Autores

Silva, A.S. (UEPA) ; Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Barros, D.M.B. (UEPA) ; Nunes, L.P. (UEPA) ; Santos, S.R.L. (UEPA) ; Pantoja, L.C.C. (UEPA) ; Costa, N.L.S. (UEPA)

Resumo

As erosões são mudanças visíveis na morfologia, ocasionada por fatores químicos, físicos, biológicos, ou ainda pela ação antrópica. A Praia Grande em Salvaterra está sofrendo drásticas transformações, o que acomete a perda parcial da primeira travessa da cidade. Com o intuito de mostrar aos discentes de 8º ano da escola “Oscarina Santos” o problema desta região, fez-se uso da interdisciplinaridade e da contextualização para facilitar a aprendizagem de conceitos erosivos, além de instigar o aluno a propor soluções para o problema em debate, transformando-os desta forma em indivíduos críticos que possam observar a natureza não mais como uma simples parte do ecossistema, mas sim como um fator essencial para vida.

Palavras chaves

Erosão; Interdisciplinariedade; Praia Grande

Introdução

O arquipélago do Marajó é um complexo estuarino formado por dezenas de ilhas localizadas na Golfão Marajoara, a qual possuem cidades com belíssimas praias, tornando-se ponto turístico principalmente em meses festivos (FENZL, 2012). Em Salvaterra, a Praia Grande é a mais frequentada por banhistas, devido fácil acesso, porém há décadas uma área da praia sofre impactos ambientais, por fatores naturais ou pela ação antrópica, ocasionando o assoreamento em partes da região (OLIVA JÚNIOR, 2012; SECTUR, 2012). Os impactos ambientais são considerados quaisquer tipos de alterações físicas, químicas ou biológicas, que ocasionam prejuízos a uma população, como o desmoronamento da encosta da praia que barra a expansão da água, proporcionando o desaparecimento parcial da primeira travessa da cidade (BRASIL, 1986). Essas erosões são mudanças visíveis da morfologia, pois provoca destruição progressiva da encosta, limitando o uso adequado do espaço e desvalorizando economicamente a área (FRANÇA; SOUZA FILHO, 2006). O homem desde o princípio está avançando e descobrindo novos caminhos, de forma que as tecnologias, as indústrias estão se desenvolvendo rapidamente, e deixando o meio ambiente em segundo plano. Nesse contexto, surge a interdisciplinaridade para ajudar a solucionar problemas enfrentados em diferentes âmbitos escolares, estabelecendo a compreensão e o desvendar do saber que o ser tem sobre o ambiente, fazendo a relação homem – natureza. O termo retrata a integração de ideias, disciplinas em seu entrosamento, proporcionando um conhecimento amplo sobre o assunto. A didática-pedagógica junto com as práticas ambientais desenvolvem ações interdisciplinares que reconstrói conteúdos e experimentos em diferentes transformações (COIMBRA, 2012).

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido com 10 (dez) alunos de 8º ano do ensino fundamental da escola “Oscarina Santos”, onde realizou-se uma visita as margens da Praia Grande localizada no município de Salvaterra, para informar e discutir os fatores que promovem as erosões. A conferência foi direcionada principalmente para as áreas que apresentam assoreamento das bordas da orla e da barragem de contenção construído para estagnar os desmoronamentos da primeira travessa da cidade. A princípio foi agendado com os estudantes pré- definidos neste projeto a visita às margens da praia. Na data selecionada, os estudantes foram direcionados pelo grupo executor até a o local de desenvolvimento do trabalho. No ambiente proporcionante das ideias a serem trabalhadas, o grupo buscou através de questionamentos, o conhecimento prévio dos estudantes a respeito dos fenômenos observados. Em seguida, a equipe palestrante relacionou as ideias que foram surgindo com a interdisciplinaridade, relacionando assuntos de física, química e biologia para explicar de forma mais técnica os fenômenos ocorrentes das erosões. Após a execução da palestra, foi aplicado com os discentes um questionário com sete perguntas relacionadas ao problema discutido e a metodologia, utilizando a interdisciplinaridade e a contextualização no ensino de conceitos ambientais. A cada pergunta o discente teve quatro opções, podendo assinalar somente uma com o quesito de "excelente, bom, regular ou ruim", com exceção da última questão que foi discursiva.

