Autores

Paulo Colares, R. (UNILAB) ; Marques da Fonseca, A. (UNILAB) ; Matos de Andrade, L. (UFC)

Resumo

Os jogos proporcionam uma metodologia inovadora e atraente para ensinar de forma mais prazerosa e interessante. Neste contexto, o presente trabalho estudou a influência de jogos didáticos no ensino de Química em uma escola de ensino médio da rede pública, como ferramenta para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, objetivando tornar as aulas de Química mais atrativas e dinâmicas. A verificação da influência dos jogos no processo de desenvolvimento da aprendizagem foi feita por meio de observações e questionários aplicados antes e após o evento lúdico. foi observado que os jogos didáticos estimulam e motivam o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, após o jogo, foi observado um maior número de respostas corretas.

Palavras chaves

jogos didáticos; ensino de química; o lúdico na química

Introdução

O desenvolvimento da aprendizagem de ciências naturais é um processo que requer uma prontidão de habilidades, como pensamento lógico, capacidade de abstração, noções de espaço tridimensional, resoluções da álgebra e aritmética, que muitos alunos na pré-adolescência ainda não dominam. Dentre os fatores que dificultam o ensino e aprendizagem da Química estão os poucos recurso investidos na educação e o uso de uma metodologia de trabalho inadequada, onde professores insistem em métodos voltados à excessiva memorização de fatos, símbolos, fórmulas, nomes e teorias que parecem não ter nenhuma relação entre si. É nesse contexto que os jogos didáticos ganham espaço como instrumento motivador para a aprendizagem. Segundo Campos (2002) o lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo, além de integrarem as várias dimensões do aluno, como a afetividade, o trabalho em grupo e as relações com regras pré-definidas. Os jogos podem ser usados em qualquer disciplina, porém, precisa-se ter cuidado na maneira em que os mesmos serão aplicados, é muito importante que tenham o foco no lúdico e no aprendizado, regras claras e sejam testado antes de serem divulgados em sala de aula (CUNHA, 2012). Assim, o presente trabalho estudou a eficiência do jogo Trilha Química, o qual foi adaptado, no processo de ensino e aprendizagem de química de alunos do ensino médio da rede pública.

Material e métodos

Neste trabalho, o jogo ”Trilha da Química” proposto primeiramente por alunos do curso de Licenciatura em Química de Itumbiara-GO (Silva, A.F, et.al.), foi adaptado para abordar os conteúdos de “Substâncias (matéria)”, também saiu do formato tradicional de um jogo de tabuleiro, para um formato mais ampliado, sendo elaborado com folhas de cartolina. O jogo foi composto por 43 fichas, a trilha e um dado, Figura 1. Cada ficha continha em um dos lados uma pergunta a ser feita pelos participantes para a equipe adversária, e do outro lado, a resposta. Por exemplo: Como é chamada a mistura na qual suas propriedades não são iguais em suas partes ou porção? (Pergunta - lado externo)/(Resposta - Solução/ Mistura homogênea (lado interno). Regras do jogo: Com o auxilio de um dado inicia-se o jogo, a equipe que tirar o maior número iniciará respondendo as perguntas. Após o palpite da equipe, a adversária, poderá dizer à resposta correta, confirmando ou não com a resposta dada. Acertando, a equipe terá direito de jogar o dado para saber quantas ‘casas’ será percorrida. Depois, a equipe que estiver respondendo fará a pergunta de uma nova ficha e a equipe que estava perguntando, responde. Sendo assim, até o final da trilha. Para que o jogo pudesse ser avaliado no processo de ensino/aprendizagem, antes e após a sua aplicação, os alunos responderam duas questões subjetivas e duas que resgatava algum conhecimento sobre o conteúdo lecionado de Química: 1) O que é a Química para você? 2) Você sabe que partícula constitui a matéria? 3) Diga a definição de matéria. 4) Olhe a tabela periódica e escreva uma família. 5) Identifique no seu cotidiano onde a Química se faz presente. Dê exemplos. Também foi aplicado um questionário para que os discentes pudessem avaliar o evento lúdico.

Resultado e discussão

Foi realizada uma comparação entre as respostas do questionário aplicado antes e após o jogo. A Figura 2a apresenta à opinião dos alunos sobre o que é a Química. Foi verificado que 57% dos alunos atribuíram o conceito de Química aos fenômenos, percentual maior que da primeira aplicação do questionário (16%); 14% conceituaram de maneira geral, 10% atribuíram o conceito de Química ao estudo dos elementos e 19% não responderam adequadamente. Esses percentuais foram menores que da primeira aplicação, que foram respectivamente, 20%, 20% e 43%. Assim, no momento que eles relacionam a Química aos fenômenos, entende-se que adquiriram uma melhor compreensão da definição. Considerando as perguntas dois, três e quatro, que enfoca o conteúdo da Química propriamente dita, Figura 2b, o resultado que mais chama atenção é o conceito de matéria, o qual subiu de 40% para 95% de acertos. O percentual de acertos no conceito de família subiu de 50 para 62%. De modo geral, pôde ser observado que após a aplicação do jogo, ocorreu um maior número de acertos. Analisando as resposta da pergunta cinco, Figura 2c, pode-se observar que 86% identificaram a Química no cotidiano após a aplicação do jogo, percentual bem superior ao obtido na primeira aplicação que foi de 57%. Com relação ao evento lúdico, eles afirmaram que as principais vantagens do jogo foram: “forçar a pensar”, “ajudar no desenvolvimento” e “fazer perceber que temos que estudar mais”. Para alguns discentes, ter que estudar mais foi considerado como uma desvantagem. Pode-se perceber que o jogo aplicado teve foi eficiente no processo de ensino e aprendizagem, podendo ser uma ferramentas alternativas e dar um bom suporte e/ou apoio tanto para o professor que quer transmitir conhecimento, como para o aluno que deseja adquiri-lo.

Figura 1. Jogo Trilha Química criado com cartolina e papelão.

Figura 1. jogo Trilha Química criado com cartolina e papelão.

Figura 2. Representação gráfica comparando as respostas dos alunos com

Representação gráfica comparando as respostas dos alunos com relação a Química antes e após a aplicação do jogo.

Conclusões

O jogo usado para auxiliar na aprendizagem do conteúdo de Tabela periódica’, teve uma boa repercussão. Os alunos acharam as perguntas difíceis, no entanto, com o lúdico, se esforçaram e conseguiram chegar a um maior número de acertos. O jogo não substitui os outros métodos de ensino, porém, influenciam na aprendizagem de maneira sutil, construindo o conhecimento gradativamente através da motivação, desafio e interação. A influência do jogo não fica apenas para o aprendizado do aluno, mas também para a vontade de inovação para professor.

Agradecimentos

Os autores agradecem: A todos os envolvidos na construção deste trabalho.

Referências

1. Santos, A.F. et. al. Trilha da Química, uma inovação no processo ensino-aprendizagem. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ)- 2008.
2. CAMPOS, L.; BORTOLOTO, T. M.; FELÍCIO, A. K. C. A produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem, 2002 – Disponível em <www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf> Acesso em 19/05/2014.
3. CUNHA, M.B. Química Nova na Escola, 34 (2012) 92.