Autores

Matos de Lima, D.F. (IFRJ) ; Messeder, J.C. (IFRJ)

Resumo

Modelos e modelagem possibilitam ao professor recursos facilitadores de ensino, sendo imprescindível que docentes conheçam ferramentas necessárias para incentivar e favorecer a aprendizagem do aluno. Esse trabalho buscou a produção acadêmica sobre modelos e modelagem, nos últimos cinco anos, dos eventos: CBQ, RASBQ e SIMPEQUI. De acordo com os resultados, o número de publicações cresceu, tendo o assunto átomo a maior relevância dentre os trabalhos investigados. Também se apurou que os temas mais relacionadas com modelos e modelagem são átomos, geometria, interações e ligações químicas, com predominância de publicações no SIMPEQUI. Concluiu-se que o interesse pelo tema modelos e modelagem vem aumentando, porém há necessidade de maiores intervenções didáticas e desdobramentos em sala aula.

Palavras chaves

modelos; modelagem; eventos

Introdução

As teorias químicas sobre os aspectos atômicos e moleculares são interpretações sob a óptica de um modelo teórico em construção, fomentado por mentes humanas em um contexto histórico-social e também subjetivo, caracterizada por um modelo mental. Gibing e Ferreira (2010) comentam que os modelos mentais são formas cognitivas próprias em que os indivíduos abarcam os processos naturais e por serem subjetivos a nível pessoal recaem sobre falhas de concepções mediante as superstições e limitações pessoais. As falhas desses modelos são superadas por modelos conceituais de construção própria de indivíduos pertencentes ao campo científico. Quando o modelo é aceito na comunidade científica surgem os modelos chamados científicos que propõem a abordagem interpretativa. Muitos dos modelos teóricos em torno do ensino de Química são considerados abstratos para a maioria dos estudantes que não consegue correlacionar o conteúdo estudado em sala aula com sua vida. Uma forma de conseguir a atenção dos alunos ao ensinar química é trazer analogias durante a explicação teórica. Uma consideração importante sobre as analogias é que elas devem ser elaboradas com consciência pelo professor, a fim de evitar construções equivocadas do modelo teórico durante o processo de aprendizagem, ou seja, o uso de analogias pode facilitar a visão sobre a construção da aprendizagem química relacionada ao mundo microscópico, pouco palpável ao estudante. A cerca disto, Melo e Neto(2012) comentam que as analogias são usadas para aproximar modelos abstratos do mundo real do aluno. Tendo essa fundamentação, o presente estudo teve como objetivo principal verificar a produção acadêmica sobre modelos e modelagem em publicações, nos últimos cinco anos, nos eventos de importância na área de ensino de química no Brasil.

Material e métodos

O presente trabalho coletou dados referentes aos resumos publicados nos principais congressos e reuniões área do ensino de química no Brasil, procedendo a um levantamento, seleção, fichamento e o arquivamento de informações desta área de interesse (PÁDUA, 2004, p.55). Foram eles: a Reunião da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), o Congresso Brasileiro de Química (CBQ) e o Simpósio de Educação em Química (SIMPEQUI), ambos promovidos pela Associação Brasileira de Química (ABQ). Cabe ressaltar que não houve uma investigação no Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), vinculado a SBQ, por se tratar de um evento bienal. A ABQ realiza congressos visando à promoção e divulgação do conhecimento científico de Química. Ela surgiu no ano de 1922, sendo neste mesmo ano realizado o primeiro CBQ. O SIMPEQUI realiza reuniões, discussões e apresentações na área de educação em Química anualmente. O ponto de partida deste estudo foi o levantamento das publicações, nos anais dos eventos supracitados (disponíveis nos sites dos eventos) no período de 2010 a 2014, a partir da consulta das palavras-chave modelos e modelagem, e também pelos títulos das publicações. O trabalho orienta-se na perspectiva de ressaltar a importância do uso de modelos e modelagem como recurso para o ensino da química, e constatar a onipresença do tema em reuniões que vislumbram novas práticas para o ensino desta disciplina. Os dados observados foram colocados em gráficos, onde foram observados a quantidade de publicações nos congressos citados no período de cinco anos e os tipos de conteúdos químicos com abordagem direta em modelos e modelagem.

Resultado e discussão

Num período de 5 anos a análise constatou a quantidade de 60 publicações diretas relacionadas a modelos e modelagem com focalizo no Ensino Médio. Sendo 2014 o ano com maior número de publicações nos três congressos e o ano de 2012 os de menor quantidade. Nos anos de 2010, 2011, 2013 percebeu-se uma freqüência na quantidade de trabalhos publicados. O evento com mais publicações sobre modelos e modelagem foi o SIMPEQUI, com 24 resumos publicados, seguido pela RSBQ com 21 resumos, e o CBQ com 15. O Gráfico 1 ilustra quantidade de publicações nos eventos averiguados. Modelos e modelagem é um tema de grande relevância para o ensino de química, revelado a partir dos trabalhos publicados anualmente. Observando o Gráfico 1, percebe-se um decréscimo sobre publicações relacionadas ao tema, entre 2010 e 2012, porém, diferente dos anos anteriores, nos dois últimos anos foram vistos aumentos em relação às publicações, sendo o ano de 2014 o de maior número de publicações. O Gráfico 2 mostra os conteúdos químicos mais requisitados para atividades que envolvem modelagem em química, sendo átomos, geometria, interações e ligações químicas, os assuntos com maior predominância. É possível destacar a necessidade de mais discussões e uma larga divulgação do tema sobre modelos e modelagem para o ensino da química, onde as práticas visam o desenvolver da aprendizagem pela construção do raciocínio lógico do aluno. O bom processo de modelagem permite a construção do saber objetivado com os atributos de uma clara leitura dos processos naturais. Justi (2011) pondera que muitos docentes e discentes da licenciatura vêem o processo de modelos e modelagem como um meio de reprodução. Para um ensino de química inovador é necessário criatividade e a modelagem vislumbra um ensino mais criativo.

Gráfico 1

Publicações nos últimos 5 anos sobre modelos e modelagem nos eventos CBQ, RSBQ e SIMPEQUI

Gráfico 2

Percentual dos conteúdos químicos usados nas publicações sobre modelos e modelagem

Conclusões

Com essa investigação foi possível averiguar que os temas modelo e modelagem fazem parte de discussões no ensino de química, por isso mesmo é que o tópico está presente em diversas publicações dos eventos da área no Brasil. É de essencial importância ao docente para a sua prática pedagógica, conhecer os caminhos de criação e elaboração de modelos e modelagem, conhecer as novas tendências metodológicas e também buscar saber como andam os debates dos assuntos tradicionais que, ainda que presentes sejam muitas vezes ignorados no processo de ensino-aprendizagem pelo próprio professor.

Agradecimentos

Referências

GIBIN, G.B; FERREIRA, L.H. A Formação inicial em química baseada em conceitos representados por meio de modelos mentais, Química Nova na Escola, São Paulo v.33.n. 8, 2010.

JUSTI, R. Modelos e modelagem no ensino de química In: Ensino de Química em Foco. Widson dos Santos e Otávio Maldaner, RS, Unijuí, 2011, p. 209-230.

MELO, R.M; NETO, E.G. Dificuldades de ensino e Aprendizagem dos modelos atômicos em química, Química Nova Na Escola, São Paulo, v. 35, n.2, p.112-122, 2012.

PÁDUA, E. M. M. Metodologia da Pesquisa: Abordagem teórico-prática. 10ª ed. rev. e atual. Campinas, SP: Papirus, 2004.