Autores

Roberto, T.A. (UERR) ; Coutinho, L.C.S. (UERR) ; Sampaio, I.S. (UERR) ; Tavares, C.F. (UERR) ; Oliveira, J.C.C. (UERR)

Resumo

O uso de jogos didáticos no ensino escolar sempre atrai a atenção dos estudantes, pois são atrativos e de fácil compreensão, tornando a aula agradável e mais proveitosa na absorção de certos conteúdos que são considerados chatos e difíceis. Nesta perspectiva, o objetivo desta pesquisa foi facilitar e dinamizar a aprendizagem e a busca pelo conhecimento, reforçando o conteúdo de misturas homogêneas e heterogêneas através da ferramenta lúdica Jogo da Memória “Misturando” em uma turma do 1º ano do ensino médio em uma escola do município de Rorainópolis/RR. O método foi bem recebido e bem sucedido, levando em consideração a opinião dos estudantes e os resultados obtidos.

Palavras chaves

Ludicidade; Dinâmica; Jogo da Memória

Introdução

A importância de novas metodologias no ensino de química está ligada a um processo histórico onde estudantes veem a referida disciplina como algo quase impossível de ser assimilado e compreendido. Os jogos e atividades lúdicas são ferramentas didáticas que despertam nos estudantes o interesse sobre o conteúdo pra uma melhor aprendizagem, e essa aprendizagem, para Cabrera & Salvi (2005), pode ser desenvolvida, pois quando o estudante está jogando ele aprende enquanto brinca, posto que, segundo eles, as atividades lúdicas relacionam a coordenação motora, a capacidade cognitiva e os afetos nos seres humanos, induzindo automaticamente ao processo de ensino/aprendizagem. Essa metodologia tem se mostrado bastante eficaz demonstrando excelentes resultados na esfera educacional de estudantes de todas as séries, pois torna fácil, dinâmico e proveitoso o ensino por parte dos professores, e o aprendizado por parte dos estudantes. Vários trabalhos acadêmicos sobre esse método educativo já foram publicados sendo que todos sempre alegaram êxito em suas aplicações, seja em séries iniciais do fundamental ou até mesmo em centros universitários. Almeida, et. al. (2015), dão ênfase a essa abordagem metodológica, afirmando que todos os estudantes se envolvem nas atividades aplicadas, ficando entusiasmados, que se divertem e também aprenderam o conteúdo. Já Souza et al. (2015) afirmam que as estratégias aplicadas pelos professores, que passaram a utilizar jogos em sala de aula, perceberam que esta atitude provoca mudanças nos estudantes, sendo que os mesmos se mostram mais interessados, participativos nas atividades de dentro e fora de sala de aula. Claro que nem todas as aulas ferramentas pedagógicas que auxiliam na transmissão do conhecimento podem ser utilizadas devido ao tempo e a carga horária excessiva dos professores, porém, Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2011) afirmam que o planejamento das atividades, quando necessário, completa o processo de aprendizagem que precisa ser dinâmico e constantemente atualizado. Embasado em todas essas afirmações e experiências práticas, pode-se concluir que a utilização do lúdico na prática educativa atrai a atenção dos estudantes e desperta nos mesmos um interesse maior em participar e adquirir conhecimento sobre um respectivo assunto, a partir dali, faz com que haja interação social entre cada um, possibilitando a formação de um ambiente gostoso para se ensinar e aprender. Com isso, o objetivo desta pesquisa foi a utilização do jogo da memória ¨Misturando¨ como ferramenta pedagógica com o intuito de facilitar a transmissão dos conceitos de misturas homogêneas e heterogêneas e dinamizar as aulas de química através da ludicidade.

Material e métodos

O jogo químico da memória “Misturando” foi aplicado em uma turma com 30 estudantes do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual José de Alencar localizada na cidade de Rorainópolis/RR. O conteúdo abordado foi “Misturas homogêneas e heterogêneas” e teve a ênfase qualitativa, pois esta abordagem preocupa-se, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais (GERHARDT;SILVEIRA, 2009). A coleta de dados foi feita através de questionários aplicados antes, durante e depois da proposta pedagógica e observação assistemática que para Orris (2013), consiste em recolher e registrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais. A amostra da pesquisa foi de 10 estudantes que participaram ativamente do processo. Os materiais e objetos utilizados para confeccionar o jogo foram: impressora, imagens relacionadas ao conteúdo, papel cartão, papel A4 e fita dupla-face, caneta esferográfica, imagens da internet (figura 01). Na primeira aula, foi aplicado um questionário diagnóstico para avaliar o nível de afinidade e conhecimento sobre o conteúdo “Misturas homogêneas e heterogêneas”, pois a professora regente já havia explicado o conteúdo. Na segunda aula, uma breve revisão do assunto, juntamente com experimentos simples sobre o conteúdo feitos em sala de aula. Na aula seguinte, um novo questionário aplicado. O jogo foi aplicado em sala, na quarta aula, onde o objetivo do mesmo era tentar encontrar cada um dos pares de figuras relacionando-as com seus respectivos conceitos. A turma foi dividida em grupos de quatro componentes, cada um deveria memorizar as posições e o que continha em cada peça. Em uma das peças havia uma figura de uma mistura contendo água + óleo e, seu par, outra peça com o nome “Mistura heterogênea: água + óleo”. Descrição do Jogo ¨Misturando¨ 1.Misturar as cartas em cima da mesa de forma que a visualização das figuras na seja possível. 2.Cada participante deve virar 2 (duas) cartas. 3.Se as cartas formarem pares, o jogador terá direito a outra jogada. 4.Se as cartas não formarem pares, as cartas devem ser desviradas e o próximo jogador faz a jogada. Na quinta e última aula, foi aplicado novamente um segundo questionário com o intuito de avaliar o desenvolvimento do conhecimento e da aprendizagem dos estudantes, analisando a opinião dos participantes sobre o método utilizado em sala de aula para o ensino da disciplina de química.

