Autores

Bragas de Oliveira, V. (UFMA) ; Araújo, P.T.M. (UFMA)

Resumo

Os recursos pedagógicos são cada dia mais discutidos, pois se sabe que os mesmos representam papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Este trabalho teve como objetivo avaliar a aplicação do recurso didático maquete no processo de aprendizagem do tema pirâmide alimentar. Para este fim a pesquisa foi realizada na cidade de Luzilândia – PI, mais especificamente em uma escola da rede privada de ensino e contou com a participação de 12 alunos voluntários. Para tal foi realizada uma aula tradicional seguida da aplicação de um questionário avaliativo e na sequência, foram confeccionadas maquetes da pirâmide alimentar e reaplicado o mesmo questionário. Os resultados obtidos apontaram para a importância do lúdico e das analogias no ensino de ciências.

Palavras chaves

Ensino-aprendizagem; Pirâmide alimentar; Maquete

Introdução

A escola enquanto instituição promotora de aprendizagem, tem o papel de oferecer condições iguais para que todas as pessoas tenham acesso ao ensino de qualidade e, por conseguinte consigam desenvolver suas potencialidades e conhecimentos e formar indivíduos capazes de refletir de forma participativa e significativa para que atuem dentro do contexto em que estão inseridos. Desta forma a escola e os professores devem estar abertos a novos saberes e práticas que tenham por proeminência a formação integral que garantam de forma eficaz a formação de seus alunos (COSTA et al, 2012). É dever do professor e não menos, da escola, incentivar discussões a caráter de debate e investigação, promovendo a melhor compreensão do que seja o ensino de Ciências como orientação da construção histórica e prática do ser- social, crítico e participativo (BRASIL, 2000). A compreensão de como o aluno aprende e quais aspectos deste processo de aprendizagem podem ser explorados por estratégias metodológicas em busca de uma aprendizagem significativa são passos importantes para o planejamento e implantação de práticas de ensino de boa qualidade (CABRERA, 2007). São diversos os recursos didáticos disponíveis para a mediação do processo de ensino-aprendizagem, cada um com suas especificidades de uso e elaboração. Podem ser mais ou menos adequados, dependendo do conteúdo a ser ministrado, da afinidade do professor com os alunos, do tempo disponível e do objetivo da aula. Para que o professor defina o recurso a ser utilizado, primeiro deve ter o domínio sobre a ferramenta, ou seja, planejar a aula para saber explorar toda a potencialidade que oferece a partir do conhecimento de suas possibilidades de uso, conhecendo, também, suas limitações (PITANO; ROQUÉ, 2015). Para se utilizar de recursos em sala de aula, o educador deve saber escolher aquele que melhor se adequa a sua prática pedagógica e a realidade de cada aluno, pois não basta só utilizá-lo, sem uma fundamentação do objetivo que se deve alcançar, pois os recursos além de constituir formas instrucionais para a aprendizagem são também instrumentos estimuladores e reforçadores do conhecimento (SANT’ANNA, 2004). É frequente o uso de vários materiais que ajudam a desenvolver o processo de ensino aprendizagem, isso faz com que a relação professor aluno seja mais dinâmica (SOUZA, 2007). Desta forma, o ensino deve ser pautado por métodos de afinidade mútua entre educador e educando, caracterizado pela procura interativa de meios inovadores, que promovam na sala de aula um ambiente onde o aluno sinta o encanto de estudar, ao mesmo tempo em que seja incentivado à pesquisa, tornando-o assim um investigador na procura conjunta pelo saber (DA SILVA; MUNIZ, 2012). Enriquecer a maneira de como se ensina, engrandece a maneira de como se aprende. O uso de maquetes com o intuito de melhorar o ensino se torna agradável quando se desenvolve de maneira correta. Necessita-se, para tanto, de ideias para a criação, tempo para montagem e inteligência para a execução. A maquete se torna um recurso vantajoso, pois propicia uma visão integradora e realista do que se estuda, facilitando a absorção da informação. O professor deve incentivar discussões para o surgimento de questionamentos, levando ao surgimento de ideias, propostas e respostas. Utilizando a maquete como recurso didático o professor poderá ministrar suas aulas de forma dinâmica, deixando de lado o método tradicional de transmitir o conteúdo e dessa maneira o aluno passa a desempenhar um papel mais ativo ao passo que lhe desperta o interesse pelo conteúdo da aula e possibilita uma maior interação e diálogo entre professor e aluno (SANTOS et al., 2009). A metodologia utilizada em sala de aula atualmente são as mesmas, os alunos por muitas vezes não se mostram interessados por achar a maioria dos temas enfadonhos. Partindo desse pressuposto, esse trabalho teve como objetivo geral analisar a influência do uso de metodologias alternativas – construção de maquetes – no processo de ensino-aprendizagem do conteúdo Pirâmide Alimentar no ensino fundamental. Para que isso ocorresse foi utilizado como objeto de estudo doze alunos de uma turma do ensino fundamental de uma escola da rede privada da cidade de Luzilândia – PI.

