Autores

Barros, D.J.P. (UEPA) ; Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.M.B. (UEPA) ; Silva, A.S. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA)

Resumo

O jogo Dominó Químico é uma ferramenta a qual o aluno pode utilizar para formar diferentes compostos na estrutura de Kekulé e nomeá-los. Esta estratégia de ensino foi aplicada a 23 alunos de uma turma pré-vestibular da cidade de Salvaterra/PA, os quais foram divididos em 5 grupos. Foi utilizado como instrumento de coleta um questionário. Após análise dos dados constatou-se uma melhora significativa no aprendizado dos alunos em relação a atividade lúdica, uma vez que 78% dos alunos relataram que a ferramenta didática os ajudou a identificar e solucionar dúvidas quanto a formação das cadeias de carbono e sua nomenclatura. A atividade envolvendo o jogo levou os estudantes a interagirem de maneira espontânea dentro do grupo e com a equipe executora da atividade.

Palavras chaves

Dominó Químico; Estratégia de Ensino; Nomenclatura

Introdução

Os hidrocarbonetos são compostos constituídos somente por átomos de carbono e hidrogênio, estes constituem uma classe de compostos orgânicos extensa, variada e importante, pois englobam vários produtos presentes no cotidiano como o petróleo e seus derivados, o gás natural, entre outros (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Partindo do pressuposto, é necessário que o aluno venha a conhecer e entender os compostos hidrocarbônicos, contudo, por ser um assunto extenso, é importante desenvolver estratégias que facilitem a compreensão do aluno sobre o conhecimento científico (SILVA, 2015). A nomenclatura dos hidrocarbonetos é a primeira ação a qual o aluno se depara, pois é através dela que ele começa a identificar os compostos orgânicos. Estudos apontam que há uma necessidade de apresentar novas estratégias didáticas de ensino e aprendizagem para estimular e motivar os alunos a aprenderem o conteúdo que está sendo estudado, e uma alternativa viável é utilizar as atividades lúdicas para transmitir o conhecimento, uma vez que estas atividades proporcionam uma prazerosa e divertida forma de estudar, além de oferecer ao professor uma maneira diferente de avaliar a assimilação do aluno em relação aos conteúdos estudados, de fixar o conhecimento e também permitir a identificação de erros na aprendizagem (ZANON; GUERREIRO; OLIVEIRA, 2008). Neste contexto, este estudo propôs-se a aplicação do jogo Dominó Químico com o objetivo de proporcionar aos estudantes uma forma diferenciada de aprender nomenclatura de hidrocarbonetos, onde por meio do jogo o participante aprende a formar as cadeias de carbono, bem como sua representação estrutural plana e nomeá-los fazendo uso das regras da IUPAC.

Material e métodos

O jogo didático foi executado com 23 alunos de uma turma de pré-vestibular da cidade de Salvaterra/PA, os quais foram divididos em cinco grupos. Antes da aplicação do jogo fez-se uma revisão sobre representação estrutural e nomenclaturas de hidrocarbonetos. Em seguida, apresentou-se o jogo dominó químico, constituído de uma caixa com oitenta peças, sendo: 31 ligações simples, 3 ligações duplas, 2 ligações triplas, 26 Hidrogênios (H) e 18 Carbonos (C). Todo material constituinte do jogo foi confeccionado utilizando papel cartão. Posteriormente, mencionou-se as regras para o andamento da atividade. De início, cada participante de um grupo retirou uma peça de dentro da caixa, sem deixar o participante ao lado visualizá-la, esta ação repetiu-se até que todos do grupo tivessem em mão nove peças. Realizou-se um sorteio para indicar quem iniciaria o jogo, sendo que o participante sorteado só poderia utilizar as peças H ou C, caso não tivesse, deveria retirar mais uma peça da caixa. Após iniciado o jogo, algumas regras foram reforçadas, como: no H só poderia ser adicionada uma ligação e não era permitido colocar uma ligação ou um elemento seguido de outro. O objetivo do jogo era utilizar as peças para formar as cadeias de carbono, adicionando as ligações com o átomo de hidrogênio e/ou ligações simples, dupla ou tripla entre carbonos, onde o aluno que adicionasse a última peça, possuía o direito de nomeá-lo, caso o nome pronunciado estivesse correto, o participante ganhava pontos, sendo estes correspondentes a quantidade de carbonos que o composto nomeado continha. Ao final da atividade foi aplicado um questionário com perguntas fechadas como forma de avaliar o impacto que o jogo causou na aprendizagem dos alunos.

