Autores

Silva, A.M. (UECE) ; Beserra, A.T. (UECE)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar as estruturas biomoleculares que constituem o vírus denominado SARS-CoV-2 com a finalidade de colaborar com a Educação Química. Foi realizada a aplicação de um questionário online, com perguntas subjetivas, direcionadas a profissionais da Química (licenciados e bacharéis) e estudantes de Química em ano de conclusão de seu respectivo Curso de Graduação. Foram analisados aspectos relacionados à essencialidade do conhecimento das substâncias orgânicas no estudo das estruturas do SARS-CoV-2; a visão desses Químicos a respeito do perfil humano, morfofisiológico e/ou até socioeconômico dos indivíduos com potencial chance de serem acometidos pela COVID-19.

Palavras chaves

Química Clínica; SARS-CoV-2; Substâncias Orgânicas

Introdução

O SARS-CoV-2, possui entre 50 e 200 nm, que corresponde a 5,0 x 10-8 m, enquanto as células humanas são compreendidas em, aproximadamente, 100 μm, equivalente a 1,0 x 10-4 m, tamanho ideal para que o vírus a utilize como uma máquina replicadora. Este vírus é formado por material genético de RNA, que possui um carboidrato diferente do DNA (WHO, 2020). A figura 1 mostra sua estrutura (LI et al., 2020). Vale salientar que antes desses parasitas adentrarem os organismos humanos, eles não são chamados de vírus, mas sim, vírions, e não são classificados como seres vivos, pois não possuem células, metabolismo próprio, reprodução e mais características afins. Quando adentra nas células humanas, causa inúmeras respostas inflamatórias, visto que, em virtude de não serem comuns ao aparato biológico humano, é um corpo estranho (antígeno). Ele possui alguns componentes bioquímicos. São eles: a glicoproteína S, a proteína M, o envelope viral, RNA e a Proteína N (CHANG, YAN e WANG, 2020). Na figura 2 visualiza-se o mecanismo de entrada e replicação do SARS-CoV-2 (PEREIRA, CRUZ e LIMA, 2021). Todas as CEPAS são variantes, entretanto, nem todas as variantes são classificadas como CEPAS. Desse modo, as principais CEPAS diagnosticadas no planeta foram a P1, originada no Brasil (em Manaus); a B.1.1.7, originada no Reino Unido; a B.1.351, identificada na África do Sul; a variante B.1.617.2, originada na Índia; e atual B.1.1.529, mapeada na África do Sul (CARVALHO et al., 2020). É fundamental salientar que, sem conhecimentos da Química, indubitavelmente, não teria havido avanços na Imunologia e na Infectologia, ratificando a extrema relevância dos Químicos nos pilares do conhecimento que regem as estratégias de vacinação (HOCHMAN, 2021).

Material e métodos

A coleta de dados foi realizada via online, em quatro regiões do país (Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul), de acordo com o quadro 1. Foram incluídos na pesquisa profissionais da área da Química (licenciados e bacharéis), além de estudantes de Química que estavam concluindo o Curso de Graduação. Foi utilizado um questionário online com perguntas subjetivas, elaborado com o objetivo de obter visões, das mais diversas possíveis, acerca das estruturas biomoleculares do SARS-CoV-2 e a sua conjuntura pandêmica. Dentre vários pontos de análises, utilizou-se as seguintes ações/estratégias informacionais: a) Explicar, com base na busca feita pelos descritores e expressões temáticas em sites como Scielo, Lilacs, Medline e Revistas Científicas; b) Evidenciar, com base em levantamentos de pesquisa e nas respostas dos entrevistados, a importância de conhecer as características das estruturas bioquímicas que formam o aparato viral do Novo Coronavírus; c) Mostrar os achados biológicos que agem como potenciais intensificadores da infectividade e virulência do SARS-CoV-2 em organismos humanos; d) Efetivar demonstrações, por meio de orientações de medidas não- farmacológicas, a imprescindibilidade da Ciência Química na mitigação da pandemia do Novo Coronavírus; e) Aplicar um questionário eletrônico semiestruturado a profissionais da Química inerente aos campos da Microbiologia e da Imunologia em parceria com a atuação da Química na conjuntura da pandemia do SARS-CoV-2. Foi criada uma turma no Google Classroom, para desenvolver um questionário eletrônico no Formulário do Google e aplicar aos participantes da pesquisa.