Material e métodos

A presente pesquisa foi realizada na cidade de Luzilândia – PI, na instituição de ensino da rede privada, Escolinha Disneylândia, situada na Avenida João Quariguazi, Bairro São Domingos, nº328. O levantamento de dados foi realizado no ensino fundamental na turma de 8º Ano no turno vespertino. O conteúdo usado na pesquisa foi Pirâmide Alimentar. A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo e quantitativo. Foi realizada observação de campo apoiada em materiais bibliográficos referentes ao tema. Foi efetuada uma análise prévia das dependências espaciais do local onde ocorreu o estudo. Mediante a proposta central da pesquisa, o estudo foi dividido em duas etapas: Na primeira, foi ministrada uma aula seguindo a linha tradicional de ensino, com aula expositiva e dialogada, fundamentada na teoria e com exercícios sistematizados para a memorização. Utilizando como auxilio didático, artigos e livros. Finalizado o conteúdo, foi aplicado um questionário avaliativo com o objetivo de avaliar e mensurar o conteúdo apreendido. Na segunda etapa, os alunos foram levados a construírem a maquete da pirâmide alimentar e a expor a mesma para o restante da turma. Para efetividade do trabalho, dividiu-se os grupos com 4 discentes, totalizando 3 grupos, onde os mesmos montaram e apresentaram suas maquetes em sala de aula. Concluída essa atividade entre os discentes, foi aplicado o mesmo questionário da etapa anterior, visando identificar se houve a influência da atividade para o conhecimento dos educandos.

