Autores

Correa, C.P. (IF SUDESTE MG - CAMPUS JUIZ DE FORA) ; Coelho, B.C. (IF SUDESTE MG - CAMPUS JUIZ DE FORA) ; Barbosa, D.B.A. (IF SUDESTE MG - CAMPUS JUIZ DE FORA) ; Toledo, T.A. (IF SUDESTE MG - CAMPUS JUIZ DE FORA)

Resumo

Esta pesquisa propõe uma aula experimental com ênfase na investigação e desenvolvimento de soluções pelos próprios discentes através do tema “Purificação de água para o uso laboratorial”, utilizando a abordagem CTSA. Neste ínterim, a mesma proporciona uma maior autonomia e participação coletiva dos alunos durante as aulas experimentais, além de seu desenvolvimento crítico e curioso. A utilização da relação entre a Investigação Científica com objetivo educacional e a CTSA estimula o interesse dos discentes, pois se lida com temas presentes no cotidiano, além se sua interdisciplinaridade.

Palavras chaves

Filtragem da água; Aula Prática; Ensino de Química

Introdução

A utilização de aulas experimentais e lúdicas no Ensino de Química é uma grande estratégia para a motivação dos discentes, além do seu alto efeito educacional que permite transpassar da melhor maneira a compreensão prática dos programas. Todavia, a forma de aplicação dessas atividades é de extrema importância para a garantia de êxito de seu objetivo inicial, porquanto a experimentação não seria marcada pelo desenvolvimento das habilidades cognitivas e argumentativas, mas figuraria apenas como método de verificação e o desenvolvimento de um roteiro já elaborado (SUART, MARCONDES e LAMAS, 2010). Dessa forma, este trabalho propõe uma aula experimental com ênfase na investigação e desenvolvimento de soluções pelos próprios discentes, oportunizando uma aprendizagem mais significativa e a formação do criticismo. As atividades investigativas, por sua vez, são realizadas por meio de etapas que têm por objetivo o desenvolvimento de habilidades cognitivas, a realização de procedimentos, as capacidades de argumentação e de formulação de questionamentos (ZÔMPERO e LABURU, 2011). Ademais, esta atividade foi fundamentada através do tema “Purificação da Água para uso em Laboratório”. Além disso, para fazer a relação entre o tema proposto e o cotidiano dos estudantes, utilizamos a abordagem Ciência- Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA), que consiste em uma proposta didática utilizada como uma forma de se compreender as inter-relações entre seus quatro aspectos, visando à introdução de concepções do cotidiano do estudante no seu desenvolvimento científico e tecnológico (BORGES et al, 2010).

Material e métodos

O projeto foi ministrado em 3 turmas do 2º ano do ensino médio no IF Sudeste MG - JF, totalizando uma amostragem de 67 alunos. A metodologia escolhida foi uma atividade investigativa para o ensino de ciências ( ZULIANI, S. R. Q. A., 2000) em grupo, através da situação-problema purificação de água com objetivo laboratorial, visando explorar o conhecimento, prática e interesses dos discentes. Dessa forma, a atividade iniciou-se com a elaboração pré-relatórios pelos discentes, os quais consistiam em uma pesquisa investigativa sobre o tema. Em seguida, houve a apresentação de assuntos como pH, condutividade e filtragem. Ademais, a prática experimental consistiu em análises de possíveis interferentes presentes na água que poderiam prejudicar a exatidão e precisão de experimentos, sendo estes e suas análises propostas pelos próprios alunos através dos conhecimentos adquiridos nos pré-relatórios e introdução teórica. Os interferentes analisados foram o pH, concentração de íons (cloro) e condutividade elétrica, e como meios de análises utilizamos o indicador ácido-base Vermelho de Fenol, a Orto-Tolidina (4 gotas em 100ml de água, os dois últimos) e uma extensão com uma lâmpada e uma tomada em pontas opostas, respectivamente para cada interferente citados acima. Após todas as análises, foi feito um debate de métodos de filtração e purificação da água, para que esta possa ser utilizada corretamente em laboratórios. Destarte, no início e final de cada debate, houve a aplicação de questionários (GÜNTHER,2003), os quais eram constituídos por questões de punho específico e pessoal que visavam a averiguação do conhecimento, interesses e preocupações dos alunos sobre o tema enfatizado.

