Autores

Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA) ; Barros, D.M.B. (UEPA) ; Silva, A.S. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA)

Resumo

Visando propor alternativas didáticas para facilitar o ensino de geometria molecular presentes nos livros de química, produziu-se um kit molecular para substâncias inorgânicas, utilizando papel machê. Este foi apresentado a professores de química de três escolas estaduais da cidade de Salvaterra- Marajó/PA. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário, o qual foi aplicado aos professores. Diante dos resultados obtidos verificou-se um alto grau de aceitabilidade por estes em relação ao material didático proposto, uma vez que todos relataram que fariam uso da ferramenta em suas aulas. Perante aos resultados, concluiu-se que ferramentas como estas são alternativas viáveis para promover o ensino e aprendizagem de conteúdos de química.

Palavras chaves

Modelos; Ensino de Química; Geometria molecular

Introdução

O ensino de conteúdos de química nas escolas públicas da região da Ilha de Marajó-PA, ainda advém de forma expositiva, a grande maioria das aulas ocorrem sem uso de data-show que deve ser um recurso básico em uma escola; as aulas experimentais ou atividades não formais nunca ocorrem, estes fatores levam uma desmotivação e desinteresse pela disciplina, levando a baixos IDEB para região marajoara. Neste sentido, há uma necessidade de propor alternativas viáveis e de baixo custo para que se tenham alternativas didáticas que possam transpor os conteúdos possibilitando a compreensão por parte dos alunos. Ultimamente, os professores de Química alegam falta de tempo para montarem aulas mais atrativas, isso se deve ao amplo número de conteúdo, como consequência percebe-se o descaso dos estudantes pela disciplina, já que as aulas se tornam apenas memorização de nomenclaturas e fórmulas, além de serem monótonas (ALMEIDA, 2010). A utilização de modelos possibilita uma maior interação dos estudantes com o assunto, proporcionando habilidades práticas durante o manuseio, pois o modelo em escala macro facilita a obtenção de conceitos e aumenta o potencial significativo da temática estudada, além de minimizar a possibilidade de ocorrência da aprendizagem mecânica (VINHOLI JÚNIOR, 2016). Segundo Schnetzler (2002), o ensino químico precisa ser transformado em linguagem adequada, ou seja, tenha significado visual para o estudante. Neste contexto, esta pesquisa objetivou produzir um kit molecular para substâncias inorgânicas, bem como diagnosticar a opinião de professores de Química sobre a relevância da ferramenta didática para o ensino de geometria molecular.

Material e métodos

O trabalho foi dividido em dois momentos. 1º momento – confecção dos modelos moleculares: para esta etapa utilizou-se: papel, trigo, espetos de churrasco e tinta de tecido. A princípio, colocou-se o papel em um recipiente com água para que sua trituração à mão fosse facilitada, em seguida, retirou-se a água ao ponto do papel não apresentar umidade em excesso. Com o trigo produziu-se a cola que foi misturada ao papel triturado formando a massa que deu origem as esferas representacionais dos elementos químicos. Após deixar as esferas no forno a 180 ºC por cerca de 1h e 30min para secarem e enrijecerem, inseriu-se os espetos de modo que resultasse na representação geométrica de uma molécula inorgânica. Para distinção dos átomos, as esferas confeccionadas de cada elemento apresentavam tamanhos e colorações diferentes, onde utilizou-se as cores que geralmente são atribuídas para caracteriza-los, como vermelho, branco e preto, que representam Oxigênio, Hidrogênio e Carbono, respectivamente. Foram produzidos oito modelos de moléculas inorgânicas para representação de sete geometrias moleculares, sendo: duas lineares (HCl e CO2); uma angular (H2O); uma trigonal planar (BCl3); uma piramidal (NH3); uma tetraédrica (CH4); uma bipiramidal trigonal (PCl5) e uma octaédrica (SF6). 2º momento – apresentação dos modelos a professores de Química do município de Salvaterra/PA: foram consultados quatro professores que apresentam vínculo institucional com pelo menos uma das três escolas estaduais da cidade, que por meio de um questionário com perguntas mistas, puderam expressar suas opiniões a respeito do material didático confeccionado e a relevância deste para o ensino de geometria molecular. A elaboração do questionário seguiu orientações de Cohen, Manion e Morrison (2011).