Resultado e discussão

Os dados a seguir serão apresentados de forma genérica, expondo os resultados gerais que representam a mostra estudada. O questionário avaliativo aplicado foi elaborado contendo duas seções, um bloco de questões discursivas e um bloco de questões de múltipla escolha. Na questão de número 1, os alunos foram interrogados sobre o que é a Pirâmide Alimentar. De acordo com as respostas dos alunos foi observado que os mesmos já possuíam um conhecimento prévio do significado de pirâmide alimentar, pois a maioria afirmou que ela é um tipo de gráfico que organiza os alimentos de acordo com suas funções e nutrientes e de acordo com as necessidades do corpo com finalidade de fornecer uma alimentação saudável e equilibrada. Com os dados adquiridos após a construção das maquetes, é possível observar como as respostas dos alunos melhoraram, aprimorando assim os seus conceitos sem fugir do contexto geral. Na questão 2 ao serem perguntados sobre o que representa a “base da base” da Pirâmide Alimentar, muitos alunos citaram a boa alimentação e o exercício físico, ou seja, os discentes têm uma certa noção a respeito do que lhes foi questionado. Já após a apresentação da pirâmide alimentar, eles foram mais precisos e quase 100% responderam corretamente, indicando como respostas os exercícios físicos, definindo assim a chamada “base da base” da Pirâmide Alimentar. Na questão 3 perguntou-se qual grupo de alimentos deveriam ser consumidos em menor quantidade. Os alunos descreveram após a aula tradicional que os alimentos que deveriam ser menos consumidos eram os energéticos extras, mostrando assim um certo domínio sobre o assunto. Após a construção da maquete essa resposta foi aprimorada acrescentando a resposta que os alimentos que devem ser menos consumidos são aqueles que em excesso fazem mal à saúde, como as gorduras e os doces. O mesmo ocorreu na questão 4 quando os alunos foram interrogados sobre onde estariam localizados o grupo de alimentos que podem ser consumidos em maior quantidade na pirâmide alimentar. Na questão 5 os alunos foram questionados sobre a relação existente entre a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação. Em ambos os momentos, tanto no questionário após a aula tradicional, quanto no questionário aplicado após a construção da maquete, observou-se que os alunos citaram em sua maioria a saúde como relação existente entre a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação. Porém no segundo momento essa resposta foi acrescida de palavras como bem-estar, beleza física, beleza psicológica e saúde emocional. O que nos leva a entender que apesar de os alunos terem conhecimento da resposta correta, a utilização da maquete forneceu um incremento na apreensão dos conhecimentos e formulação das respostas. Na questão de número 6, que interrogava aos alunos o porquê de os alimentos energéticos extras ocuparem um espaço menor na alimentação, todos os alunos responderam de forma correta, sem fugir do foco da questão, destacando suas opiniões de diversas formas, mas todas voltadas ao fato de alimentos extras não poderem ser consumidas em grandes quantidades e poderem ser prejudiciais a saúde, chegando a causar várias doenças. Para, além disso, no segundo momento essa resposta foi acrescida pela posição desses alimentos na pirâmide alimentar e no tamanho da faixa da pirâmide em que eles se encontram. Na questão de número 7, os alunos foram interrogados sobre qual alternativa apresentava apenas alimentos energéticos. Após a aula tradicional, 67% dos entrevistados cita os cereais, tubérculos, raízes, já 25% cita leite e derivados, carnes, ovos, leguminosas, e 8% cita os óleos, gorduras, açúcares e doces, enquanto nenhum dos alunos considera hortaliças e frutas os alimentos energéticos. Após a construção da pirâmide, 100%, ou seja, os alunos foram unânimes ao afirmar que consideram os cereais, tubérculos e raízes como sendo os alimentos energéticos, mostrando assim que os alunos conseguem associar os alimentos energéticos às suas respectivas fontes. Ao serem perguntados na questão 8 sobre qual alternativa apresentava apenas alimentos considerados construtores, após a aula tradicional, 65% dos alunos citam as hortaliças e frutas, 20% citam os cereais tubérculos, raízes, 15% citam o leite e derivados, carnes, ovos e leguminosas e nenhum dos alunos apontou os óleos, gorduras, açúcares e doces. Após a aula com maquete esses números mudaram para 100% dos respondentes marcarem a alternativa contendo leites e derivados, carnes e ovos e as leguminosas como sendo os alimentos considerados construtores. Na questão 9 os alunos foram interrogados sobre que alternativa continha apenas alimentos considerados reguladores. Após a aula tradicional, 42% dos alunos responderam os leites e derivados, carnes e ovos e as leguminosas, 8% cereais, tubérculos e as raízes, 33% citaram as hortaliças e frutas, 17% cita os óleos, gorduras, açúcares e doces. Os cereais, tubérculos e raízes não foram citados pelos alunos. Após a construção da maquete foi considerável o número de alunos que responderam de forma correta (84%), citando as hortaliças e frutas como alimentos reguladores. Na questão de número 10 os discentes foram questionados sobre qual alternativa continha apenas alimentos considerados energéticos extras. O índice de respostas corretas variou de 48% para 92%. Na questão de número 11 os alunos foram interrogados sobre qual parte da pirâmide alimentar é constituída principalmente por alimentos de origem animal e o índice de respostas correta variou de 14% para 92%. Os alunos deveriam associar a composição dos grupos de alimentos a sua origem e ficou evidente que a maioria não conseguiu fazer essa associação inicialmente mas que isso foi sanado após a construção da maquete. Na questão de número 12 questionou-se qual parte da pirâmide alimentar pode ser consumida diariamente em quantidades e intervalos de tempo limitados. O índice de acertos antes e depois da construção da pirâmide se manteve em 33%. Suponha-se que por falta de atenção os dados continuaram os mesmos, uma vez que os alunos mantiveram suas respostas em ambos os momentos, pois para a resolução da mesma necessitava-se de um certo raciocínio lógico e a associação entre o conteúdo ministrado. Por fim na questão 13 os alunos foram interrogados sobre quais alimentos são responsáveis por uma dieta balanceada. O número de respostas corretas variou de 23% para 66%. Esses dados mostram claramente a eficiência da utilização de do recurso didático auxiliar no processo de aprendizagem e apreensão do tema pirâmide alimentar. Vimos, por este, que durante a aplicação do primeiro questionário notou-se certa dificuldade no reconhecimento da estrutura da pirâmide alimentar e a aula ficou mais encorajadora após a confecção da maquete. Foi observada a motivação dos alunos para a realização da tarefa e bastante autonomia no desenvolvimento de simulações sobre a pirâmide. A maquete ofereceu a possibilidade de ilustrar os diferentes tipos de alimentos e suas particularidades e os efeitos no organismo de maneira coerente, clara e concisa, possibilitando um conhecimento abrangente e interdisciplinar do conteúdo.

