Autores

Moraes, L.C.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Trindade, A.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Gama, B.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Matos, M.J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Quintela, R.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, F.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Santos, Y.C.R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Ramos, K.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Queiroz, F.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, F.D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)

Resumo

Este trabalho objetivou utilizar jogos educativos visando contribuir na aprendizagem dos saberes relacionados às plantas medicinais em conjunto com o tema funções orgânicas, utilizando-os em momentos dentro da metodologia de ensino abordada, tendo como público alvo turmas de terceira série do ensino médio e turmas de segunda etapa do EJA. Com isso, pôde-se atrelar a teoria química à construção de um jogo lúdico denominado bingo orgânico, que foi totalmente embasado nas aulas teóricas sobre funções orgânicas e plantas medicinais, e assim, logrando êxito na aprendizagem e outros resultados satisfatórios.

Palavras chaves

jogos; plantas medicinais; propriedade orgânica

Introdução

O uso da medicina popular com o intuito de ensinar conteúdos de disciplinas como química e biologia, traz consigo grande importância para os discentes, uma vez que estes podem consegui desenvolver o uso consciente de medicamentos industrializados e ainda da medicina conhecida como popular. Desta forma, é importante mostrar e ensinar a utilização de medicamentos caseiros comuns na região norte do país, relacionando com os saberes científicos presentes dentro da química, ou seja, buscando formas e ferramentas para ensinar de forma didática tais saberes, principalmente em tempos pandêmicos, como o enfrentado na atualidade com o advento do COVID- 19, uma vez que as aulas estão se dando de forma remota e isso requer a busca de novas formas de ensinar e de aprender. Para Santos et al. (1997), o principal método do ensino de química deve ser o que busca desenvolver nos alunos, a responsabilidade para executar decisões nítidas, fazendo que haja a necessidade de articulação de conteúdo, com intuito de trabalhar com o contexto sociocultural na qual esse estudante se encontra, e foi isso o que se buscou durante a realização das oficinas propostas. A interação dos estudantes com conteúdo de química a ser abordado por meio das plantas medicinais, tendo como assunto principal as funções orgânicas, requer do professor formas novas de repassar conceitos químicos que tendem a ser vistos como místicos ou difíceis, devido a sua complexidade, fazendo com que haja interferência direta no desempenho do aluno no aprendizado desses saberes. Desta forma, o conhecimento sobre os medicamentos oriundos de plantas medicinais e a química orgânica foi proposto visando aumento do interesse do alunado e principalmente a aprendizagem relativa a esses conhecimentos para que pudessem utilizar e compartilhar tais saberes durante seu cotidiano. Buscou-se também demostrar a importância de conhecer as estruturas presentes em algumas plantas do cotidiano e aplicar sobre elas o conhecimento adquiridos em sala de aula. A floresta Amazônica brasileira é considerada uma das regiões de maior diversidade do planeta, e por esta razão possui uma biodiversidade rica em plantas com propriedades medicinais e em espécies das quais ainda são desconhecidos os efeitos terapêuticos que seus princípios ativos desempenham no ser humano Vasconcelos et al (2009). Corroborando com esse pensamento, Bernardelli (2004) afirma que tendo em vista esses fatores, é notório que haja a aplicação de estudos em plantas nativas da região, com intuito de ensinar sobre propriedades orgânicas presentes nas mesmas e mostrar para que é utilizada na cultura local da sua região, isso iria criam uma nova cultura e um novo modelo de sociedade. Na conjuntura vivida, é de extrema importância que haja um planejamento para a disciplina de química, onde possam vir a ser aplicados temas que estejam relacionados com os aspectos socioeconômico e ambiental segundo Ribeiro et al. (2010). O uso de plantas com propriedades medicinais e o ensino da mesma dentro da sala de aula, segundo Nogueira (1997) é eficaz, uma vez que os processos de ensino e de aprendizagem de Botânica são considerados pelos professores e alunos uma dificuldade, evidenciando o pouco interesse e o baixo rendimento neste conteúdo. O uso de uma metodologia inovadora como a de jogos educativos tratando dessa temática, pode tornar as aulas mais atraentes para os alunos, pois Silva (2008) afirma que o conhecimento é elaborado mediante a interação da pessoa com o objeto em estudo, logo, os jogos lúdicos podem ser essa ferramenta de interação. O uso da química orgânica para demonstrar propriedades medicinais dentro da sala de aula, ajuda no entendimento dos principais compostos orgânicos, fazendo com que os alunos compreendam melhor a disciplina, pois o ensino da disciplina de química, na maioria das vezes, é resumido em cálculos, fórmulas e memorização de nomenclaturas dos compostos a serem estudados Lima et al. (2000), tornando as aulas desinteressantes e não estimulantes para os alunos. A interação entre aluno e o professor é um fator relevante para o entendimento da disciplina de química, tendo em vista que a aplicação da disciplina por meio aulas práticas e de momentos com jogos, pode fazer que haja um aumento das possibilidades de um melhor entendimento para o aluno, pois segundo Freitas (2012), os jogos agem como recurso didático na qual são utilizados em momentos distintos para apresentar um conteúdo, aspectos relevantes ao conteúdo, método avaliativo de conteúdos já desenvolvidos e como síntese de conceitos. Partindo do tema a utilização de jogos educativos como mediadores no processo de ensino e aprendizagem das propriedades orgânicas presentes nos medicamentos oriundos de plantas medicinais, pôde-se propor o ensino do conteúdo funções orgânica para alunos da 3ª série do ensino médio, bem como para alunos da segunda etapa da Educação para Jovens e Adutos, visando explanar o conhecimento utilizado no seu cotidiano.

