Autores

Macedo, D.A. (UNEMAT E IFMT) ; Leão, M.F. (IFMT)

Resumo

Durante o cumprimento da disciplina de Estágio, observou-se a forte interação entre os alunos adolescentes e as mídias audiovisuais como os vídeos que são veiculados através da internet. Diante disso, foi proposto, como Projeto de Intervenção Pedagógica a produção de vídeos pelos alunos, onde estes deveriam realizar um determinado experimento e explicar o conceito científico envolvido registrando tudo em vídeo. Esta atividade foi aplicada aos alunos do nono ano da escola CESC de Barra do Bugres – MT. Nos vídeos, os grupos utilizaram abordagens criativas e bem humoradas, com a participação de todos os alunos. Em avaliação final, os próprios estudantes, julgaram ser esta metodologia uma maneira mais dinâmica e envolvente, para se trabalhar alguns conceitos científicos.

Palavras chaves

Experimentos; Produção de vídeos; Ensino de ciências

Introdução

A utilização de uma abordagem experimental para o ensino de ciências pode facilitar consideravelmente a compreensão de conceitos científicos e de alguns fenômenos que ocorrem em nosso cotidiano, além disso, é algo que motiva os educandos, desperta o interesse, desenvolve o raciocínio lógico e estimula a capacidade de trabalhar em grupo. Quando é o próprio aluno quem realiza uma pesquisa, desenvolve um experimento, compreende os fatores envolvidos e compartilha esse conhecimento com os demais colegas, ele consegue criar suas próprias reflexões e considerações. Segundo Andrade (2011), o uso das tecnologias é iminente, e elas estão transformando as relações humanas em todas as suas dimensões: econômicas, sociais e no âmbito educacional não têm sido diferente. A introdução do uso das TICs no ambiente de aprendizagem proporciona ao aluno interação sobre os objetos de tal ambiente, tendo, desta forma, novas oportunidades de construir o próprio conhecimento (SENA, 2011). Andrade (2011) afirma que a informação se disponibiliza através de tecnologias cada vez mais inovadoras, demandando novas formas de se pensar, agir, conviver e principalmente aprender com e através destas tecnologias. A produção independente de um vídeo pelos próprios estudantes é uma possibilidade de inovação, à medida que representa uma proposta atraente para a sala de aula onde os alunos estão habituados à comunicação unidirecional do professor (PEREIRA; BARROS, 2010). Diante disso, observa-se a possibilidade de aproveitar este recurso tecnológico como uma ferramenta didática para o ensino de ciências através da produção de vídeos, onde os estudantes são os protagonistas. Este artigo busca contribuir para a reflexão sobre a utilização da produção de vídeos, como estratégia didática para o ensino de ciência.

Material e métodos

Durante o cumprimento da disciplina de Estágio Supervisionado II, do curso de Licenciatura Plena em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), foram ministradas aulas de ciências para uma turma do 9º ano da escola CESC, em Barra do Bugres - MT, ao longo do mês de novembro de 2013. A partir das observações e experiências anteriores, foi possível perceber que os alunos adolescentes passam muito tempo acessando entretenimento na internet, baixando arquivos e assistindo vídeos. Muitos canais de vídeos na internet oferecem vídeo-aulas com a apresentação de experimentos, e a explicação do conceito científico envolvido, e isso é algo que chama a atenção dos educandos. Sendo assim, como Projeto de Intervenção Pedagógica, foi elaborada uma atividade prática com os alunos onde eles seriam os protagonistas de uma dessas vídeo-aulas, devendo realizar a gravação da execução de um experimento, explicando o conceito envolvido no mesmo. A princípio foi estabelecido um diálogo com os estudantes sobre a importância da internet como ferramenta de pesquisa, e fonte de informação, com o intuito de orientá-los a respeito do trabalho que seria desenvolvido. Em um segundo momento foi apresentado aos educandos alguns vídeos de experimentos retirados dos sites Manual do Mundo e Ponto Ciência, para provocar a curiosidade deles e motivar o desejo de realizar as práticas. Após a turma foi dividida em grupos que foram orientados à pesquisarem alguma prática que considerassem interessantes, buscar o conceito cientifico envolvido no experimento e reproduzi-la, registrando tudo na forma de vídeo. Cada grupo recebeu também, um roteiro contendo quais os elementos da atividade que seriam avaliados e dicas sobre como se produzir o vídeo.

Resultado e discussão

No dia da entrega da atividade, cada grupo trouxe o seu vídeo para que todos pudessem assistir e prestigiar a produção dos colegas. Ao final de cada vídeo foram feitos comentários sobre a experiência realizada, a explicação do fenômeno observado e a desenvoltura dos alunos ao longo do vídeo. A criatividade dos alunos na escolha dos experimentos e na maneira de apresenta- los foi surpreendente, apesar da aparente timidez de alguns, os vídeos fluíram bem humorados, com experiências interessantes e explicações detalhadas. Os experimentos realizados foram: “balão mágico”, “cor no leite”, “camaleão químico”, “glicerina do fogo” e “reações químicas”. Quando foram questionados sobre como se sentiram ao realizar as experiências, a maioria deles relatou que com esta atividade jamais se esquecerão do conceito científico responsável pelo fenômeno que representaram. Além disso, eles julgaram que o trabalho com atividades práticas é estimulante e divertido, pois eles têm a oportunidade de ver a ciência acontecendo, e podem tirar suas próprias conclusões sobre as causas de tal fenômeno e os fatores envolvidos. Dessa maneira, percebesse que assim como Lunneta (1991) afirma, as aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos, pois são colocados em uma situação em que um erro de procedimento pode resultar no sucesso ou fracasso do experimento. Nota-se a importância da gravação dos vídeos por se tratar de algo que faz parte do entretenimento cotidiano dos alunos e estar associada à diversão, tornando assim, o processo de aprendizagem mais prazeroso e possibilitando a formação de conhecimentos que serão levados para a vida toda.

Conclusões

O trabalho desenvolvido mostrou-se uma metodologia alternativa às tradicionais aulas de ciências, dinamizando a abordagem, contextualizando os assuntos e envolvendo os alunos diretamente com a realização da atividade, permitindo que eles próprios desenvolvam suposições e opiniões a respeito da prática por eles mesma escolhida e realizada. A avaliação positiva por parte dos alunos indica que a realização de experimentos associada à produção de vídeo é uma estratégia didática que envolve os alunos diretamente, permitindo a construção de saberes a partir de suas próprias reflexões e experiências.

Agradecimentos

Ao IFMT, pelos subsídios e oportunidades oferecidos. Ao colégio CESC, pelo apoio ao projeto.

Referências

ANDRADE, A. P. R. O uso das tecnologias na educação: computador e internet. Monografia. Universidade de Brasília, Brasília – DF, 2011.

LUNETTA, V. N. Actividades práticas no ensino da Ciência. Revista Portuguesa de
Educação, vol. 2, n. 1, 1991.

PEREIRA, M. V.; BARROS, S. S. Análise da produção de vídeos por estudantes como uma estratégia alternativa de laboratório de física no Ensino Médio. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 32, n. 4, São Paulo Oct./Dec. 2010.

SENA, D. C. S. As tecnologias da informação e da comunicação no ensino da educação física escolar. Hipertextus Revista Digital (www.hipertextus.net), n.6, Ago. 2011.