Autores

Santos, R.C. (UFRR) ; Duarte, E.D.R.S. (UFRR) ; Melo Filho, A.A. (UFRR) ; Fernández, I.M. (UFRR) ; Araújo, C.M.B. (UFRR) ; Sousa, A.S. (UFRR)

Resumo

Os conceitos químicos se tornam abstrato quando apenas são teóricos, mas associando-os à uma prática experimental, tornam-se compreensíveis e, assim, beneficiam a aprendizagem. Desta forma, o objetivo deste trabalho é o de unir a teoria dos conceitos químicos à uma prática experimental no desenvolvimento de geleias de frutos consumidos em Roraima, baseado em competências, aplicado aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Observou-se que a aprendizagem por Competências gerou participação ativa em todas as etapas do processo. Notou-se, também, que a relação teoria-prática consolidou as competências necessárias para continuidade dos estudos, solidificando as bases conceituais do ensino de química, introduzindo a alfabetização científica com aplicabilidade no cotidiano.

Palavras chaves

Metodologias do Ensino; Experimentação; Competências

Introdução

O ensino de química, de forma teórica, pode parecer abstrato para a maioria dos alunos, mas se torna mais atrativo e, consequentemente, compreensível quando há uma teoria associada à prática, como, por exemplo, o uso da experimentação ou até mesmo inovação na experimentação, fomentando, assim, os efeitos positivos na aprendizagem (SAVELSBERGH et al. 2016; LISBÔA, 2015), e desta forma, tratando-se de inovação na experimentação deve-se aproveitar o que o Brasil tem em abundancia, no caso sua biodiversidade. Com isso, vale enfatizar que o Brasil é o país com maior biodiversidade do planeta com 20% do mundo inteiro (MMA, 2002). O Brasil detém uma variedade muito grande de plantas medicinais e/ou comestíveis (ALMEIDA et al. 2009; BOGSUZ JUNIOR et al. 2012), dentre estas são destacadas às da região Norte ou introduzidas na região, como cupuaçu, açaí, buriti, pupunha, murici, camu-camu, bacuri, cujo consumo é variado, como por exemplo: doces, bolos, sucos, geleias, entre outros. Outros frutos consumidos por populações locais são as pimentas ardilosas (canaimé, murupi, olho de peixe, etc), mas seu consumo é mais restrito aos molhos ou até mesmo in natura. Desta forma tem-se o seguinte problema: é viável, o desenvolvimento de competências e habilidades para o desenvolvimento integral do aluno do 9º ano do Ensino Fundamental, o uso do método de aulas experimentais no Ensino de Química com foco no desenvolvimento de geleias de frutos amazônicos ou introduzidos na região? Este trabalho teve como objetivo o ensino de química através do desenvolvimento de geleias de frutos nativos e introduzidos na região Amazônica, com uso de aulas experimentais a fim de promover competências e habilidades na formação discente.

Material e métodos

De forma dedutiva, este trabalho se desenvolve na abordagem qualitativa de pesquisa tipo pesquisa ação (TRIPP, 2005) e assume a dimensão filosófica compreensiva como lente para análise dos dados obtidos. Foi realizado com os alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental 2 em uma escola de ensino privado no município de Boa Vista, Roraima, a partir de uma intervenção pedagógica no componente curricular de química ao tratar dos conteúdos: misturas simples e composta, homogênea e heterogênea, elementos químicos e formação das moléculas, cujos temas são do primeiro e segundo bimestre de química. A intervenção supracitada foi realizada em quatro etapas: Etapa I: Sondagem sobre os conhecimentos prévios dos conceitos básicos de química e levantamento dos temas para Feira de Ciências com ênfase nos interesses dos alunos; Etapa II: Levantamento Bibliográfico sobre a composição química e biológica do uso dos frutos: açaí, buriti, cupuaçu e murici; e pimentas consumidas no estado: canaimé, murupi, murici, olho de peixe, cajá, malagueta e jiquitaia (mistura de pimentas); Etapa III: obtenção dos frutos; fabricação das geleias via desenvolvimento experimental no laboratório da escola e, Etapa IV: exposição do trabalho por meio de Feira de Ciências, com a confecção de cartazes e sua apresentação, além do registro do diário de campo onde foram notificados os processos de aprendizagem dos alunos e aquisição de competências e habilidades. A análise dos dados seguiu o conceito Competências, destacado por Turcio-Ortega e Palacios-Alquisira (2015).

