Autores

Silva, D.P. (COLÉGIO MARISTA ROSARIO) ; Alves, V.F. (COLÉGIO MARISTA ROSARIO)

Resumo

De acordo com as orientações das Matrizes Curriculares Maristas, que prioriza o ensino dos componentes de Ciências da Natureza por área de conhecimento, este trabalho relata uma proposta de Sequência Didática realizada no 1º ano do EM, em que o ensino de Química ocorre em consonância com os demais componentes da área. Utilizando metodologia que prioriza a pesquisa, a aprendizagem cooperativa, contextualizada e significativa, o trabalho foi maximizou as abordagens didáticas, visando compreender a ocorrência, extração e aplicação dos elementos químicos, buscando análise crítica da interface entre as ações humanas que levam a prospecção de matérias primas específicas e os descartes dos resíduos decorrentes do processo. Os estudantes, após aulas orientadas, produziram infográficos.

Palavras chaves

Sequência Didática; Ensino de Ciências ; Ciências da Natureza

Introdução

A utilização de recursos naturais, muitas vezes necessários ao progresso e qualidade de vida humana, acarretam significativas modificações no meio ambiente. Todos os aspectos advindos dessa ação humana devem estar pautados em políticas públicas relativas a exploração consciente dos recursos naturais e valores de sustentabilidade. Nessa direção, visando levar os estudantes a apropriarem-se de diferentes aspectos sobre recursos minerais e o manejo associado as etapas de prospecção de minérios, obtenção do elemento, tratamento e descarte de rejeito, bem como as perspectivas de inovações nessa área, professores da área de Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química), propõem um trabalho pluridisciplinar, com a finalidade de ampliar conhecimentos, promover reflexões e estimular aprendizagens. O presente trabalho aborda uma proposta de ensino acerca de uma Sequência Didática (SD) para a área de Ciências da Natureza no Ensino Médio, cuja temática é a prospecção de matérias primas e a obtenção dos principais minerais de interesse comercial no Brasil, tendo como pano de fundo sesquicentenário da Tabela Periódica de Mendeleiev. Objetiva trazer reflexões sobre as ações humanas que levam a necessidade da prospecção de matérias primas específicas e o descarte dos insumos decorrentes dessas técnicas, percebendo que a natureza nos lembra inúmeras vezes de que o seu tempo pode não ser o mesmo que o de nossas necessidades materiais e econômicas.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido por 5 professores de Ciências da Natureza, em 7 turmas da 1ª série do EM do Colégio Marista Rosário, no 1º trimestre de 2019. É importante destacar que novas práticas se fazem necessárias, pois é comum entre os professores do ensino médio a frustração de comprovar a baixa efetividade de seus esforços docentes para a aprendizagem dos estudantes (POZZO E CRESPO, 2009, p. 15 e p.246), bem como a fragmentação daquilo que é aprendido. Os estudantes, organizados em grupos, responderam a situação problema: Numa época em que a sociedade está em constante mudança e é fortemente influenciada pelo desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, por que ainda há necessidade de extração de minérios? Em que cadeias produtivas eles são indispensáveis? E como poderíamos minimizar os impactos causados pela mineração ou mesmo propor técnicas de extração mais seguras e menos poluentes? Cada grupo se apropriou do ciclo de um elemento explorado sob a forma de minério (Fe, Cr, Mn, Cu, Sn, Ni, Al, W, Si, Ag, Zn, K, Nb), ou não (Au), desde a prospecção até a aplicação no cotidiano. Além disso precisou fazer uma reflexão propondo: ou estratégias alternativas e sustentáveis para a substituição do elemento em produtos cotidianos, ou intervenções em alguma etapa do processo de produção ou do processamento de rejeitos que minimizasse os impactos ambientais. As ideias foram articuladas através de um infográfico. Os estudantes foram solicitados a discorrer sobre a problemática apresentada na situação problema sob o ponto de vista das Ciências da Natureza (aspectos técnicos) e das Ciências Humanas (aspectos sociais e econômicos), posicionando-se criticamente através de um texto autoral, utilizando argumentos consistentes e baseados em dados técnicos.

Resultado e discussão

Os infográficos (figuras 1 e 2) foram produzidos em 45 dias após o início das atividades do trabalho de área. Devemos salientar que no período, nos três componentes curriculares, os professores buscaram direcionar a dinâmica de seus conteúdos nucleares, por meio de discursos, materiais e atividades que contemplassem o tema do de trabalho. Aproximações foram obtidas pela avaliação dos professores no construto da rede de conhecimentos dos componentes, mas por vezes retomadas, fruto da percepção de novos elementos constitutivos as suas práticas e rotina escolar. O conjunto de atividades permitiu aos professores inserir os eixos estruturantes da área, presentes na Matriz Curricular do Brasil Marista em sua prática pedagógica (MATRIZES, 2016). Não obstante, o grupo docente constatou que a proposta do projeto culminando com o desenvolvimento dos infográficos privilegiaram os eixos de contextualização sócio histórico e cultural, bem como o de linguagens científicas. Desde o planejamento, até ao desenvolvimento das atividades houve um movimento dos docentes em criar diálogo entre os conteúdos nucleares e o tema proposto, e por conta disso, e uma característica inata à área, buscou-se a cada tópico de estudo um contexto comum que remetesse aos signos e significados desse tema em cada componente. A sequência didática, no contexto abordado, possibilitou uma aprendizagem significativa no que tange à articulação das competências e conteúdos nucleares nos diferentes componentes. Os resultados apontam que o trabalho ampliou as possibilidades de compreensão, construção e contextualização dos conhecimentos e saberes, flexibilizando o fazer pedagógico, explicitando as formas de relação, de reciprocidade e de aproximação em diferentes áreas (UNIÃO, 2010, p. 85).

Figura 1: Infográfico elemento Manganês

Infográfico resultado da pesquisa sobre a mineração do Manganês.

Figura 2: Infográfico elemento Zinco.

Infográfico resultado da pesquisa da mineração do elemento Zinco.

Conclusões

A sequência didática é uma metodologia que aguça a investigação cientifica e valoriza a aprendizagem dos estudantes. O desafio como educadores é repensar as relações na sala de aula, considerando que o estudante aprende quando entende a lógica que permeia o que é ensinado, quando se sente vinculado e quando a relação com o professor oferece uma atmosfera de compromisso e responsabilidade, resultando em êxito nos objetivos educativos. É preciso que o que o estudante seja capaz de pensar, fazer relações, argumentar, estimulando seu protagonismo nas atividades escolares.

Agradecimentos

Agradecemos ao Coordenador de Área professor Vanderlei Guerreiro, a Coordenadora Pedagógica Carla Spagnolo e direção do Colégio Marista Rosário pelo apoio na participação no evento

Referências

MATRIZES Curriculares de Educação Básica do Brasil Marista: área de ciências da natureza e suas tecnologias / [organizador] União Marista do Brasil. – Curitiba: PUCPRess, 2016.

POZO, Juan Ignácio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científi co. Tradução de Naila Freitas. 5. ed., Porto Alegre: Artmed, 2009..

UNIÃO MARISTA DO BRASIL — UMBRASIL. Projeto Educativo do Brasil Marista: nosso jeito de conceber a Educação Básica. Brasília: União Marista do Brasil, 2010.