Material e métodos

O objeto desse estudo foi aplicado na Escola Estadual Professora Nancy Nina da Costa, em turmas da 3ª série do Ensino Médio e para alunos do EJA, e para isso, foi necessário uma carga horária total de 6 horas/aula para aplicação. O material instrucional foi composto por: questionários, vídeos e perguntas interativas onde fez com os alunos participassem da aula em si. A metodologia foi desenvolvida através de momentos didáticos para estimular mais a aprendizagem dos alunos. 2.1 MOMENTO 1 Este momento foi reservado para a apresentação da proposta de trabalho, abordando apenas os assuntos sobre a caracterização geral das plantas medicinais e as propriedades presente em suas estruturas, nesta parte a mesma foi apresentada através de slide interativo, onde além de ensinar o conteúdo os alunos tiveram a possibilidade de expor seus conhecimentos presentes sobre o assunto, como como características físicas e químicas das plantas. 2.2 MOMENTO 2 Desenvolvimento dos conteúdos químicos dentro da sala de aula é de extrema importância, e estimular os alunos a aprenderem sobre medicamentos que os mesmo já têm contato requer uma certa dedicação a mais, uma vez que muitos acham que o conhecimento empírico é o suficiente sobre determinada área em questão. Por isso, neste momento, direcionou-se as funções orgânicas funções presentes nas plantas medicinais mais comuns na região norte, e dentre esses grupos funcionais, cita-se por exemplo a cetona e álcool, além de outros. 2.3 MOMENTO 3 Neste momento, foi proposto a criação de um Jogo Didático para o aprofundamento de conceitos aplicados nos momentos anteriores, tendo em vista estimular a criatividade dos alunos o mesmo ajudará a despertar mais o interesse dos alunos pelo conteúdo. Este jogo consistiu em um bingo orgânico visando a absorção do conteúdo de forma mais lúdica. 2.4 MOMENTO 4 Neste momento foi realizado uma atividade relacionando ao tema, onde sendo composta por questões discursivas e por meio de debate dentro da sala de aula virtual (momento de socialização de conteúdos), e logo em seguida foi aplicado um questionário focando na mesma temática. Este questionário continha cinco questões, nas quais foram avaliadas por nível que variaram de 1 a 3 para poder entender o nível de conhecimento adquirido por cada aluno, e o mesmo serviu como dados para os resultados e discussões.