Resultado e discussão

Para as discussões foram aplicadas 4 perguntas aos participantes, cujas respostas e discussões seguem a seguir. 1) Na sua opinião, como Químico/Estudante de Química, é essencial conhecer os compostos orgânicos e inorgânicos que formam o vírus causador da COVID-19 ou dá para estudá-lo sem entender tais estruturas? A maioria (93,3%) respondeu que SIM, é essencial conhecer os compostos orgânicos (carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos nucleicos...) e inorgânicos (água e sais minerais) para estudar e compreender as estruturas do SARS-CoV-2. 2) Na sua visão, há algum perfil humano, morfofisiológico e/ou até socioeconômico que têm mais chances de ser acometido pela COVID-19? 46,6% responderam SIM, 40% responderam NÃO, 6,7% ACHA QUE NÃO; e outros 6,7% responderam que SIM no quesito socioeconômico, porém, NÃO no âmbito morfofisiológico. Os que responderam afirmativamente acreditam que são pessoas com baixa imunidade e pessoas com outras complicações de saúde que podem agravar o quadro fisiológico. 3) Em que medidas a Química pode atuar como agente profilático (preventivo) das infecções pelo Novo Coronavírus? 93,3% dos participantes afirmaram que a Química tem muito em que contribuir com as medidas profiláticas contra a infecção pelo SARS-CoV-2 e apenas 6,7% responderam não saber o que discorrer sobre o assunto. 4) Até que ponto o negacionismo científico pode atuar como potencial sabotador de medidas sanitárias cientificamente validadas pelas agências reguladoras de saúde e pelas organizações internacionais de cunho científico? Essa pergunta foi a que mais houve divergência. Classificou-se em 4 grupos: A, B, C e D, cujos resultados podem ser visto no quadro 2.













Conclusões

Ciência não é questão de opinião, mas sim, seguir métodos científicos que lhe albergue maior plausibilidade em direcionar determinado assunto com o objetivo de relevar questões sociais, acadêmicas e científicas. Os Químicos são profissionais com vasta experiência laboratorial, industrial, de gestão e de docência. Conhecer as estruturas biomoleculares, já possuindo uma base robusta acerca dos compostos orgânicos e inorgânicos fazem-se imprescindíveis para compreender os mecanismos de atuação viral e para o desenvolvimento de mecanismos profiláticos de combate ao SARS-CoV-2.

Agradecimentos

SATE/UECE; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; UAB; Coordenação do Curso de Licenciatura em Química em EaD/UECE; Polo de Jaguaribe-CE

Referências

CARVALHO, F. R. S.; GOBBI, L. C.; CARRIJO-CARVALHO, L. C.; CAETANO, A. J. F.; CASOTTI, G. C.; TIUSSI, L. M.; CAVALARI, A. L. C. Fisiopatologia da COVID-19: repercussões sistêmica. Unesc em Revista, v. 4, n. 2, p. 170-184, 2020.

CHANG, L.; YAN, Y.; WANG, L. Coronavirus disease 2019: coronaviruses and blood safety. Transfusion medicine reviews, v. 34, n. 2, p. 75-80, 2020.

HOCHMAN, G. Quando e como uma doença desaparece. A varíola e sua erradicação no Brasil, 1966/1973/When and how a disease disappears. Smallpox and its eradication in Brazil, 1966/1973. Revista Brasileira de Sociologia-RBS, v. 9, n. 21, p. 103-128, 2021.

LI, G.; FAN, Y.; LAI, Y.; HAN, T.; LI, Z.; ZHOU, P.; PAN, P; WANG, W; HU, D; LIU, X.; ZHANG, Q. e WU, J. Coronavirus infections and immune responses. Journal of medical virology, v. 92, n. 4, p. 424-432, 2020. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7166547/. Acesso em: 05 jun. 2022.

PEREIRA, A.; CRUZ, K. A. T.; LIMA, P. S. Principais aspectos do novo coronavírus sars-cov-2: uma ampla revisão. Arquivos do Mudi, v. 25, n. 1, p. 73-90, 2021. Disponível em: file:///C:/Users/Airton/Downloads/55455-Texto%20do%20artigo-751375223385-3-10-20210416%20(1).pdf. Acesso em: 05 jun. 2022.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Naming the coronavirus disease (COVID-19) and the virus that causes it. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 2, n. 3, 2020.