Autores

Araujo, F.F. (EEEP JÚLIO FRANÇA) ; Santos, R.W. (EEEP JÚLIO FRANÇA)

Resumo

A relação entre Química e escrita vai além da produção de relatórios científicos. Alunos que apresentam um bom domínio de leitura e escrita têm facilidade em interpretar questões em Química, assim como conhecimentos dessa disciplina ajudam a criar bons argumentos exigidos para uma boa redação no ENEM. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo contribuir para o aperfeiçoamento da escrita dos alunos de 3ª série do Ensino Médio da EEEP Júlio França. Para esse fim, realizou-se uma sequência de rodas de conversa, através do Google Meet e Youtube, seguidas de produções escritas sobre as temáticas abordadas. Essa atividade possibilitou um fortalecimento de conceitos de Química, assim como o melhoramento de habilidades para uma escrita de qualidade.

Palavras chaves

Química; Redação; ENEM

Introdução

Desde a antiguidade, a linguagem representa um importante papel na sociedade, uma vez que ela é indispensável à comunicação. Entretanto, ante a conjuntura do mundo moderno, deparamo-nos com variadas situações de comunicação que exigem dos usuários da língua o conhecimento e domínio as variedades linguísticas existentes na sociedade. Ante tais contextos de comunicação, situa-se o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, que exige do candidato habilidades sem as quais ele não desenvolveria uma produção escrita, por exemplo. Pode-se afirmar que sua produção escrita expressa um grande “peso” na nota final e, consequentemente, no alcance de um objetivo maior em sua vida: ingressar na universidade e realizar- se pessoal e profissionalmente – como é o caso de muitos alunos da Escola Estadual de Educação Profissional Júlio França, do município de Bela Cruz – CE. E qual a relação entre Química e o domínio da linguagem? É notório que alunos, que mantêm uma boa relação com a leitura e a escrita, apresentam um bom desempenho/raciocínio no entendimento e interpretação de questões em Química. O que alguns candidatos, e até mesmo alguns professores, não sabem é que a Redação do ENEM não é algo específico apenas dessa área. De acordo com o INEP, para se obter uma nota alta, o candidato deve “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Daí a importância do entendimento do meio em que se vive, no olhar da Química, para a construção de bons argumentos. Esse trabalho apresentou, como objetivo, contribuir para o aperfeiçoamento da prática de escrita dos alunos de 3ª série do Ensino Médio da EEEP Júlio França, despertando-lhes o desenvolvimento de argumentos científicos para uma boa Redação.

Material e métodos

O projeto Química no Laboratório de redação ENEM surge da necessidade de colaborar para a aprendizagem dos alunos, visto que um dos tópicos da avaliação vai ao encontro dos conhecimentos em outras disciplinas para a construção de argumentos. A proposta consistiu em promover rodas de conversa com os alunos dos 3º anos da EEEP Júlio França, de acordo com o cronograma apresentado na tabela 1. As rodas de conversa, que aconteceram de forma virtual, contaram com a participação de professores da escola e de convidados formados na área de Ciências da Natureza, dependendo da temática. A cada debate, o aluno participante do projeto foi convidado a produzir uma redação, baseando-se em temas norteadores. Nessa etapa, o projeto contou com a participação do professor de Redação da Escola. Os alunos que participaram dessas rodas de conversa receberam certificados digitais de participação como forma de estímulo. Após as rodas de conversa (no formato virtual Meet e Youtube) e realização das produções, os alunos foram convidados a responder um formulário, no Google DOC’s, a fim de avaliar o desempenho da atividade. Esse formulário foi aplicado a 140 alunos de terceiros anos, distribuídos nos cursos técnicos: Enfermagem, Massoterapia, Contabilidade e Finanças.

Resultado e discussão

Conhecidos as etapas e público-alvo, partamos para os resultados. Quando questionados sobre a participação nas rodas de conversas, 14,4% dos alunos afirmaram ter participado de todas; 20,2%, participaram de uma ou duas e 65,4%, de três ou quatro momentos. Apesar do cansaço que o alunado apresenta diante das aulas remotas, a participação foi bem significativa. Quanto a utilização das informações repassadas, 72,1% dos alunos afirmaram ter feito uso de uma ou mais informações nas redações, enquanto que 27,9% responderam não, mas afirmaram que essa ação deveria se repetir por mais vezes, pois colaboraria demais para o entendimento e interpretação de fenômenos naturais de seu dia a dia. Entre as informações destacam-se o emprego das substâncias metano e gás carbônico quando a temática da redação foi sobre “Matrizes energéticas e seus impactos ambientais”; e o preparo de soluções de hipoclorito de sódio no tema sobre Covid. Como eles tiveram oportunidade de pesquisar em casa, não houveram erros químicos nas abordagens utilizadas. Apesar de seu caráter quantitativo, essa pesquisa trouxe uma abordagem qualitativa, já que não se preocupou apenas em enumerar informações. Segundo Godoy (1995), esse tipo de pesquisa envolve interação pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. Entre os sujeitos, dentro da pesquisa realizada, está o professor de química, que, quando questionado sobre a eficiência do trabalho, respondeu que “De início achei esquisita a ideia de Química ajudar com a proposta de redação, depois percebi que, além de muito atrativo aos alunos, a ajuda foi mútua. Tanto na criação de argumentos quanto no fortalecimento dos conceitos em Química”.

Tabela 01

Descrição das temáticas abordadas nas rodas de conversa

Conclusões

Há muito considerada responsabilidade exclusiva do professor de Língua Portuguesa, a redação ENEM foi, à luz deste projeto, tratada sob a perspectiva da interdisciplinaridade – tão indispensável no contexto educativo da contemporaneidade. Com efeito, aproximar a ótica dos objetos de conhecimento de Química à prática de escrita não nos foi tarefa fácil; todavia, conseguimos, entre as acepções teóricas e cotidianas, disseminar nos estudantes uma visão mais abrangente acerca da importância da contextualização das diferentes áreas do conhecimento na construção da argumentação.

Agradecimentos

Referências

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enem. Acessado em abril de 2021.

GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. RAE – Revista de Administração de Empresas. São Paulo. V. 35. n. 3. p. 21. 1995.