Autores

Pantoja, D.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Tomazi, P.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; da Costa, J.J.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar três livros do ensino médio relacionados à cinética química nos períodos de 2004 a 2016. Os livros foram categorizados, de acordo com o foco, em: contextualização, interdisciplinaridade, figuras, linguagem, exemplos, exercícios e respostas, qualidade gráfica, abordagem CTSA, experimentos e História da Ciência. Os livros de ensino médio foram selecionados com períodos entre 2004 a 2016 como parâmetros para a investigação das mudanças nestes livros. Procurou-se entender as abordagens no ensino de cinética química no ensino médio ao longo dos anos e as atualizações que foram ocorrendo no processo de ensino. Com isso, é de suma importância entender como este tema é abordado atualmente para a melhoria de ensino e aprendizagem no ensino médio.

Palavras chaves

Cinética Química; Ensino médio; Livros didáticos

Introdução

No que se refere ao ensino de Ciências, os livros didáticos precisam estimular uma postura reflexiva e investigativa sobre os fenômenos da natureza e de como a sociedade nela intervém, utilizando seus recursos e criando uma nova realidade social e tecnológica, constituindo um recurso de fundamental importância, pois representa, em muitos casos, o único material de apoio didático disponível para alunos e professores (VASCONCELOS E SOUTO, 2003). Em virtude disso, o Guia de Livro Didático (GLD)/Programa Nacional do Livro didático (PNLD) tem como objetivo auxiliar os professores na escolha do material, através de vários pré-requisitos sobre os livros aprovados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), além de conter os pareceres e uma sugestão de critérios de análise que o professor pode utilizar (BANDEIRA; STANGE e SANTOS, 2012). Segundo Lima, et.al (2000), o ensino de cinética química, muitas vezes, é baseado em aulas expositivas, que não levam em conta nem os conhecimentos prévios nem o cotidiano dos alunos e os livros didáticos, por sua vez, não vem trazendo contribuições importantes para mudar este quadro. Além disso, alguns livros didáticos não fazem uma relação com o cotidiano quando utilizam conceitos importantes da cinética química para explicar fenômenos observáveis, fazendo com que os alunos enxerguem a ciência como uma verdade e não como uma ciência em construção (MOREIRA, 2010). Portanto, o objetivo deste trabalho é fazer uma pesquisa bibliográfica de como a cinética química é trabalhada em alguns livros didáticos, analisando a contextualização, interdisciplinaridade, figuras, linguagem, exemplos, exercícios e respostas, qualidade gráfica, abordagem CTSA, experimentos e História da Ciência presente no material.

Material e métodos

O trabalho foi realizado utilizando três livros didáticos de química para o ensino médio, nos quais foram analisados os seguintes aspectos: figuras, qualidade gráfica, abordagem CTSA, experimentos, História da Ciência (HC), linguagem, exercícios e respostas, exemplos, contextualização e interdisciplinaridade. Os livros de química selecionados foram os livros de Ricardo Feltre volume 2 (2004), Martha Reis volume 2 (2013) e Santos e Mól (2016), nos quais buscou-se analisar dois livros de edições mais recentes e um de uma edição mais antiga, a fim de que se possa verificar se a forma de expor os conteúdos, mais especificamente no tema de cinética química, dos livros vêm evoluindo ao longo do tempo ou apenas sofrendo remodelações. Ao final da leitura dos capítulos de cinética química de cada livro, foram feitas comparações dos parâmetros citados anteriormente e, dessa forma, foram apontados os principais quesitos de cada livro.

Resultado e discussão

Verificou-se que o livro de Ricardo Feltre vol. 2 (2004), apresenta uma breve contextualização abordando alguns exemplos do cotidiano, porém, explora pouco os recursos de imagens e ilustrações em comparação aos outros. Este autor apresenta interdisciplinaridade, na qual relaciona conceitos físicos para explicar a velocidade das reações. Além disso, observou-se a utilização de gráficos para ilustrar a relação entre tempo e velocidade. Entretanto, a História da Ciência (HC) está pouco presente no livro de Feltre, sendo esta uma parte do ensino que deve permear em todo o estudo de Química, possibilitando ao aluno a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento. (BRASIL, 1999). Já o livro de Martha Reis vol. 2 (2013) sendo uma metodologia de investigação da análise crítica, apresenta uma contextualização mais abrangente, expondo o conhecimento de cinética química de diferentes formas como: a química no cotidiano, reportagens sobre os temas, relação com a conjuntura e manuais para experimentação. A linguagem utilizada é simples e direta, contendo questões resolvidas, uma boa qualidade de imagens, abordando ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Sendo assim, o livro didático determina a maneira e a sequência da apresentação de qualquer tema; ele acaba sendo mais uma referência do conteúdo a ser ensinado, do que um material de apoio para o professor. (MARTORANO; MARCONDES, 2009, p. 342). O livro “Química cidadã” de Santos e Mól (2016), aborda em suas seções um viés voltado para o CTSA e envolve várias questões do meio ambiente e do cotidiano, além de trazer a experimentação e exercícios mais contextualizados. Segundo Odorcick e Wirzbicki (2017), é fundamental renovar as abordagens dos livros didáticos para que o ensino não seja repetitivo e pouco estimulante.

Conclusões

Identificou-se um processo de evolução dos livros focado na formação do cidadão, tendo em vista que os materiais analisados abordam questões do cotidiano e trazem consigo uma série de exercícios que podem auxiliar o aluno. Comparando o livro de química de 2016 com os publicados em 2004 e 2013, notou- se uma alteração na abordagem e no contexto histórico do conteúdo, linguagem mais acessível, imagens e gráficos com boa qualidade e maior presença da HC. Além disso, foi possível verificar que a abordagem CTSA e a experimentação investigativa se fazem mais presentes em modelos mais atuais.

Agradecimentos

Referências

BANDEIRA, Andreia; STANGE, Carlos Eduardo Bittencourt; SANTOS, Julio Murilo Trevas. Uma proposta de critérios para análise de livros didáticos de ciências naturais na educação básica. III Simpósio Nacional de Ensino de Ciências e Tecnologia, 2012.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC; SEMT, 1999.
LIMA, Jozária de Fátima Lemos; PINA, Maria do Socorro Lopes; BARBOSA, Rejane Martins Novaes; JÓFILI, Zélia Maria Soares. A contextualização no ensino de cinética química. Química Nova na Escola, nº 11, 2000.
MATORANO, S. A. A.; MARCONDES, M. E. R. As concepções de ciência dos livros didáticos de Química, dirigidos ao Ensino Médio, no tratamento da cinética química no período de 1929 a 2004. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 14, n. 3, p. 341-355, 2009.
MOREIRA, Sebastião Caldeira. Ensino de cinética química nos livros didáticos de ensino médio. Universidade Federal de Minas Gerais, 2010.
ODORCICK, Rossana Gregol; WIRZBICK, Sandra Maria. As abordagens de botânica nos livros didáticos de biologia do ensino médio: um olhar para as modalidades didáticas. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2017.
VASCONSELOS, Simão Dias; SOUTO, Emanuel. O livro didático de ciências no ensino fundamental – proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico. Revista Ciência e Educação, v.9, nº1, p. 93-104, 2003.