Autores

Trindade, A.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Gama, B.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, F.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Ramos, K.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Moraes, L.C.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Matos, M.J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Quintela, R.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Santos, Y.C.R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Queiroz, F.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, F.D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)

Resumo

Este trabalho trata sobre o tema “chuva ácida” e teve como objetivo auxiliar os alunos no processo de aprendizagem por meio dos recursos midiáticos Google Meet, simulador Phet Colorado e laboratório Yenka, oportunizando a construção de conhecimentos básicos sobre ácido-base para o ensino de chuva ácida através de vídeos experimentais para os alunos. A avaliação do grau de conhecimento obtido pelos alunos durante a oficina ocorreu através da aplicação de questionários referentes aos experimentos e as metodologias realizados. O projeto foi desenvolvido na Escola Estadual Professora Nancy Nina da Costa, localizada no bairro Zerão do município de Macapá-AP, em turmas da 3ª série e 2ª etapa do EJA.

Palavras chaves

Ensino; Mídias digitais; Chuva Ácida

Introdução

O assunto abordado tem como importância mostrar as consequências que a chuva ácida provoca no meio ambiente e no ser humano por causa da industrialização, visando envolver os alunos em uma atividade coletiva, familiarizá-los com o tema e prepara-los para um dos assuntos mais recorrentes do ENEM. O objetivo desse trabalho é ensinar e proporcionar ao aluno o entendimento de onde, como e porque ocorre a chuva ácida. Objetiva-se ainda fazer com que o aluno relacione a queima de combustíveis fósseis à essa chuva, além de assimilar que o homem, se quiser, pode destruir seu ambiente natural. E ainda, despertar o senso crítico através de análise ambiente natural X ambiente industrial. De acordo com Odum (1988), as áreas urbanas são ambientes fundamentais para o alto nível de poluição ambiental. Apesar das sujeiras também aparecerem de outras formas, a progênie da impureza ecológica ocorre mais em locais altamente desenvolvidos, ou seja, industrializados. Segundo Cred (2020), as estatísticas, nos últimos vinte anos, mostram que aumentaram os números de acontecimentos de desastres ambientais, tendo relação com fatores climáticos ocasionados pela interferência de ações humanas que causaram risco ambiental para a população mundial. A poluição ambiental, gerada por carvão, petróleo, gás natural etc., traz graves consequências climáticas para o ser humano, em razão de haver liberação de gases como o dióxido de carbono. O risco dessas consequências ambientais torna-se ainda maior quando há degradação e ocupação em locais de preservação ambiental. Para Odum (2001, p. 34): O homem, claro está, tenta mais do que qualquer outra espécie modificar o ambiente físico afeiçoando-o às suas necessidades imediatas, porém, ao fazê-lo está a desbaratar, mesmo a destruir, componentes bióticos necessários, à sua própria sobrevivência. De acordo com Derísio (2017), as reações químicas formadas por processos industriais liberam várias partículas de gases poluentes, como os óxidos de enxofre e os óxidos de nitrogênio. Corroborando com essa temática, Cowling (1982) afirma que esses gases soltos na atmosfera, juntamente com dióxido de carbono, quando se encontram com as gotículas de água formam o ácido sulfúrico (H2SO4) e o ácido nítrico (HNO3), que são a causa da acidez da água das chuvas no planeta. Conforme Cowling (1982), a expressão Chuva Ácida surgiu no século XIX, pelo químico britânico Robert Angus Smith, uma das principais consequências que ele observou foi a deterioração que elas causavam nas plantas e materiais, relacionando a acidez da chuva com ácido sulfúrico. De acordo com Fornaro (2006), existem dois tipos de chuva, a “chuva alcalina” que apresenta o PH>6 e a “chuva ácida” quem têm o PH<5. Em algumas regiões, estudos revelaram, que o PH da chuva foi inferior à 4,5, elevando mais a acidez nas cidades. A extensão, na qual a precipitação ácida afeta uma determinada área, depende significativamente da composição do solo: áreas fortemente afetadas são as que contêm granito ou quartzo, já que estes têm pequena capacidade de neutralização; em contraste, solos contendo carbonato de cálcio, podem neutralizar a acidez de modo mais eficiente (MARTINS e ANDRADE, 2002, p.270). A chuva, mesmo sendo ácida, ainda é considerada um meio de limpar os resíduos poluentes da atmosfera, porém essa limpeza desloca a poluição para rios e lagos, causando graves problemas ambientais (JESUS, 1996). Além de poluir rios e lagos, destruindo a flora e a fauna aquática, a chuva ácida se infiltra no solo, liberando metais potencialmente tóxicos tais como Al, Pb, Cd, que podem se introduzir na cadeia alimentar (MARTINS e ANDRADE, 2002, p.270). De acordo com Giordan (1999), o conhecimento científico é, facilmente, desenvolvido através de práticas experimentais porque a investigação instiga a construção do conhecimento em relação ao tema trabalhado. ‘’O trabalho docente é atividade que dá unidade ao binômio ensino-aprendizagem, pelo processo de transmissão-assimilação ativa de conhecimentos, realizando a tarefa de mediação na relação cognitiva entre o aluno e as matérias de estudo’’. (LIBÂNEO, 1994, p.88) Justifica-se a aplicação desse trabalho em virtude da necessidade de abordagem e compreensão do tema chuva ácida, tópico amplamente discutido frente as problemáticas ambientais enfrentadas pela sociedade. Para isso, as mídias digitais podem ser fundamentais na conjuntura vivenciada no ano de 2020, uma vez que o processo de ensino-aprendizagem está se sucedendo de forma totalmente remota, o qual exige adaptação para o aproveitamento de novas metodologias de ensino digitais.