Resultado e discussão

Com o questionário aplicado pode-se verificar um alto grau de aceitabilidade dos professores em relação ao material didático proposto, uma vez que todos relataram que fariam uso da ferramenta em suas aulas, pois a visualização tridimensional da molécula facilitaria a aprendizagem do aluno, como afirma o Prof. 1: “a simulação condiciona um melhor aprendizado aos alunos, pois proporciona uma visualização das moléculas no espaço, mostrando melhor como os átomos se ligam nas formações das moléculas”. Carneiro, Rangel e Lima (2011), destacam que a confecção de modelos moleculares apresenta alta relevância, facilitando a assimilação e o aprendizado de conceitos que envolvam a geometria molecular, as ligações químicas entre outros. Quando perguntados sobre a qualidade do material apresentado, todos avaliaram como sendo ótimo, dando destaque à resposta dada pelo Prof. 2: “Avalio como ótimo, a diferença de cores e tamanhos permite distinguir os átomos e fixar inclusive as características atômicas, os átomos estão bem distribuídos possibilitando a percepção da forma geométrica (...)”. Os modelos podem ser visualizados na figura 1. Segundo os professores a utilização de recursos como o desenvolvido é importante para o ensino, pois como citado pelo Prof. 2 estes “sem dúvida são agentes facilitadores da aprendizagem por permitir o contato físico, ajudando a elucidar o que vemos nos livros trivialmente. Ouso a dizer que é mais significativo do que um software, por exemplo, justamente pela realidade que apresenta”. Para Pereira et al. (2010), o uso de diferentes recursos didáticos, desde que sejam adequados ao tempo disponível em aula, permitem um melhor trabalho em sala, superando as dificuldades associadas ao ensino e à aprendizagem.

Figura 1:

(A) e (B) geometria linear; (C) angular; (D) piramidal; (E) tetraédrica; (F) trigonal planar; (G) bipiramidal trigonal e (H) octaédrica.

Conclusões

Diante dos resultados obtidos é possível concluir que ferramentas como esta são viáveis e eficazes para facilitar o ensino e aprendizagem de conteúdos de química, pois sua utilização pode auxiliar o professor a realizar a transposição didática mais próxima da realidade visual dos alunos, uma vez que os modelos moleculares tornam visível no espaço o assunto imaginário do livro, facilitando desta forma a compreensão. Os modelos aqui expostos podem ser facilmente confeccionados, portanto professores e alunos podem produzir para posteriormente fazer uso nas aulas.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, A. C. B.; SILVA, N. C. S.; CARVALHO, W. C. Utilização de modelos moleculares versáteis de baixo custo na representação tridimensional das cadeias carbônicas. In: 15a Encontro Nacional de Ensino de Química, n.15. Brasília/DF, 2010. Anais... Brasília-DF: Instituto de Química da Universidade de Brasília, julho. Disponível em:< http://www.xveneq2010.unb.br/resumos/R0956-1.pdf >. Acesso em: 18.jun.2017.

CARNEIRO, F. J. C.; RANGEL, J. H. G.; LIMA, J. M. R.. Construção de Modelos Moleculares para o ensino de química utilizando a fibra de buriti. Acta Tecnológica, v. 6, n. 1, p. 17-26, 2011.

COHEN, L.; MANION, L.; MORRISON, K.; Research Methods in Education. 7 ed., New York: Routledge, 2011.

PEREIRA, D. D.; LIMA, J. S.; ANDRADE, C. C.; SILVA, N. P. P. . Elaboração e Utilização de Modelo Didático no Ensino de Genética de Populações. Anais da X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão (JEPEX) da UFRPE. Recife (PE), 2010.

SCHNETZLER, R.P. Pesquisa em ensino de química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova. v. 25, n. 1, p. 14-24, 2002.

VINHOLI JÚNIOR, A. J.; GOBARA, S. T. Ensino em modelos como instrumento facilitador da aprendizagem em Biologia Celular. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.15, n. 3, p.450-475. 2016.