Autores

Anacleto Estrela Filho, O. (UFCG) ; Antonio Alves Fernandes, L. (UFCG) ; Sandro Formiga Pereira, F. (UFCG) ; de Moura Silva, J. (UFCG) ; Leal de Morais Sales, L. (UFCG)

Resumo

O objetivo do trabalho é avaliar o conhecimento dos alunos sobre os metais pesados e a presença destes elementos na constituição dos dispositivos eletroeletrônicos. Os estudantes do ensino médio da rede pública do município de Santa Helena – PB foram submetidos a entrevistas semi-estruturadas e a partir da análise de suas respostas foi possível o desenvolvimento da pesquisa. Cerca de 51% dos discentes não souberam responder quais elementos químicos fazem parte da composição dos aparelhos eletrônicos, entre os mais citados pelos estudantes estão o carbono com 13,5% e o cobre com 6,7%. Ao questionar sobre os metais pesados, 65% não souberam responder o que se trata. Assim é importante a abordagem deste tema devido os perigos que estas entidades químicas causam a saúde e ao meio ambiente.

Palavras chaves

Lixo eletrônico; Metais pesados; Concepções

Introdução

O crescente consumo dos dispositivos eletroeletrônicos desde a corrida tecnológica do século passado até os dias de hoje vem gerando cada vez mais resíduos provenientes destes equipamentos, chamados de lixo eletrônico ou e-lixo, os quais são altamente nocivos ao meio ambiente e a saúde pública quando descartados de forma inadequada devido à presença de metais pesado em sua composição. Segundo Oliveira (2010) o lixo eletrônico é duplamente ofensivo a natureza, tanto ao ser produzido, pois é necessário uma grande demanda de matéria prima, como também ao ser descartados, onde na maioria das vezes são jogados em lixões a céu aberto, incorretamente. De acordo com Lima (2011) no organismo humano há a presença de 14 metais essências para o metabolismo, a exemplo do cálcio, potássio e ferro, onde suas concentrações influenciam no desenvolvimento de um ser vivo, pois os organismos suportam até uma certa quantidade destes metais, provocando uma melhoria em seu desenvolvimento, entretanto acima de uma faixa de concentração estes elementos podem ser letais. Um outro aspecto que contribui com o seu caráter nocivo é a forma de como são encontrados na natureza. O seu poder tóxico nos seres vivos é resultante da sua afinidade pelo enxofre, quando presentes na forma catiônica eles reagem com o radical sulfidrila presentes nas enzimas proteicas provocando danos no metabolismo. Ainda segundo o autor, muitos livros didáticos fazem uso do termo metais pesados sem apresentar uma definição, sendo citados dentro de um contexto ambiental. Diante esta problemática se faz necessário compreender a concepção dos discentes sobre estas entidades químicas e a sua presença nos aparelhos eletroeletrônicos.

Material e métodos

No primeiro momento foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o conteúdo abordado para adquirir subsídios necessários ao desenvolvimento deste trabalho, onde segundo Pizanni (2012) a análise bibliográfica é uma tarefa investigativa minuciosa em busca do conhecimento e base fundamental para todo o corpo da pesquisa. Na segunda etapa utilizou-se como ferramenta a aplicação de uma entrevista semi-estruturada visando o entendimento dos discentes sobre a problemática do lixo eletrônico, permitindo-os a liberdade de expressarem seus conhecimentos de acordo com a sua própria realidade, para Gil (1999, p.129) uma das vantagens do uso deste instrumento é a não exposição dos pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. No último momento, foi possível analisar os dados obtidos por meio de uma abordagem quali-quantitativa para que essas informações fossem relacionadas com a teoria, através das respostas de 54 estudantes do segundo ano do ensino médio, distribuídos entre três turmas com média de 18 alunos cada, entre 15 a 22 anos de idade, sem distinção social, matriculados na escola E.E.E.F.M. Elaine Soares Brasileiro, situada no município de Santa Helena no alto sertão paraibano.

Resultado e discussão

Ao questionar a respeito dos elementos químicos constituintes nos dispositivos eletroeletrônicos, de acordo com a Figura 1, cerca de 51% dos alunos não souberam identificar nenhum elemento, assim desconhecem os danos causados pelo seu descarte inadequado. Entres os mais citados está o carbono por 13,5% dos estudantes o qual está presente nos plásticos, ocupando grande parte da estrutura dos eletrônicos. O cobre foi mencionado por 6,7% dos alunos, este compõe os fios condutores e os poucos que não são de cobre são de alumínio devido a sua boa condutividade elétrica e térmica sendo referido por 2% dos discentes, o mesmo percentual foi para o lítio. Outros 5,4% apontam o ferro, o qual é um dos principais componentes destes equipamentos, por causa da sua versatilidade. E 4% dos estudantes relatam o mercúrio, que é encontrado em soldas, termostatos e sensores. Diferentes entidades químicas foram citadas, com cerca de 1,3% cada, a exemplo da prata, silício, platina, manganês, bronze e ouro, mostrando a diversidades dos metais nos equipamentos, estima-se a presença de 60 elementos químicos nos computadores atuais (OLIVEIRA, 2010). Mediante a Figura 2, é possível identificar a concepção dos alunos sobre os metais pesados, os quais estão presentes nos aparelhos eletrônicos, onde cerca de 65% dos discentes não souberam responder nada a respeito ou usaram definições aleatórias. Cerca de 18,6% citam que estes são prejudiciais ao meio ambiente, outros 13% relatam que eles possuem elevada massa e apenas 1,8% aponta-os como metais encontrados nas baterias. Segundo Lima (2011) o conceito de metais pesados encontra-se em evolução, bastava-se conhecer a densidade do elemento para defini-lo, porém nos dias de hoje questões ambientais e tóxicos ajudam na sua caracterização.

Figura 1

Elementos químicos presentes nos eletrônicos mediante as concepções dos discentes.

Figura 2

Concepções dos discentes sobre metais pesados.

Conclusões

Há necessidade de expandir o conhecimento dos entrevistados sobre a problemática do e-lixo, onde 51% dos alunos não são cientes dos riscos que estes resíduos podem causar pois desconhecem sua constituição química. Quanto a concepção dos discentes relacionada aos metais pesados, apenas 35% demostraram noções sucintas do que se trata. Assim, a discussão destes elementos envolvendo o e-lixo de forma contextualizada é imprescindível, podendo se mostrar uma estratégia didática extremamente rica nas aulas de química, além de auxiliar na conscientização dos alunos no seu comportamento sustentável.

Agradecimentos

Referências

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social.5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. ISBN 85-224-2270-2
OLIVEIRA, R. da S.; GOMES, E. S.; AFONSO, J. C. O lixo eletrônico: Uma abordagem para o ensino fundamental e médio. Química nova na escola. v. 32, n. 4, p. 240 – 248, novembro de 2010.
PIZZANI, L.; SILVA da, R. C.; BELLO, S. F.; HAYASHI, M. C. P. I. A arte da pesquisa bibliográfica na busca do conhecimento. Revista digital de biblioteconomia e ciência da informação. Campinas. v. 10, n. 1, p.53-66, julho-dezembro 2012 – ISSN 1678-765X.
LIMA, V. F.; MERÇON, F. Metais pesados no ensino de química. Química nova na escola. v. 33, n. 4, p. 199 – 205, novembro de 2011.