Material e métodos

O projeto foi desenvolvido na Escola Estadual Professora Nancy Nina da Costa, no mês de junho do ano de 2021, em 3 turmas da 3ª série, turma 333 com 30 alunos, turma 332 com 47 alunos e turma 333 com 38 alunos, das 19 horas às 19 horas e 40 minutos, e 3 turmas da 2ª etapa do EJA (Educação de Jovens e Adultos), etapa A com 50 alunos, etapa B com 31 alunos e etapa C com 33 alunos, das 19 horas e 40 minutos às 20 horas e 20 minutos, totalizando 6 turmas e 229 discentes. A necessidade da escolha do tema surgiu mediante observações feitas na aprendizagem e dificuldades dos alunos em questões, tanto nas avaliações das escolas como nas do ENEM, relacionadas ao assunto. E observações externas em jovens-alunos, em geral, que apresentam dificuldades em se posicionar em relação a esse assunto perante a sociedade, a fim de influenciar decisões importante para o planeta e para a humanidade. A oficina aconteceu através do Google Meet e teve como momento inicial a aula teórica e a utilização do Simulador Phet Colorado para conceituar Ácido-Base, sendo parte introdutória para o entendimento da Chuva Ácida. O segundo momento foi a realização de um experimento, no Laboratório Virtual Yenka, onde foi demonstrado a reação do dióxido de carbono (CO2) atmosférico com a água(H20). O experimento implicou em demonstrar um dos processos que contribuem para a acidez da chuva. O terceiro momento foi a transmissão de um experimento (já gravado), onde foi colocada uma flor em um pote de vidro para demonstrar o efeito causado pela acidez da chuva e com o auxílio de uma colher foi queimado o enxofre, a fim de simular o efeito ácido. Em seguida, foi comparado a flor que ficou na chuva ácida com a flor que não ficou na chuva ácida e se observou que as flores mudaram de cor e de textura. Isso aconteceu porque a queima do enxofre reagiu com o gás oxigênio do ar se formando em dióxido de enxofre causando acidez dentro do pote fechado. Após o experimento, que teve a finalidade de demonstrar os efeitos negativos no meio ambiente, foi explicado as consequências ambientais dessa chuva. E no quarto momento foi aplicado uma atividade de 5 questões, sendo 2 perguntas de resposta aberta e 3 questões objetivas, 2 adaptadas do ENEM e 1 de concurso, referindo-se ao assunto estudado com o objetivo de examinar e medir a absorção de conteúdo obtida pelos alunos. Por fim, foi realizada a aplicação de outro questionário, onde o mesmo continha 5 perguntas do tipo fechadas de respostas e binárias (sim ou não), relacionadas à aprendizagem dos alunos para avaliar e coletar dados sobre a metodologia utilizada, os recursos midiáticos e a forma do ensino. O questionário foi de opinião individual, por serem respostas binárias.