Resultado e discussão

O jogo Dominó Químico trouxe para a turma momentos de interação, diversão e sobretudo informações a respeito do tema abordado. Na figura 1 é possível verificar a interação entre os alunos e a atenção que davam ao jogo durante a formação dos composto hidrocarbônicos. Araújo, Nascimento e Viana (2016) afirmam que o jogo didático desperta e estimula os estudantes, principalmente aqueles que se tornam desinteressados por não compreenderem o conteúdo, sendo assim, o jogo torna-se um instrumento de estudo interessante. O interesse do aluno pelo jogo Dominó Químico também pode ser observado através do questionário aplicado.O questionário apresentou uma escala de 0 à 3, onde o aluno pode optar pelo número que mais se aproximava de sua opinião, sendo nº 0 correspondente a - não vejo o jogo como algo bom para meu aprendizado; nº 1 - o jogo não soma e nem interfere no meu aprendizado; nº 2 - o jogo possibilitou-me compreender melhor o conteúdo e nº 3 - o jogo facilitou meu entendimento do conteúdo, pois montar os compostos e nomeá-los fez com que surgissem dúvidas quanto a nomenclatura as quais antes não havia me deparado. As opções indicadas pelos alunos podem ser visualizadas na figura 2.Analisando o gráfico é possível verificar que a dinâmica veio a complementar o conhecimento dos alunos a respeito do conteúdo de nomenclaturas de hidrocarbonetos, onde a escolha da maioria pela opção nº 3 indica que o surgimento das dúvidas em relação a nomeação dos compostos e os esclarecimentos quanto a estas pelos membros executores do jogo, foi o grande diferencial para a assimilação do conteúdo em questão. De acordo com Fialho (2008) os jogos são importantes instrumentos de apoio, pois ajudam a reforçar e fixar conteúdos já trabalhados anteriormente.

Figura 1:

(A) e (B) alunos durante o jogo; (C) 5-etil-5- propil-octa-1,3,6-trieno formado por um dos grupos durante a atividade.

Figura 2:

Gráfico apresentando a relevância do jogo para os alunos.

Conclusões

Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que o jogo apresentado pode ser considerado uma alternativa válida para o ensino de nomenclaturas de hidrocarbonetos, pois possibilitou que o aluno formasse e nomeasse diferentes compostos hidrocarbônicos com facilidade. Por meio do jogo o aluno pode se deparar com dúvidas quanto a nomenclatura e soluciona-las com a ajuda do professor. Este tipo de atividade contribui para trazer alternativas ao ensino de química orgânica na região da Ilha de Marajó-PA, uma vez que as escolas da cidade de Salvaterra possuem IDEB muito baixos.

Agradecimentos

Referências

ARAÚJO, R. G. B.; NASCIMENTO, A. M. S.; VIANA, K. S. L.. Baralhos dos Hidrocarbonetos: Uma Proposta de Metodologia Inovadora para o ensino no Conteúdo de Química Orgânica. In: III CONEDU - Congresso Nacional de Educação. Natal (RN): Realize Eventos e Editora, 2016. v. 1.

FIALHO, Neusa Nogueira. Os jogos pedagógicos como ferramentas de ensino. In: Congresso Nacional de Educação. 2008. v.6, p. 12298-12306.

SILVA, Adelly de Fátima Nunes da. Utilização de recursos didáticos no ensino de ciências e biologia nas escolas atendidas pelo PIBID biologia campus I. 2015. 83 f. Trabalhos de conclusão de Curso, (Licenciado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal da Paraíba - UFPB. João Pessoa (PB), 2015.

SOLOMONS, T.W.G; FRYHLE, C. B. Família de compostos de carbonos: grupos funcionais, forças intermoleculares e espectroscopia no infravermelho (IV). In: Química Orgânica. v. 1. 10ª ed. Rio de Janeiro (RJ): editora LTC, 2012. Cap. 2. p.53-99.

ZANON, D. A. V.; GUERREIRO, M. A. S.; OLIVEIRA, R. C. Jogo didático Ludo Químico para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção, aplicação e avaliação. Ciênc. cogn. vol.13 n.1, p. 72-81, 2008.