Conclusões

Diante dos resultados obtidos pela metodologia aplicada foi notório e perceptível que metodologias interativas e lúdicas levam a um processo de ensino aprendizagem mais significativo e envolvente. O uso de recursos didáticos como as maquetes facilitaram ao aluno participar do processo de construção de conhecimento, percebendo a verdadeira relação entre o conhecimento científico e a vida cotidiana. Além de ser uma alternativa acessível, de fácil manuseio e construção para se trabalhar com o ensino de ciências de forma descontraída e atrativa. É notável através desse estudo que os alunos têm mais facilidade para aprender quando são instruídos de uma forma diferente como foi o caso das construções das maquetes. Dessa forma foi possível observar nessa aula, o interesse dos alunos com relação ao conteúdo ensinado. Ficaram evidentes os resultados positivos quanto ao processo de aprendizagem em relação ao conteúdo Pirâmide Alimentar utilizado na sala de aula.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Maranhão

Referências

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 2. ed. Brasília: MEC/SEF, 2000.

CABRERA, W. B. A. Ludicidade para o Ensino Médio na disciplina de biologia. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007.

COSTA, M, S. P; SANTOS, J. S; NASCIMENTO, C. P.S. Maquete como recurso pedagógico na construção do conhecimento interdisciplinar. Universidade Federal do Piauí. UFPI, 2012.

DA SILVA, V.; MUNIZ, A. M. V. A geografia escolar e os recursos didáticos: o uso das maquetes no ensino-aprendizagem da geografia. Geosaberes, Fortaleza, v.3, n. 5, p. 62-68, jan. / jun. 2012.

PITANO, S. C; ROQUÉ, B. B. O uso de maquetes no processo de ensinoaprendizagem segundo licenciandos em Geografia. Educação Unisinos, maio/agosto 2015.

SANT ANNA, I. M. Recursos educacionais para o ensino:quando e por quê?. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

SANTOS, J. M.; LAHM, R. A.; BORGES, R. M. R. Avaliação de um estudo de biomas brasileiros mediante sensoriamento remoto: contribuições à formação de professores de ciências. Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 2009.

SOUZA, S. E. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. Arq. Mudi. 2007.