Resultado e discussão

A princípio, alguns estudantes estavam tímidos, e outros já se mostravam agitados demais, sendo que os resultados do primeiro questionário diagnóstico não foram tão agradáveis, pôde-se perceber que a quantidade de conhecimento que eles tinham absorvido sobre o conteúdo de “Misturas” foi relativamente pouco com as explicações anteriores da professora. Perguntas como: “Você gostaria de ser professor de química?” geraram respostas perturbadoras como, por exemplo, “Não, porque eu não gosto muito de química”. Outra pergunta do questionário foi: Você consegue diferenciar as misturas homogêneas e Heterogêneas? Os resultados também não tiveram respostas animadoras, como por exemplo: ¨Não consigo!¨, ¨É difícil! Só sei que são diferentes!¨ Com base neste diagnóstico, inicio-se a explicação do conteúdo de forma dialogada e apresentado exemplos reais, a utilização de experimentos auxiliou no processo da transmissão do conhecimento. No decorrer das aulas, os estudantes se familiarizavam cada vez mais com o conteúdo e, consequentemente, a disciplina de Química. Isso pôde ser percebido de acordo com a segunda avaliação, feita também através de questionário onde, de acordo com as respostas dos estudantes mediante as questões relacionadas ao conteúdo das misturas, os mesmos já respondiam, mesmo que à maneira deles, porém ainda não conseguiam conceituar de forma correta. Durante a competição do jogo os estudantes de cada grupo interagiram mais uns com os outros e até se ajudavam, se divertindo, pensando, analisando cada peça e figura, tentando encontrar os respectivos pares, através do conhecimento que já haviam adquirido na revisão e também com os experimentos práticos realizados na segunda aula. Os resultados da avaliação final demonstraram que os estudantes conseguiram assimilar os conceitos repassados. A mesma pergunta do questionário 1 foi feita. Você consegue diferenciar misturas homogêneas e heterogêneas? As respostas da amostra foram satisfatórias, uma delas foi: ¨Sim, a mistura homogênea possui apenas uma fase, não conseguimos visualizar, a mistura heterogênea é a que possui 2 fases, essa sim, conseguimos olhar¨. Outra resposta foi: Agora consigo entender! A diferença entre uma e outra é que a homogênea possui uma fase, a heterogênea duas fases!¨ Analisando de forma geral os questionários, o aumento gradual dos conhecimentos adquiridos foi visível. No primeiro, as informações eram confusas e escassas, já no ultimo, as informações já estavam organizadas e os conceitos foram evidenciados de forma correta. Tudo isso possibilitou uma aula mais prática, simples, dinâmica e prazerosa, onde os estudantes afirmaram ter sido uma das melhores aulas que já haviam tido, afirmando também que antes consideravam as aulas de química chatas devido à abordagem apenas verbal do professor, mas que através do jogo, seus conceitos sobre a disciplina de química haviam mudado, e pra melhor.

Figura 01:

Cartas do Jogo da Memória ¨Misturando¨

Conclusões

Diante do que foi coletado e levando em consideração todas as dificuldades que os estudantes tinham logo no início de entender o conteúdo, a utilização do jogo ¨Misturando¨ alcançou o objetivo estimado com resultados bastante significativos. Percebeu também que a opinião dos estudantes com relação à disciplina mudou, de uma aula ¨chata¨, passou a ser divertida. Os resultados alcançados através desta metodologia foram significativas, demonstrando que a utilização de jogos no ensino de química é bastante promissora pois é simples, mas que gera grandes e bons resultados.

Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me inspirado, minha esposa que esteve ao meu lado, as professoras Luana Coutinho e Iracilma Sampaio que me orientaram na aplicação do projeto e na

Referências

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