Autores

Silva, A.M. (UFC) ; Oliveira, K.F. (UFC)

Resumo

O ensino de química na EJA tem sido aplicado de maneira fragmentada causando dificuldade de compreensão do conteúdo pelo aluno que em grande parte não sabe o motivo e a importância de estar estudando um determinado conteúdo. Assim, este estudo tem como objetivo analisar o perfil e as dificuldades de aprendizagem em química dos alunos da educação de jovens e adultos. Para isso, foi feito levantamento bibliográfico e para pesquisa de campo foram aplicados questionários a 30 alunos na turma de EJA ensino médio, 3 professores e ao grupo gestor da Escola de Ensino Médio Alice Moreira de Oliveira em Sítios Novos município de Caucaia-CE e de seus anexos em Catuana e Primavera também em Caucaia.

Palavras chaves

Ensino de Química; Ensino Jovens e Adultos; EJA

Introdução

A educação básica de adultos começou a delimitar o seu lugar na história da educação formal no Brasil a partir da década de 30 do século XX, quando, finalmente, um sistema público de educação começou a consolidar no país (FORTUNATI, 2007). Em seu texto, a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), lei 9.394/96 (BRASIL, 1996), consagra a educação de Jovens e Adultos. Atualmente, é na educação de jovens e adultos - EJA, onde o maior índice refere- se aos jovens trabalhadores. Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego e outros), que estão na raiz do problema do analfabetismo, pois o desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem o processo de alfabetização dos jovens e dos adultos. Apesar das iniciativas do governo em adotar políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos é necessário levar em consideração a multiplicidade desse grupo, pois essa área do ensino às vezes não tem profissionais adequados e um apoio pedagógico que possa suprir a necessidade destas pessoas enquanto alunos, a má remuneração destes profissionais também é um fator que tem gerado descontentamento e a falta de novas perspectivas de ensino pelo professor (UNESCO, 2008). Dessa maneira um programa de educação de jovens e adultos, não pode ser avaliado apenas pelo seu rigor metodológico, mas pelo impacto gerado na qualidade de vida da população atingida. A educação de jovens e adultos está condicionada às possibilidades de uma transformação real das condições de vida do aluno EJA.

Material e métodos

Para o desenvolvimento da pesquisa foi realizado um levantamento bibliográfico concernente ao tema em questão e como coleta de dados foram utilizados questionários contendo questões objetivas e subjetivas aplicados a 30 alunos na turma de EJA ensino médio, 3 professores e a 3 membros pertencentes ao grupo gestor da Escola de Ensino Médio Alice Moreira de Oliveira, em Caucaia-CE, com a finalidade de obter informações sobre o ensino de química na modalidade EJA. As turmas de EJA estão implantadas em escolas do município de Caucaia em regime de colaboração. Assim, a dependência administrativa dessas escolas é municipal, entretanto, todas as verbas que se destinam a gerir e a estrutura o EJAEM, como as destinadas para pagamento de professores e merenda escolar são provenientes do Governo do Estado do Ceará por intermédio da SEDUC.

Resultado e discussão

Dos alunos pesquisados, 63% trabalham nos mais variados tipos de empregos, enquanto 37% só estudam, mas na expectativa de ao terminarem os estudos conseguirem trabalhar. Com relação a aprendizagem na disciplina de química, 50% dos entrevistados afirmam ter um aprendizado regular, mas 34% e 13% afirmam ter um aprendizado bom e ótimo, respectivamente, e apenas 3% afirmam ser ruim (fig. 1). Os alunos afirmaram que os professores não realizam aulas práticas relacionada ao cotidiano (40%), as vezes, também são 40% e somente 20% é que realizam (fig. 2). 70% dos professores não utilizam vídeo ou outros materiais nas aulas de química, número bastante expressivos, pois diante das dificuldades de aprendizagem de apresentar aos estudantes aulas diferenciadas, é um caminho importante para que o interesse seja despertado de modo que facilite a aprendizagem. Foi perguntado aos estudantes de eles conseguiam relacionar os assuntos visto nas aulas de química em seu dia a dia e 77% afirmaram que sim, entretanto não souberam dar exemplos concretos, disseram apenas que visualizam os assuntos visto em química em casa nos afazeres domésticos ou no trabalho, sendo que apenas um relacionou o assunto transformações químicas com seu trabalho numa padaria. Questionado aos professores se eles utilizam vídeos e aulas práticas em suas aulas de química, todos disseram que pouco ou raramente, entretanto, é preciso dizer que as escolas possuem laboratórios de ciências precários, dificultando seu uso. Perguntado ao grupo gestor como poderia contribuir para melhorar o ensino aprendizado dos alunos da EJA na disciplina de química, a resposta foi através do uso do suporte pedagógico para o bom desenvolvimento das atividades e no planejamento dos professores.

FIGURA 1

A figura mostra como encontra-se a aprendizagem dos alunos do EJA na disciplina de química.

Figura 2 – Professores que realizam aulas práticas

Esta figura mostra como os professores do EJA realizam aulas práticas relacionadas ao cotidiano.

Conclusões

Com base nos dados obtidos através desta pesquisa, constatou-se que a maioria dos alunos trabalha, grande parte jovens, que retornaram aos estudos devido ao mercado de trabalho, e optam pela educação de jovens e adultos devido ao horário e por levarem menos tempo para concluírem os estudos. Apesar das dificuldades, é possível com a dedicação e boa vontade dos professores e gestores em trabalhar juntos, melhorar o ensino-aprendizado dos alunos na disciplina de química, mesmo exigindo daqueles que desenvolvem trabalhos sobrecarregados e com má remuneração.

Agradecimentos

A Coordenação do Curso Semipresencial da UFC Virtual; Direção do Polo de S.Gonçalo do Amarante-CE; EEM Alice Moreira, Caucaia-CE.

Referências

BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 29 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996.

FORTUNATI, José. Gestão da Educação Pública: Caminhos e Desafios. Porto Alegre: Editora Artmed, 2007.

UNESCO. Alfabetização de Jovens e Adultos no Brasil. Lições de Prática.
Brasília, 2008.