Resultado e discussão

No momento inicial, notou-se que as turmas estavam intimidadas com presença de todos os bolsistas do PIBID/CAPES/UEAP presentes na sala de aula virtual, porém, para instigar a dúvida a respeito da chuva ácida e atrair a atenção deles foi necessário fazer questionamentos como “A chuva normal é considerada ácida?”, “Vocês acham que existe diferença entre a chuva normal e a chuva ácida?” , diante destes questionamentos foi possível notar que os alunos tinham pouco conhecimento sobre o assunto, pois a maioria respondia que a chuva normal não era ácida e que essa era a diferença entre ambas. A partir desse ponto a aula teórica fluiu de acordo com o entendimento dos alunos e se eles não entendiam, um ponto especifico do assunto, a explicação era retornada ao ponto duvidoso e, posteriormente, seguida. Logo após, utilizando o Simulador Phet Colorado, foi explicado e exemplificado a diferença entre um ácido e uma base e suas principais caraterísticas. Após a aula teórica, procedeu-se à experiência que demonstrava o processo de formação da chuva ácida com o auxílio do Laboratório Virtual Yenka. Nesse momento, os alunos não só aprenderam como ocorre a chuva ácida, mas também puderam conhecer, mesmo de forma virtual, algumas vidrarias e outras aparatos que são utilizadas, diariamente, em um laboratório de química. A fim de completar a oficina e, consequentemente, esclarecer ainda mais o assunto para os alunos, foi transmitido o experimento, gravado anteriormente que simulava o efeito da acidez da chuva em uma flor, que representava o meio ambiente. Em seguida, perguntou-se para os alunos o que eles haviam notado na experiência e alguns responderam que a flor “desbotou”, “enfraqueceu”, “ficou embranquecida” e etc.... Dessa forma, os discentes, observaram na prática o que apenas foi repassado na aula teórica sobre as consequências que chuva ácida traz para o meio ambiente e ser humano. Para medir o grau de aprendizagem dos alunos foi aplicado a atividade a respeito do assunto abordado (chuva ácida), sendo que do total de 229 alunos apenas 200 discentes participaram, com prazo de uma semana para entregar a mesma. Veja a seguir o gráfico 1 que apresenta os resultados da aprendizagem dos alunos: Neste gráfico, pode-se perceber que, dos alunos que participaram, todos conseguiram identificar os principais componentes que causam a acidez da chuva. A segunda pergunta sobre o experimento, em relação as parcialmente corretas dos alunos, foi devido à falta de explicação na resposta, uma vez que a questão era explicativa e as respostas incorretas ou sem respostas foi devido a indisponibilidade de internet de alguns alunos que inviabilizou a atenção ao experimento transmitido. Percebe-se na segunda questão do ENEM e a de concurso que há acertos, mas também existem respostas incorretas e até mesmo alunos que não souberam responder, e isso pode ter acontecido pela falta de leitura por parte dos alunos, uma vez que, de acordo com o Anuário da Educação Básica 2020, a biblioteca e/ou sala de leitura, que é um dos equipamentos essenciais, não é presente na maioria das escolas brasileiras. Essa é uma realidade que afeta o desenvolvimento de alfabetização dos discentes, porém, os professores, por sua vez, necessitam adotar questões semelhantes nas suas metodologias a fim de habituar seus discentes à realidade do ENEM, uma vez que o mesmo exige um grau de leitura em suas questões propostas. Após a atividade, procedeu-se a aplicação do questionário acerca dos recursos midiáticos, ensino e metodologia utilizado. Veja o gráfico 2 que representa a satisfação dos alunos: No gráfico 2 percebe-se que os recursos midiáticos, a metodologia, juntamente com as experiências funcionaram como facilitadores de aprendizagem dos alunos para a compreensão de um dos assuntos de química (chuva ácida). Por outro, o ensino remoto impossibilitou muitos alunos a assistirem as aulas, alguns por causa da internet e outros por não terem um dispositivo para participar das mesmas. Entretanto, nota-se uma facilidade dos alunos em entender o assunto quando há uma diferente metodologia, realizando experiências e associando-as com a realidade dos mesmos, pois o conhecimento empírico, quando estudado, dificilmente é esquecido.

