscou-se: a) readequar as quantidades de reagentes, a fim de tornar os processos viáveis com a menor quantidade possível de matéria prima; b) substituir os reagentes e solventes tóxicos por outros menos agressivos ou persistentes; c) inserir o cálculo de eficiência atômica, nos experimentos de sínteses a fim de fazer uma análise mais profunda acerca do rendimento da reação; d) analisar os produtos secundários gerados e seu possível reaproveitamento ou tratamento; e) viabilizar o descarte adequado dos resíduos gerados. Todas essas ações tem tornado possível difundir de forma transversal a QV e explorar os seguintes princípios (ANASTAS e WARNER, 1998):  Redução da quantidade de matéria prima e prevenção de geração de resíduos;  Economia de átomos;  Síntese de produtos menos perigosos;  Uso de solventes mais seguros;  Uso de fontes renováveis de matéria-prima;  Química intrinsecamente segura para prevenção e acidentes.

Conclusões

A difusão teórica e prática dos princípios da QV através de sequência didática e reestruturação das aulas experimentais foi bem aceita entre os acadêmicos, os quais além de aperfeiçoar suas concepções acerca dessa temática, têm vivenciado seus princípios. É importante ressaltar que os reflexos das referidas ações já apontam internalizações conceituais e procedimentais nos acadêmicos. Porém, os dados indicam também a necessidade de dar continuidade a esse processo para que melhores resultados sejam obtidos a médio e longo prazo, repercutindo na prática docente desses indivíduos.

Agradecimentos

Referências

ANASTAS, P.T.; WARNER, J.C. Green Chemistry: theory and Pratice. New York: Oxford University Press, 1998.

BRASIL. Resolução CNE/CES 8, de 11 de março de 2002. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces08_02.pdf>.

PINTO, A.C. et al.. Química Nova. Vol. 32, n.3, p.567-570 abril/2009.

ZABALA, A, A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre. ArtMed, 1998.

ZUIN, V.G.; et al. Revista Eletronica de Enseñanza de las Ciencias. Vol.8, n.2. 2009.