Autores

Pio Luz, L. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Franco Leao, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Fantinell Junior, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Alves da Silva, S.C. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Viana Morais Caetano, V. (IFMT-CAMPUS CONFRESA)

Resumo

Este estudo tem o objetivo descrever a avaliação diagnóstica utilizando a prova das olimpíadas de química com estudantes do 1º Ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT Campus Confresa para identificar os conteúdos que apresentam maiores dificuldades e que necessitam ser desenvolvidos. Para coleta de dados foi utilizado um questionário para caracterizar os investigados e a prova das Olimpíadas Brasileira de Química Júnior, destinada ao 9º Ano. O intuito é diagnosticar as principais dificuldades conceituais dos estudantes, para servir de parâmetro ao professor do que necessita ser retomado ou aprofundado. Os resultados não foram animadores, pois somente 4 estudantes acertaram mais da metade das questões e o maior número de estudantes acertou apenas 7 das 20 questões.

Palavras chaves

Avaliação diagnostica; Dificuldades conceituais; Olimpíadas de Química

Introdução

A avaliação da aprendizagem é um elemento fundamental que constitui o ato educativo. Ela tem um papel determinante, pois serve como instrumento que auxilia o professor na tomada de decisões, pois dá indicadores que levam a fazer escolhas didáticas corretas, seja para dar seguimento aos ensinamentos ou ainda para retomar aquilo que ainda não ficou compreendido pelo estudante. A avaliação também possibilita conhecer o estudante, suas dificuldades e facilidades, inclusive para verificar se é preciso ter atendimento individualizado, no intuito de sanar as dificuldades diagnosticadas, decorrentes de diversos fatores inclusive dos estudos realizados em anos anteriores. Durante o processo de ensino não se pode deixar de lado a avaliação dos estudantes e de seu conhecimento. Segundo Luckesi (2011), “o ato de avaliar a aprendizagem na escola é um meio de tornar os atos de ensinar e aprender produtivos e satisfatórios”. Só que ao contrário disso quando se fala em avaliação no espaço escolar logo se pensa em notas, valores ou classificação, pois por muitos anos teve apenas esta finalidade como descrito por Vasconcellos: “Todos nós sabemos a dificuldade que a avaliação escolar apresenta e as consequências drásticas que pode trazer para a educação: de um modo geral, podemos dizer que praticamente houve uma inversão na sua lógica, ou seja, a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da escola; “é o famoso estudar para passar” (VASCONCELOS et al., 2005, p. 32). No entanto, a avaliação vai muito além disso assumindo um papel fundamental no processo de ensino aprendizagem e é com esta intenção que se aplica este trabalho: (...) é sobre a avaliação que gira o trabalho escolar. Não apenas condiciona o que, quando e como se ensina, como também os ajustes que devem ser feitos para atender a diversidade de necessidades geradas em aula. Um bom dispositivo de avaliação deve estar a serviço de uma pedagogia diferenciada capaz de dar resposta aos interesses e dificuldades de cada aluno (BALLESTER, 2003, p. 24 - 25) A avaliação diagnostica apesar de ser indicada no início do ano letivo poder ser também aplicada no início de algum conteúdo e está contemplada na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394, de 20/12/1996 e deve acontecer em diversos momentos. No caso deste estudo, a avaliação é usada como instrumento para conhecer as dificuldades apresentadas pelos estudantes na disciplina de química para então montar o plano de ensino. Como nos diz Luckesi (2011): “(…) para qualificar a aprendizagem de nossos educandos, importa, de um lado, ter clara a teoria que utilizamos como suporte de nossa prática pedagógica, e, de outro, o planejamento de ensino, que estabelecemos como guia para nossa prática de ensinar no decorrer das unidades de ensino do ano letivo”. Tendo como princípio a constatação que é o ponto de partida para se obter bons resultados no processo de ensino. Sendo que para o professor a avaliação é muito importante no que se refere a investigação e tomada de decisão sobre quais ações poderão contribuir com o desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes, dá a direção de que conteúdo trabalhar para sanar as dificuldades apresentadas. Um parâmetro que pode ser considerado é o desempenho dos estudantes em provas como as aplicadas nas Olimpíadas de Química. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi descrever a avaliação diagnóstica utilizando a prova das olimpíadas de química com estudantes do 1º Ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT Campus Confresa para identificar os conteúdos que apresentam maiores dificuldades e que necessitam ser desenvolvidos posteriormente.