Resultado e discussão

A partir das observações durante as atividades e análises dos questionários iniciais aplicados, inferimos que grande parte dos alunos demonstrou pouco conhecimento relacionado aos assuntos abordados. Em contrapartida, durante a aplicação da atividade, muitos deles elaboraram questionamentos, propostas e observações enriquecedoras. Todavia, houve uma considerável melhora nos questionários ao final da aula, porquanto, dentre outros questionamentos presentes no questionário (vide gráfico em porcentagem de alunos), quando perguntamos, no questionário aplicado ao início da aula, se conheciam algum método de filtragem de Água com objetivo na utilização laboratorial, 43 dos 67 alunos responderam “destilação”, porém a grande maioria não souberam explicar como ocorre o processo. Em contrapartida, no questionário aplicado ao final da aula, 59 dos 67 conseguiram exemplificar e explicar um número maior de métodos de filtragem de água para fins laboratoriais. A metodologia utilizada teve grande influência no processo, uma vez que proporcionou uma interação entre os alunos, cotidiano e experimento, permitindo a formação de cidadãos mais críticos em relação à formulação de soluções e pesquisas, além do próprio tema abordado.

Análise dos Questionários

Análise quantitativa dos questionários aplicados durante a atividade.

Conclusões

A partir da análise dos dados obtidos percebemos o quão enriquecedor foi a construção do conhecimento científico através de um posicionamento ativo dos estudantes. Notamos que houve um desenvolvimento de um significativo senso investigativo, sociável e crítico destes, pois puderam colaborar para o caminho experimental para a atividade. Assim, este trabalho também contribui para o enriquecimento dos docentes, uma vez que traz questionamentos de uma metodologia não tão habitual ao ambiente do Ensino de Química sendo este, portanto um tema que deve ser cada vez mais estudado e difundido.

Agradecimentos

IF SUDESTE MG - CAMPUS JUIZ DE FORA

Referências

GÜNTHER, H. (2003). Como Elaborar um Questionário (Série: Planejamento de Pesquisa nas Ciências Sociais, No 01). Brasília, DF:UnB, Laboratório de Psicologia Ambiental. URL: www.psi-ambiental.net/pdf/01Questionario.pdf.

SUART, R. de C; MARCONDES, M. E. R.; LAMA, M. F. P. A estratégia “laboratório aberto” para construção do conceito de temperatura de ebulição e a manifestação de habilidades cognitivas. Química Nova na Escola. Vol. 32. n. 3, 2010.

ZÔMPERO, A. F.; LABURU, C. E. Atividade investigativa no ensino de ciências: aspectos históricos e diferentes abordagens. Ver. Ensaio. Belo Horizonte, v.13, n.03. p 67-80, set/dez 2011.

MUNSBERG, J. A. S.; FELICETTI, V. L. A Sala de Aula como Espaço de formação Mútua dos Sujeitos. In: 6º Encontro Internacional da Sociedade Brasileira de Educação Comparada, 2014, Bento Gonçalves. Processos de Privatização da Educação. Porto Alegre: ediPUCRS, 2014. v. 1. p. 1-13.

BORGES, C. O. et al; Vantagens da Utilização do Ensino CTSA Aplicado à Atividades Extraclasse. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ), 2010.

ZULIANI,  S.  R.  Q.  A.    A Utilização  da  Metodologia  Investigativa  na aprendizagem  de Química  experimental.  Dissertação  de  Mestrado. Bauru:  -  UNESP  -  Campus  de  Bauru, 2000.

ZULIANI,  S.  R.  Q.  A.:  ÂNGELO,  A.  C.  D.  A  utilização  de metodologias alternativas:  O método  Investigativo  e  a  aprendizagem  de Química. In  Nardi  R.  (org.)  Educação  em Ciências:  da  pesquisa  à prática  docente. São  Paulo:  Escrituras  Editora,  2001.