Autores

Schzmann, M.R. (IFC) ; Ficagna, N. (IFC) ; de Simas, M.A. (IFC) ; Camillo, E. (IFC) ; Schuck, K. (IFC) ; da Silva, I.F. (IFC) ; Alves, R.C. (IFC) ; Padilha, J. (IFC)

Resumo

Este trabalho propõe o estudo do manuseio de substâncias voláteis, como o Tolueno e o Ácido Clorídrico P.A. como proposta didática para integração das disciplinas de Química e Segurança do Trabalho. Os experimentos foram realizados usando 100mL de cada solvente em três condições experimentais (M1)em ambiente ideal e controlado utilizando capela; (M2) em ambiente natural a 25°C, sem o uso da capela e (M3) em ambiente crítico, simulando condições não ideais, com uso da exaustão da capela e com aquecimento a 30°C. Para estimar a concentração dos gases químicos, foram utilizados tubos capilares colorimétricos da marca Kitagawa AP-20. Nesta atividade integrada, os alunos conseguiram visualizar a importância do uso dos EPI’s e os principais fatores de risco dentro do laboratório de química.

Palavras chaves

substâncias voláteis; interdisciplinaridade; ensino integrado

Introdução

No Ensino Médio, as atividades práticas são necessárias para a compreensão e correlação dos diversos conteúdos trabalhados em sala de aula. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, seção IV do Ensino Médio, art. 35, parágrafo IV, "a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” é uma etapa necessária e, de forma geral, indispensável para o melhor aprofundamento dos conteúdos (BRASIL, 1996). Desta forma, a prática docente é desafiada a construir situações práticas do dia a dia, favorecendo essa integração e proporcionando ao aluno uma visão crítica, investigativa e profissional. O ambiente de laboratório é um local que apresenta riscos e estão propensas a acidentes. A integração das disciplinas Química e Segurança do Trabalho é necessária para proporcionar ao estudante uma formação mais rica, participativa e próxima da realidade do mercado de trabalho, o que certamente agregará valor a sua futura atuação profissional. Segundo Machado (2008) o experimento didático deve privilegiar o caráter investigativo, favorecendo e proporcionando a compreensão das relações conceituais da disciplina. Neste contexto, o presente trabalho propõe um experimento didático envolvendo a manipulação de substâncias voláteis como proposta didática para integração da disciplina de Química e Segurança do Trabalho.

Material e métodos

Materiais utilizados: Ácido Clorídrico P.A, Tolueno P.A, Tubos Colorimétricos da marca KITAGAWA AP-20, Béquer e Provetas de 100mL, Chapa de Aquecimento com Termostato e Medidor de Stress Térmico. Metodologia: Este trabalho foi realizado no laboratório de química do Instituto Federal Catarinense - Campus Luzerna - SC com alunos do 2° e 3° ano do Ensino Médio Integrado em Segurança do Trabalho. Antes da execução dos experimentos foram realizadas aulas expositivas tratando sobre a importância do uso dos EPI’s, os riscos químicos envolvidos na manipulação dos vapores emitidos pelo HCl P.A. e Tolueno P.A. e a postura de segurança para o procedimento de análise. Em seguida, os alunos realizaram a detecção e quantificação dos gases. As amostras de gases foram manuseadas em três condições:(M1) em ambiente ideal e controlado, utilizando a capela e temperatura a 25°C; (M2) em ambiente natural a 25°C, sem o uso da capela e (M3) em ambiente crítico, simulando condições não ideais, com uso da exaustão da capela e com aquecimento a 30°C.

Resultado e discussão

Segundo Chrispino e Faria (2010), a tolerância máxima de vapores emitidos pelo HCl é aproximadamente 5 ppm, e sua exposição pode causar irritação na garganta, pele e mucosas. Já para o Tolueno P.A, a concentração de tolerância é de aproximadamente 200 ppm e sua inalação pode causar depressão das funções da medula óssea e depressão do sistema nervoso central. Neste experimento, a análise experimental foi realizada com a supervisão de dois docentes e dois técnicos de laboratório com o uso obrigatório de EPI’s. Foi possível observar diferenças colorimétricas e de concentração (ppm) nas três condições estudadas (Tabela 1). Após o experimento, 100% dos alunos visualizaram a integração das disciplinas de química e segurança do trabalho e apontaram que o uso de EPI para essa prática foi importante para a diminuição de acidentes no laboratório. Dos 34 alunos entrevistados, 91,2% destes consideraram uma situação de risco todas as vezes que as medidas foram realizadas fora da cabine de segurança do laboratório e mais críticas, quando as amostras foram submetidas ao aquecimento.8,8% dos discentes acreditam que, independente da condição experimental, a situação de manipulação das substâncias voláteis é de alto risco e expõe vapores químicos no ambiente, comprometendo a segurança de todos no laboratório. Quando perguntamos qual a condição que mais influenciava a exposição ao agente químico durante a execução deste experimentos, 94,1% afirmaram que a concentração, temperatura e pressão são fatores determinantes para o aumento da intensidade e apenas 5,9% discordaram afirmando que apenas a concentração molar das substâncias era o único fator decisivo para exposição dos agentes químicos.

Tabela 1. Resultado da análise quantitativa

Legenda:(M1)medição em ambiente controlado, (M2) medição em ambiente natural sem aquecimento (M3) medição em ambiente controlado com aquecimento 30°C.

Conclusões

Podemos concluir que foi possível integrar os assuntos teóricos das disciplinas de química e Segurança no Trabalho com o uso da prática experimental. Esta atividade experimental proporcionou uma visão investigativa ao discente, permitindo a identificação de fatores de riscos presentes num laboratório quanto à manipulação de substâncias voláteis proporcionando um aprofundamento dos conteúdos trabalhados em sala de aula.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal Catarinense – Campus Luzerna-SC.

Referências

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

CHRISPINO, A.; FARIA, P. Manual de Química Experimental. Editora Átomo, Campinas-SP, 2010.

MACHADO, P. S. L.; MÓL, G. DE S. Experimentando Química com Segurança. Química Nova na Escola, v. 27, p. 57–60, 2008.