Autores

Alves de Souza Filho, D. (IFCE) ; Rosemary Gonçalves Pedrosa, M. (SEDUC)

Resumo

O objetivo desse trabalho foi avaliar o ensino de temas ambientais através de práticas laboratoriais. O projeto contou com a participação de 160 estudantes do 2º ano do ensino médio. Foram realizadas duas aulas práticas com a temática da chuva ácida, as aulas foram realizadas no laboratório de ciências da Escola, no qual foi disponibilizada toda a estrutura para a realização das práticas, assim como os recursos audiovisuais necessários. Como forma de avaliação, foram realizados 2 questionários, um de sondagem antes das aulas e outro logo após as aulas. Pelos resultados observa-se que as aulas práticas contribuem consideravelmente para o aprendizado de química ambiental envolvendo mecanismos físicos, químicos e biológicos da chuva ácida de forma interdisciplinar em turmas de ensino médio.

Palavras chaves

Química Ambiental; Educação Ambiental; Aulas Práticas

Introdução

Várias das mudanças globais no ambiente causadas por atividades humanas tais como o aumento nas concentrações e a dispersão global de contaminantes químicos e poluentes, a depleção na camada de ozônio na estratosfera, o aquecimento global e a chuva ácida, são mediadas através da química da atmosfera (ANDRADE et al, 1990). O seu estudo, contudo, ainda causa muito estranhamento por parte dos estudantes do ensino médio, quer pela falta de intimidade pelas fórmulas químicas envolvidas nesses processos, ou ainda, pela ausência de aulas práticas relativas a esses fenômenos. A educação ambiental surge nesse contexto como forma interdisciplinar de conceituação e contextualização dos fenômenos físico- químicos que envolvem ciclo do carbono, enxofre e nitrogênio. Nessa perspectiva, a Educação Ambiental discute de forma ampla, as relações sociedade-meio ambiente, articulando o sujeito para refletir, bem como buscar meios para intervir nos problemas e conflitos ambientais (CARVALHO, 2004). Para tanto é importante que se trabalhe a Educação Ambiental dentro e fora da escola, elaborando e inserindo projetos que envolvam os alunos e buscando a contextualização dos temas abordados (SANTOS, 2010). Para Zanon e Maldaner (2007), a contextualização desenvolvida refere-se tanto ao contexto de vivência do estudante quanto ao contexto de produção do conhecimento científico, procurando-se, com a abordagem contextualizada, auxiliar os alunos a construírem conceitos científicos. Uma das estratégias didáticas encontradas para alcançar a contextualização é trazer à sala de aula a compreensão do conteúdo, de modo a despertar a motivação do aluno, através de atividades práticas e experimentais, que, segundo Zanon e Maldaner (2007), pode ser caracterizada como um diálogo entre teoria e prática.

Material e métodos

O projeto contou com a participação de 160 estudantes do 2º ano do ensino médio da escola EEEP Professor Onélio Porto, sendo 40 alunos de cada uma das turmas de Enfermagem, Moda, Finanças e Informática, localizada em Fortaleza/CE. Foram realizadas duas aulas práticas com a temática da chuva ácida, as aulas foram realizadas no laboratório de ciências da Escola, no qual foi disponibilizada toda a estrutura para a realização das práticas, assim como os recursos audiovisuais necessários. Cada turma foi dividida em duas metades, nas quais foram para o laboratório 20 alunos em cada período de uma aula de 50 minutos. Como forma de avaliação, foram realizados dois questionários, um de sondagem antes das aulas e outro logo após as aulas. Para as aulas práticas necessitou-se dos seguintes materiais: recipiente de vidro com tampa de metal de aproximadamente 600ml (pote de palmito), enxofre em pó, fósforos, conta-gotas, espátulas, becker de 150 ou 200ml, solução de repolho roxo, colheres e uma pequena planta (fixada ao pote, ou substituída por uma folha verde presa por um fio de nylon). A metodologia seguiu os seguintes procedimentos: 1. Preparar a solução de repolho roxo (indicador natural). 2. Retirar o cone do pote e colocar uma colher retorcida em forma de L. Colocar a solução de repolho roxo no pote e encher a colher com enxofre em pó. Acender um palito de fósforo e inicie a queima do enxofre. Imediatamente recolocar o cone dentro do pote e mantê-lo fechado. Aguardar alguns minutos, observar e anotar o ocorrido. Observar e anotar o ocorrido. 3. Repetir o procedimento 2 utilizando a planta ou folha ao invés da solução de enxofre. Observar e anotar. Ao final, os alunos tiveram que responder um questionário de 4 questões sobre o tema da aula prática.

Resultado e discussão

O questionário de percepção revelou que 50% dos alunos da turma de Finanças e Informática desconheciam temas como chuva ácida e os ciclos biogeoquímicos do carbono, nitrogênio e enxofre. O mesmo foi observado em 30% da turma de Moda e 35% da turma de Enfermagem. Acredita-se que já haviam sido abordados em sala esses temas nas turmas que obtiveram menores desconhecimentos dos assuntos (Moda e Enfermagem), já que o currículo de cada curso varia conforme seu tipo. Acreditava-se, portanto que essas turmas teriam um melhor desempenho durante a aula e no posterior questionário avaliativo. Contudo, pelos resultados do questionário final, percebeu-se um melhor rendimento com as turmas de Finanças e Informática, que obtiveram melhor nota nas suas respectivas avaliações, 80% e 87,5% de respostas certas respectivamente. Já as turmas de Enfermagem e Moda obtiveram respostas corretas de 75% e 62,5%, respectivamente. Com isso, observa-se que a aula prática teve grande êxito, quer seja em turmas que relataram ter desconhecimento sobre o assunto, quer seja nas turmas que já conheciam tais temas.

Conclusões

Os alunos demonstraram durante as aulas grande interesse pelo assunto, contribuindo através dos próprios relatos sobre o tema e ao final discutiram-se como suas ações poderiam contribuir para a melhoria do meio ambiente. Pelos resultados, percebeu-se um melhor rendimento com as turmas de Finanças e Informática, contudo, juntamente com a análise das respostas das turmas de Enfermagem e Moda, corrobora a hipótese de que as aulas práticas contribuem consideravelmente para o aprendizado de química ambiental envolvendo aspectos físicos-químicos e biológicos da chuva ácida de forma interdisciplinar.

Agradecimentos

À Escola Estadual de Educação Profissional Professor Onélio Porto.

Referências

ANDRADE, J.B.; SARNO, P. Química Ambiental em Ação: Uma Nov a Abordagem para Tópicos de Química Relacionados com o Ambiente, Quim. Nov a, v . 1 3, p. 21 3-221 ,1 990.

CARVALHO, I. C. M. “Ambiental” como valor substantivo: uma reflexão sobre a
identidade da educação ambiental. In: SAUVÉ, L.; ORELLANA, I.; SATO, M.
Textos escolhidos de educação ambiental: De uma América a Outra.
Montreal, Publications ERE – UQAM, 2002, Tomo I, pp. 85-90 (versão em
português).
SANTOS, H.M.N.; BORGES, A.A.S.; CÂNDIDA, A.C.; FEHR, M. Educação
ambiental e resíduos sólidos em Araguari/MG – Brasil. Revista da Católica,
Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 136-152, 2010.

ZANON, Lenir Baso.; Maldaner, Otavio Aloisio (Orgs.). Fundamentos e propostas
de ensino de química para a educação básica no Brasil. Ijuí: ed. Unijuí, 2007. –
Coleção Educação em Química