Resultado e discussão

A compreensão quanto às consequências das erosões da orla da praia grande de Salvaterra-PA, promoveu aos alunos opiniões a respeito de possíveis soluções para sua estagnação, como o mencionado pela aluna Mayara: “deveriam construir as barreiras corretamente, com rampa”. A medida proposta pela estudante é um argumento contra a construção da barragem erguida para conter as erosões, pois está a desabar junto com as margens da praia (Fig. 01). Construir a barragem em forma de rampa seria uma alternativa eficaz para estagnar as erosões, visto que os impactos das ondas não seriam tão absorvidos quanto na forma que a barreira fora construída, por apresentar sua estrutura em forma de muro, as ondas quando batem causam forte impacto na estrutura. De acordo com Lins-de-Barros (2005) atualmente as chamadas obras “leves” como a revegetação e o recuo da urbanização vem sendo alternativas utilizadas como solução para o controle dos deslizamentos de encostas, além de estarem substituindo as construções de concretos e outros materiais classificadas como obras “duras”. Com a aplicação do questionário ao final da exposição, pode-se constatar que, os alunos estão cientes dos fenômenos erosivos presentes na cidade. As classificações das respostas obtidas podem ser observadas na Fig. 02. As perguntas de múltipla escolha estão representadas no gráfico pela sigla P1 à P6. Sendo P1 o nível de entendimento dos processos erosivos após a palestra; P2 referentes a seus conhecimentos já adquiridos deste conteúdo antes da palestra; P3 a maneira que fora trabalhado este assunto em sala de aula; P4 sobre o ambiente utilizado para exposição; P5 o ensino fora da escola; e P6 classificação quanto a metodologia a que eles presenciaram, utilizando a contextualização e a interdisciplinaridade.

Fig. 01

(A) Realização da palestra na Praia Grande; (B), (C) e (D) Erosões perceptivas nas margens da praia.

Fig. 02

Gráfico demonstrativo das respostas obtidas com o questionário.

Conclusões

Com a utilização da interdisciplinaridade e a contextualização para o desenvolvimento do trabalho, pode-se concluir que os discentes começaram a ter novas visões a respeito dos impactos ambientais daquela região, haja visto que o grupo expositor fez questionamentos que levaram aos alunos a refletir sobre os problemas que a falta de uma educação ambiental traz para uma sociedade. Além disso, à falta de informação sobre as causas e consequências que a erosão ocasiona, pode gerar interferências negativas à biodiversidade e a desvalorização econômica da região.

Agradecimentos

Referências

BRASIL. Resolução CONAMA nº 001, de 23 janeiro de 1986. Dispõe sobre as diretrizes gerais para uso e implementação de Avaliação de Impacto Ambiental. Brasileira. Diário Oficial, 1986. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.Html>. Acesso em: 09 de agosto de 2016.

COIMBRA, Audrey de Souza. Interdisciplinaridade e educação ambiental: integrando seus princípios necessários. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental, v. 14, 2012.

FENZL, Norbert (coor.). Relatório parcial II: Ilha do Marajó: caracterização física dos entornos. In: Projeto gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos transfronteiriços na bacia do rio amazonas, considerando a variabilidade e mundança climática projeto gef amazonas–otca/gef/pnuma. Belém, 2013. Disponível em: < http://otca.info/gef/uploads/documento/1a948ATIVID.III.2.3_MAAMAR.ROBRINI_RELATORIO_4.pdf>. Acesso em: 09 de agosto de 2016.

FRANÇA, Carmena Ferreira de; SOUZA FILHO, Pedro Walfir Martins e. Compartimentação morfológica da margem leste da ilha de marajó: zona costeira dos municípios de Soure e Salvaterra – Estado do Pará. Revista Brasileira de Geomorfologia-Ano, v. 7, n. 1, 2006.

LINS-DE-BARROS, Flavia Moraes. Erosões costeiras e gerenciamento: estudo de casos do litoral de Maricá, Rio de Janeiro. In: I seminário Maricá: Dinâmica urbana e ambiental. 2005.

OLIVA JÚNIOR, Elenaldo Fonseca de; SOUZA, I. S. Os impactos ambientais decorrentes da ação antrópica na nascente do Rio Piauí-Riachão do Dantas/SE. Revista Eletrônica da Faculdade José Augusto Vieira, Ano V, n. 7, 2012.

SECTUR. Inventario da Oferta Turística de Salvaterra. Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte. 2012. Disponível em: <http://www.setur.pa.gov.br/sites/default/files/pdf/inventario_salvaterra.pdf>. Acesso em: 09 de agosto de 2016.