Autores

Gonçalves Magalhães, C. (DEPARTAMENTO DE QUÍMICA, UEPG) ; Fockink, D.H. (DEPARTAMENTO DE QUÍMICA, UEPG) ; de Boer Pinheiro de Souza, L. (DEPARTAMENTO DE QUÍMICA, UEPG)

Resumo

Nesse trabalho é descrito um relato de experiência sobre alternativas de ensino de Química Orgânica Experimental durante a pandemia do COVID-19. Devido à necessidade de se ministrar aulas práticas de forma remota, pensou- se em metodologias que propiciassem a interação entre os alunos e minimizassem as deficiências de aprendizagem ocasionadas pela falta de vivência no laboratório. Assim, foi proposto que os alunos produzissem vídeos de alguns experimentos, utilizando materiais de uso doméstico e fizessem considerações sobre essa nova experiência. Constatou-se que a proposta foi bem aceita pelos estudantes, que relataram que a produção dos vídeos contribuiu positivamente para solidificar o aprendizado.

Palavras chaves

Química Orgânica ; experimentação; recursos audiovisuais

Introdução

A necessidade de isolamento social, em decorrência da pandemia do vírus COVID-19, em 2020, impôs grandes desafios à educação(Vercelli,2020). Em consequência, a busca de novas alternativas de ensino se mostrou urgente e necessária, principalmente, no intuito de minimizar as perdas na rotina acadêmica dos estudantes. Além disso, a reestruturação das disciplinas experimentais, com estratégias metodológicas de Ensino Remoto em plataforma digital, foi bastante desafiadora. Em se tratando da disciplina de Química Orgânica, pensou-se numa maneira de oferecê-la de forma que os alunos se sentissem motivados a executar alguns experimentos, bem como na possibilidade de maior interação entre a turma, ainda que de modo virtual. O ensino não presencial exige maior autonomia do estudante, quanto à organização do tempo de estudos, além da necessidade de assumir responsabilidades para que a aprendizagem seja, de fato, efetiva (Rothen, da Nóbrega, Oliveira, 2020). Outro aspecto de relevância nesse processo, que exige o uso de tecnologias digitais, está relacionado às condições econômicas dos alunos, considerando a dificuldade de acesso à internet, além da escassez de recursos para se adquirir notebooks. Isso traz reflexos de exclusão educacional, por dificultar a participação de estudantes de forma isonômica nas aulas remotas. Assim, neste trabalho é apresentado um relato de experiência sobre a estratégia de ensino de Química Orgânica Experimental, ofertada no modelo remoto, para ingressantes no curso de Farmácia da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG - em Ponta Grossa, Paraná, considerando a importância da socialização dessas experiências para expor práticas em desenvolvimento, por meio do relato de estratégias pedagógicas contemporâneas e de seus resultados.

Material e métodos

O plano organizacional do curso foi conduzido na plataforma Google Classroom pelos professores responsáveis pela disciplina de Química Orgânica ministrada para calouros do curso de Farmácia da UEPG. Houve a confecção de vídeos pelos acadêmicos, que executaram de modo caseiro os seguintes experimentos: obtenção de paracetamol a partir de comprimidos comerciais, preparo de um extrato vegetal, cromatografia em papel e obtenção de sabão. No material audiovisual produzido pelos estudantes, que também se tratava de uma atividade avaliativa, era necessário apresentar a fundamentação teórica do experimento, mostrar como executá-lo, utilizando utensílios domésticos e também discutir os resultados obtidos. Os vídeos foram preparados em grupo. Essas atividades ocorreram em momentos síncronos e assíncronos, no período de fevereiro a abril de 2021. Ao final da disciplina, os alunos foram convidados a relatar como foi a experiência da elaboração desses vídeos.

Resultado e discussão

A participação dos estudantes na confecção dos vídeos de experimentos de Química Orgânica foi efetiva e levou à produção de materiais de boa qualidade. Verificou-se o comprometimento dos acadêmicos com a busca das informações relativas à fundamentação teórica do experimento a ser executado, bem como no embasamento dos conteúdos que justificaram os resultados obtidos. Estão mostradas capturas de momentos dos vídeos produzidos pelos estudantes sobre os experimentos de extração do paracetamol de comprimidos comerciais (Figura 1 A, B e C) e obtenção de extratos vegetais (Figura 1 D, E e F). Em ambos os casos, experimento foi realizado de modo caseiro, utilizando copos no lugar de béqueres e seringas de plástico para substituir provetas ou pipetas, por exemplo. Os resultados obtidos foram satisfatórios, observando-se o paracetamol extraído (Figura 1 C) e também o extrato vegetal obtido após uma semana (Figura 1F). Os conceitos de solubilidade, interações intermoleculares e polaridade de substâncias foram abordados pelos alunos durante a introdução dos experimentos, bem como na discussão dos resultados. Na Figura 2 estão ilustradas capturas de tela dos vídeos dos experimentos de cromatografia em papel (Figura 2 A, B e C) onde abordaram-se os conceitos ora mencionados. Na obtenção de sabão (Figura 2 D,E e F), o conceito de hidrólise básica de ésteres foi elencado pelos acadêmicos, que enfatizaram a reação de saponificação ao descreverem o produto sintetizado. A devolutiva dos alunos a respeito da nova experiência foi favorável, ilustrada pelos comentários positivos postados na página virtual da disciplina. Ressalta- se que o ensino remoto exigiu dos professores uma postura inovadora, alinhada a uma metodologia ativa frente à prática pedagógica.

Figura 1.

Capturas de momentos dos vídeos sobre extração do paracetamol de comprimidos comerciais (A, B e C) e obtenção de extratos vegetais (D, E e F).

Figura 2

Capturas de momentos dos vídeos sobre cromatografia em papel (A, B e C) e obtenção de sabão (D, E e F).

Conclusões

Embora tenha sido grande o desafio de se buscar novas metodologias e alternativas para o ensino experimental remoto, a participação efetiva dos acadêmicos na criação de vídeos onde os mesmos executavam e explicavam os experimentos fez com que a aprendizagem se tornasse mais motivadora.

Agradecimentos

Referências

VERCELLI, L. C. A. Aulas remotas em tempos de covid-19: a percepção de discentes de um programa de mestrado profissional em educação. Revista @mbienteeducação, v. 13, n. 2, p. 47-60, jun. 2020.

ROTHEN, J. C.; DA NÓBREGA, E. C.; OLIVEIRA, I. S. Aulas remotas em tempo emergente: Relato de experiência com a turma “Avaliação Institucional da Educação” na UFSCar. Cadernos da Pedagogia, v. 14, n. 29, p. 97-107, Out/2020.