Material e métodos

Essa pesquisa foi realizada no início do ano letivo de 2019, com 40 estudantes do 1º ano do Ensino Médio Integrado ao Curso de Técnico em Agropecuária, Turma B, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias de Mato grosso (IFMT) Campus Confresa. Foram utilizados dois instrumentos para coletar dados, todos eles aplicados durante as aulas de química, pelos estudantes de Licenciatura em Ciências da Natureza com habilitação em Química e também bolsistas do PIBID da instituição. Foram os instrumentos: um questionário para caracterizar os investigados e a realização da prova das XI Olimpíada Brasileira de Química Júnior. O questionário de caracterização foi constituído pelas seguintes perguntas: Qual escola e município você cursou o ensino fundamental? Qual era a formação do seu professor de química do Ensino Fundamental? Qual disciplina você possui maior dificuldade? Devido o IFMT receber estudantes de localidades bem distantes, além dos municípios circunvizinhos, viu a necessidade de conhecer de onde estes alunos que fariam a avaliação vinham, e qual era a realidade do ensino recebido. A importância de coletar estes dados se dá pela grande diversidade de estudantes que chegam à instituição, e também ao fato de serem das mais diferentes escolas e de possuírem realidades bem distintas. Outro instrumento de coleta de dados foi a pesquisa exploratória e de campo, que utilizou uma avaliação diagnostica, constituída por 20 questões de múltipla escolha, sendo que cada questão valia 0,5 pontos. A prova teve a duração de 02 horas. Utilizou-se a prova da XI Olimpíada Brasileira de Química Jr, do 9º ano, I Fase, do ano de 2018, que tinha por objetivo estimular o interesse dos jovens do 8º ao 9º ano pelas ciências da natureza de modo especial a química e contribuir na melhoria do ensino. Nesse estudo foi aplicada com o intuito verificar quais habilidades já foram desenvolvidas e quais precisam ser contempladas no ensino de química. Por meio da prova foram verificados os seguintes conteúdos: Separação de misturas, Mudanças de estado físicos da matéria, vidrarias, Substancias, Composição Química, Elementos da tabela periódica. Após a aplicação da Avaliação Diagnóstica, os dados foram tabulados, analisou-se os acertos e erros, relacionando-os aos conteúdos abordados para se ter a base dos conteúdos que deverão ser retomados e/ou aprofundados. Além de termos a relação dos conteúdos também se tem a base para pensar-se em estratégias que terão melhor resultados.