Resultado e discussão

A Etapa I, Sondagem sobre os conhecimentos prévios dos conceitos básicos de química e levantamento dos temas para feira de ciências com ênfase nos interesses dos alunos consistiu de uma varredura feita a fim de detectar aquilo que os alunos tinham de conhecimento sobre o assunto e ao mesmo tempo coadunou com Investigação bibliográfica. Considerando os elementos das competências, buscou-se avaliar o processo de construção dos Conhecimentos da teoria e Construção dos conhecimentos. A Etapa II, Levantamento Bibliográfico sobre a composição química e biológica do uso de pimentas considerou pesquisas teóricas a respeito desses frutos consumidos no estado de Roraima bem como o levantamento desses frutos consumidos no estado e vendidos em feiras locais, os alunos investigaram as estruturas químicas majoritárias nesses frutos. A partir dessas informações os alunos vislumbraram o desenvolvimento de um bioproduto, nesse caso a produção de geleias de frutos consumidos em Roraima. A Etapa III, houve a obtenção dos frutos e a fabricação das geleias via desenvolvimento experimental no laboratório da escola. A Etapa IV, exposição do trabalho por meio de Feira de Ciências com apresentação do trabalho em forma de banca com informações de importância química e biológica dos frutos. As geleias produzidas ficaram à disposição para degustação e vendas no estande da feira de ciências. As competências trabalhadas nessa etapa consideraram: comunicação oral, atitudes, valores e, por fim, em análise final da atividade, foi trabalhado com os alunos a autocrítica, quando vivenciaram o processo de autoavaliação em referência a toda atividade realizada.

Conclusões

O uso de verificação da aprendizagem por Competências aplicada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental II, observou, portanto, participação ativa destes alunos em todas as etapas do processo com determinação, construindo assim seus próprios conhecimentos. A relação teoria-prática como elemento chave para o processo de aprendizagem suscitou a consolidação de competências necessárias para continuidade dos estudos, solidificando as bases conceituais do ensino de química, introduzindo a alfabetização científica com aplicabilidade no cotidiano.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, M. M. B.; SOUSA, P. H. M.; FONSECA, M. L.; MAGALHÃES, C. E. C.; LOPES, M. F. G.; LEMOS, T. L. G. Avaliação de macro e microminerais em frutas tropicais cultivadas no nordeste brasileiro. Ciência Tecnologia de Alimentos, v. 29 n. 3, 581-586, 2009.
BOGUSZ JUNIOR, S.; TAVARES, A. M.; TEIXEIRA FILHO, J.; ZINI, C. A.; GODOY, H. T. Analysis of the volatile compounds of Brazilian chilli peppers (Capsicum spp.) at two stages of maturity by solid phase micro-extraction and gas chromatography-mass spectrometry. Food Research International, v. 48, n. 1, 98-107, 2012.
LISBÔA, J. C. F. QNEsc e a Seção Experimentação no Ensino de Química. Química Nova Escola, v. 37, 198-202, 2015.
MMA, Ministério do Meio Ambiente. SBF, Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Biodiversidade Brasileira. Brasília, 2002.
SAVELSBERGH, E. R.; PRINS, G. T.; RIETBERGEN, C.; FECHNER, S.; VAESSEN, B. E.; DRAIJER, J. M.; BAKKER, A. Effects of innovative science and mathematics teaching on student attitudes and achievement: A meta-analytic study. Educational Research Review, v. 19, 158-172, 2016.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, 443-466, 2005.
TURCIO-ORTEGA, D.; PALACIOS-ALQUISIRA, J. Experiencias en la enseñanza experimental basada en competências. Educación Química, v. 26, n. 1, 2015.