Gráfico 1

Aprendizagem dos alunos

Gráfico 2

Satisfação dos alunos

Conclusões

A oficina temática realizada não só tratou sobre um tema importante dos conteúdos da disciplina química, mas como também o correlacionou à problemáticas sociais com a finalidade de facilitar o entendimento do aluno utilizando recursos midiáticos para instigar o mesmo a participar das aulas e, principalmente, querer estudar. Assim, os resultados de aprendizagem do conteúdo e satisfação dos alunos para com a oficina proposta na realização desses questionários, embora considerados satisfatórios, incluem pontos que devem ser encarados como desafios, pois, faz-se necessário repensar novas metodologias para facilitar a construção do conhecimento dos alunos que tiveram baixos índices a fim de possibilitar o ensino remoto até aqueles alunos que se encontram, no momento de pandemia, sem internet e até mesmo sem dispositivo para a realização e participação das aulas online.

Agradecimentos

Referências

COWLING, E.B. Acid Preciptation in Historical Perspective. Evironmental Scienc Tchnology, Estados Unidos 16(2), p 110A-1234A. 01 fev. 1982.

CRED. CRED CRUNCH 61 – HAMAN COST OF DISASTERS (200-2019). Disponível em: <Centre for Research on the Epidemiology of Disasters | Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (cred.be))>. Acesso em: 06 de jan. 2021.

DERÍSIO, J.C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. 5ª Ed. São Paulo: Oficina de textos, 2017.

FORNARO, A. Águas de Chuva: conceitos e breve histórico. Há chuva ácida no Brasil? Revista USP, São Paulo, n. 70, p. 79, 01 ago. 2006.

GIORDAN, M. Experimentação e Ensino de Ciências. Química Nova na Escola, n 10, p 43-49, nov 1999.

JESUS, E. F. R. de. A importância do estudo das chuvas ácidas no contexto da abordagem climatológica. Sitientibus, Feira de Santana, n. 14, p. 143-153, 1996.

LIBÂNEO, J. C. Didática. 1ª Ed. São Paulo: Cortez Editora, 1994.

MARTINS, C. R; ANDRADE, J. B. QUÍMICA ATMOSFÉRICA DO ENXOFRE (IV): EMISSÕES, REAÇÕES EM FASE AQUOSA E IMPACTO AMBIENTAL. Química Nova, Bahia, v 25, p 259-272, 2002.

ODUM, E. P. Ecologia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

ODUM, E. P. Fundamentos de Ecologia. 6ª Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. ANUÁRIO 2020: TODOS PELA EDUCAÇÃO E EDITORA MODERNA LANÇAM PUBLICAÇÃO COM DADOS FUNDAMENTAIS PARA MONITORAR O ENSINO BRASILEIRO. Disponível em: <https://todospelaeducacao.org.br/noticias/anuario-2020-todos-pela-educacao-e-editora-moderna-lancam-publicacao-com-dados-fundamentais-para-monitorar-o-ensino-brasileiro/>. Acesso em: 19 de jun. 2021.