Resultado e discussão

O questionário de caracterização dos sujeitos envolvidos no estudo demostra que são oriundos de 21 escolas diferentes, espalhadas em 11 municípios. Comprova-se assim que as diferentes realidades encontradas pelo professor em sala, pois muitos estão longe da família, alguns deles frequentaram escolas privadas, outros são oriundos de escolas do campo, ou seja, são contextos diversos que refletem em diferentes ritmos de aprendizagem. Outro dado a ser ressaltado é sobre o professor que tiveram no ano anterior. Notou-se que apenas três estudantes afirmaram que o professor possuía formação em Química e os demais tiveram professores que davam aulas de química porem formados em outras áreas como Biologia 07, Física 01, Pedagogia 06, outras áreas 13, sendo que os demais não responderam. A falta de formação específica certamente influencia no desempenho dos estudantes e na compreensão dos conceitos químicos. Quanto aos resultados da prova da XI Olimpíada Brasileira de Química Júnior, do 9º ano, I Fase, os resultados são preocupantes, pois de maneira geral a ampla maioria dos estudantes (mais de 85%) obtiveram notas muito baixas (50 % ou inferior). Foram apenas 4 estudantes com notas acima da metade, e a maior delas foi 6,5, o que corresponde a 13 questões. A descrição detalhada das notas e percentuais com o rendimento dos estudantes encontra-se ilustrada na figura abaixo. Não ocorreu de nenhuma questão ser acertada por todos os estudantes, bem como não teve questão que ninguém acertou. Ao analisar as questões com maior índice de erro, identifica-se que as dificuldades são diversas, mas destaca- se a falta de conhecimento dos estudantes sobre as características dos elementos químicos da tabela periódica e propriedades das substâncias. O desempenho dos estudantes, mesmo que não satisfatório, já era esperado, pois vieram de realidades diferenciadas e a grande maioria não teve professores com formação específica, o que faz toda a diferença. No entanto, essa avaliação diagnóstica é relevante e oportuna, uma vez que realizada no início do ano letivo permitirá ao professor regente da disciplina procurar metodologias para sanar essas dificuldades apresentadas pelos estudantes. De acordo com Luckesi (2011), ao professor compete planejar bem suas ações e para isso o resultado somente será positivo se tomar as decisões acertadas, de maneira que a avaliação torna-se um ponto de apoio para explicitar a realidade e realizar os possíveis encaminhamentos para superar problemas identificados. Cabe ressaltar que essa avaliação, apesar de ter atribuído notas aos estudantes, não teve caráter classificatório, mas buscou conhecer as limitações e quais assuntos merecem uma atenção especial para assim buscar meios de superar tais dificuldades. Até mesmo por acreditarmos na concepção de avaliação da aprendizagem segundo Vasconcelos (2005) de que essa ação pedagógica é processual e não pontual. Nesse sentido, é preciso inverter a concepção dominante entre os estudantes de que a avaliação é examinadora. Em vertente oposta, o estudo possibilitou verificar que a avaliação pode ser concebida e utilizada para verificar pontos de ajustes no ato educativo, ou seja, indica quais aspectos necessitam ser ensinados de outra maneira pelo professor ao mesmo tempo que aponta quais conceitos os estudantes necessitam redobrar seus esforços para que ocorra o aprendizado. A partir desse estudo que envolveu uma avaliação diagnóstica, percebe-se que o ato de avaliar é um elemento fundamental no processo educativo, tanto para os estudantes que saberão seu desempenho e em que necessitam estudar mais, quanto para o professor que identifica os conceitos já compreendidos e aqueles que precisam ser reforçados e ensinados de maneira ter sentido para os estudantes.

Gráfico.

Relação de notas e percentuais de estudantes.

Conclusões

O presente estudo se propôs a descrever a avaliação diagnóstica que utilizou a prova das olimpíadas de química com estudantes do 1º Ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT Campus Confresa. Quando se analisa os resultados, nota-se que a grande maioria de estudantes, não tem o domínio dos conteúdos básicos da química, já que erraram mais da metade das 20 questões. Essa constatação leva a reflexão sobre quais motivos levaram a este déficit tão grande de aprendizagem enquanto formação a nível de Ensino Fundamental. Isso pode estar atrelado ao fato da maioria dos estudantes serem oriundos de escolas que não possuem professores com habilitação específica na área de química ou também pela não apropriação dos conteúdos pelos estudantes, pois estes possuem diferentes ritmos de aprendizagem e aprenderam em diferentes contextos. O estudo também permitiu identificar os conteúdos nos quais os estudantes investigados apresentam maiores dificuldades e que necessitam ser desenvolvidos posteriormente pelo professor regente. Além disso, aos bolsistas do PIBID, essa atividade possibilitou compreender sobre a importância da avaliação da aprendizagem, suas diferentes maneiras e finalidades e como uma avaliação diagnóstica auxilia o professor na identificação dos conteúdos a serem desenvolvidos com os estudantes. Por isso, conhecer o nível de aprendizagem do estudante e/ou turma, por meio da avalição diagnóstica, é uma necessidade pois através dela da constatação dos resultados pode-se identificar os problemas e buscar meio para sana-los e então obter bons resultados no ensino.

Agradecimentos

Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias de Mato Grosso- Campus Confresa Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (Pibid)

Referências

BALLESTER, Margarita e al. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003.
BASÍLIO, M. L. P. Avaliação diagnóstica: um instrumento norteador para o trabalho docente no ensino da matemática para os alunos do 8º ano, 2013. Disponível em <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4433/1/md_edumte_2014_2_73.pdf> acesso em: 24 de junho de 2019.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional N° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação – concepção dialética libertadora do processo de avaliação escolar. 15. ed., São Paulo, SP: Libertad, 2005.