Autores

Watanabe, L.A. (UFPA/SEDUC-PA) ; Ramos, G.C. (UEPA/UFPA) ; Watanabe, L.A. (UFPA) ; Moura, S.R. (UFPA/SEDUC-PA) ; Freitas, A.M.L. (UFPA/SEDUC-PA)

Resumo

Atualmente, o ensino de química caracteriza-se pela sua postura tradicional e desligada das vivências dos educandos. Diante dessa realidade o presente trabalho teve por objetivo avaliar o ensino-aprendizado das funções orgânicas em um 3º ano do ensino médio da rede estadual de ensino no município de São Miguel do Guamá-PA . Os resultados revelam um ensino centrado em fórmulas e nomenclaturas e sem a contextualização dos conhecimentos químicos, consequentemente um aprendizado pouco significativo.

Palavras chaves

funções orgânicas; ensino tradicional; contextualização

Introdução

As funções orgânicas é um dos conteúdos escolares em que os alunos apresentam grandes dificuldades de aprendizagem, especialmente nos aspectos de identificação, nomeação e aplicação dos compostos orgânicos (GERMANO et al., 2010). Considerando este contexto, é de suma importância mecanismos de avaliação do aprendizado pelo professor, pois através deles o educador percebe se o sucesso foi ou não obtido, entende o que não funcionou direito em sua prática de ensino (onde está a falha) e traça estratégias inovadoras que facilitem a aprendizagem dos alunos (PREITE, 2010). O educador deve entender que a aprendizagem é uma construção pessoal baseada em novas informações e em conhecimentos prévios, e para que os alunos construam seus próprios conhecimentos, é necessário que os professores reflitam e mudem suas práticas educacionais (PREITE, 2010). Outro agravante é que o ensino de química no Brasil tem se reduzido a transmissão de informações, definições e leis isoladas, sem qualquer relação com a vida do aluno. (BRASIL, 1999; 2002). Sobre isto BRASIL (2000, p. 30) afirma: “[...], a abordagem química escolar continua praticamente a mesma. Embora às vezes maquiada com uma aparência de modernidade, a essência permanece a mesma, priorizando-se informações desligadas da realidade vividas pelos alunos e pelos professores”. Através dos trechos anteriores percebe-se a falta de contextualização no ensino de química, o que não contribui para uma aprendizagem dos conhecimentos químicos e suas aplicações em situações reais de vida dos educandos. Diante do exposto acima, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o ensino-aprendizado do conteúdo de funções orgânicas numa turma de 3º ano do ensino médio de uma escola estadual de ensino do município de São Miguel do Guamá-Pará.

Material e métodos

O público alvo desta pesquisa foram 19 alunos do 3° ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Frei Miguel de Bulhões, em São Miguel do Guamá, estado do Pará. Inicialmente foi investigado junto ao professor se o conteúdo de funções orgânicas havia sido ministrado, e a resposta foi positiva. Diante disto, para coleta de dados aplicou-se um questionário com as três perguntas seguintes: 1) Você consegue identificar as funções orgânicas? (_) Sim (_) Não; 2) Você consegue obter a estrutura química de uma substância a partir de sua nomenclatura e vice-versa? (_) Sim (_) Não; 3) Você conhece alguma (as) aplicação (ões) das funções orgânicas em seu dia a dia? (_) Sim (_) Não. Após aplicação do questionário e, consequente, obtenção dos dados, realizou-se o processo de análise e redação de texto.

Resultado e discussão

O questionário final mostrou resultados interessantes por questão (em porcentagem) e permitiu fazer algumas análises: 1) Esta questão tinha como finalidade descobrir se alunos conseguiam identificar as funções orgânicas. Os resultados mostram 15,79% dos alunos não consegue identificar as funções orgânicas, enquanto que 84,21% afirmou reconhecê-las. Este último percentual revela que a maioria dos alunos conhece os grupos funcionais que caracterizam as funções orgânicas. 2) Esta questão teve por objetivo verificar se os alunos tinham as habilidades de representar estruturas químicas de compostos orgânicos a partir da nomenclatura e vice-versa. Os resultados obtidos mostram que 42,11% dos alunos apresentam as habilidades mencionadas, enquanto que mais da metade (57,89%) não se “familiariza” com tais aspectos, o que é preocupante, pois são questões intensamente trabalhadas na abordagem do referido conteúdo. 3) Esta questão teve por finalidade diagnosticar se os alunos conhecem alguma aplicação das funções orgânicas no cotidiano. Os resultados obtidos mostram que 36,84% dos alunos conhecem alguma aplicação das funções orgânicas no dia a dia, enquanto que 63,16% não conhece nenhuma. Esse último percentual revela que a disciplina de química pode está sendo ensinada de forma desarticulada do contexto social dos alunos, como se a utilização de certos tipos de compostos orgânicos (funções orgânicas) para produção de combustíveis, medicamentos, agrotóxicos etc. fossem processos alheios aos conhecimentos dessa disciplina.

Conclusões

Os resultados revelam um ensino tradicional em que a maioria dos alunos consegue identificar as funções orgânicas, no entanto apresentam dificuldades em representar estruturas químicas. No que diz respeito à aplicação das funções orgânicas, quase a totalidade dos alunos não conseguiu relacionar o conteúdo com o cotidiano, o que é preocupante, pois revela uma prática de ensino descontextualizada, o que não proporciona uma aprendizagem significativa.

Agradecimentos

A Deus e aos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Frei Miguel de Bulhões.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.
______. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Parte 3): Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em: 05 de junho de 2014.
______. Ministério da Educação e Cultura - Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.
GERMANO, Carolina M. et al.. Utilização de Frutas Regionais como Recurso Didático Facilitador na Aprendizagem de Funções Orgânicas. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 de julho de 2010.
PREITE, Nailliw Zanini. A avaliação nos processos de ensino e aprendizagem: concepções de professores da rede pública de ensino. Monografia (em Ciências Biológicas). Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2010.