Resultado e discussão

A criação e aplicação do jogo gerou resultados satisfatórios. Por ter uma estrutura simples e ser conhecido pelos alunos, o jogo mostrou-se ser eficiente para a aprendizagem dos mesmos. Com base na pesquisa de conhecimento e na experiência dos alunos de jogá-lo e demostrar o conhecimento adquirido durante as aulas propostas, o contato interno pelo jogo demostrou o interesse dos alunos pelo tema, pois alguns alunos desenharam ambos e demostram que estavam querendo aprender junto com a proposta de ensino. 3.1 Aplicação do jogo 1: bingo orgânico O jogo Bingo Orgânica, foi aplicado a três turma de 3° ano do ensino médio e três turmas de segunda etapa da EJA, totalizando 170 alunos, sendo que a interação dos alunos foram 3:4, e a aplicação onde foi bastante produtiva, tendo em vista que todas as oficinas foram ministradas no modelo EAD devida a pandemia da Corona Vírus e o distanciamento social. Após a aplicação das aulas teóricas sobre o conteúdo de função orgânica e plantas medicinais, a aplicação do jogo tendeu a ficar mais fácil para o entendimento dos alunos, pois o mesmo foi desenvolvido para servir como auxiliador no processo de ensino e aprendizagem. Os métodos de jogar e as regras do jogo foram disponibilizadas para os alunos no formato de documento pdf via grupo de WhatsApp e também disponibilizado um suporte online para eles tirarem suas dúvidas caso houvesse, para que durante a aplicação não houvesse interferência. Ao aplicar o jogo as regras foram explicadas, na qual as mesmas tratavam sobre a criação da tabela do bingo que foi disponibilizada semipronta para ser completada a partir de uma tabela que contia 30 palavras referente ao assunto proposto, e cada palavra se interligava a uma pergunta que foi feita durante um sorteio na hora da aplicação. O estilo de jogo de bingo por já ser bastante conhecido ajudou para o entendimento das regras, pois o mesmo apenas contia regras básicas que os alunos já conheciam e dominavam com muita facilidade. Tendo em vista isso, pode-se dizer que a aplicação do jogo 1 foi bastante interessante para discutir possíveis alterações para a aplicação do jogo 2, ou seja o jogo1 serviu como base para aplicação do jogo 2. 3.2 Aplicação do jogo 2: caça palavras orgânico O jogo caça palavras orgânico foi dado como atividade de revisão para casa, onde o mesmo contia 30 palavras para serem descobertas e sublinhadas, sendo que as palavras estavam de acordo com os assuntos estudados nas aulas anteriores. O método de jogar era bem simples e fácil de entender, pois a regra principal era apenas encontrar as palavras que estavam escondidas nas linhas horizontais e verticais. Por se tratar de um jogo que requer paciência e foco, o mesmo serviu como auxiliador para a aplicação do questionário proposto. 3.3 Aplicação do questionário Ao desenvolver e aplicar o questionário dentro da sala de aula, o uso dos jogos lúdicos nas aulas anteriores ajudou os alunos na compreensão do assunto proposto, assim apenas 1:4 tiveram alguma duvidas sobre do que o mesmo se tratava, fazendo que a aplicação fosse dada com uma abordagem positiva com resultados acima do esperado, interligando isto a aula teórica proposta na primeira aula aplicada que trouxe os assuntos que foram tratados em todas as aulas. Pode-se dizer que a oficina foi bem sucedida e assim trouxe resultados satisfatórios. Seguindo o gráfico 1, pode-se verificar a participação da turma com a oficina e assim comprovar os dados obtidos. Com base nesses dados, pode-se dizer que que a metodologia utilizada para se ensinar funções orgânicas e plantas medicinais de forma lúdica é valido e eficiente, podendo ainda ser utilizada e adaptada a outras áreas do conhecimento de ciências.

Gráfico 1

gráfico utilizado para demostrar a participação da turma com a oficina proposta.

Conclusões

O jogo didático se mostrou ser um instrumento importante no processo de ensino-aprendizagem dos temas abordados, e se tratando de uma ciência exata com abstrata como a química, o mesmo tende a ser um instrumento que desperte o interesse dos alunos, bem como instigue a motivação para compreender os conteúdos a serem abordados, e ainda facilita o desenvolvimento de resolução de problemas enfrentados no cotidiano do alunado. Logo, é de suma importância entender que os jogos didáticos são dados como suporte de ensino e por esse motivo não substituem os outros métodos, mas são dados como ferramentas complementares e eficaz pois desperta o instinto de competição no círculo escolar. A partir dessas perspectivas, pode ser dizer que o uso de jogos relacionados a plantas medicinais no ensino de funções orgânicas, foi uma ferramenta importante para compreensão dos saberes propostos, fazendo com que a oficina que obtivesse resultados acima do esperado.

Agradecimentos

Referências

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