Autores

Moreira, D.N. (UFPB) ; Geglio, P.C. (UFPB)

Resumo

Este trabalho apresenta o resultado de um mapeamento das produções publicadas na Revista Química Nova na Escola (QNEsc), sobre a temática que envolve o uso de novas tecnologias no ensino de química. Ao consultarmos os volumes editados pela revista, por meio do seu site na internet, abrangendo os anos de 1995 a 2014, encontramos 21 textos que, pelo título, nos sugeriram a possibilidade de abordagem do assunto. Constatamos que é baixa a quantidade de artigos com a temática. As produções existentes possuem enfoques variados, porém com um número mais elevado na utilização de sites de busca relativos aos conteúdos de química.

Palavras chaves

Novas tecnologias; ensino de química; produções na RQNEsc

Introdução

No atual momento da humanidade em que a produção de conhecimento e a veiculação da informação, mediadas e estimuladas pelas novas tecnologias, são realizadas de maneira intensa, a educação escolar não pode se limitar a ensinar os alunos da forma como a escola foi inventada. O ensino e a aprendizagem escolares desse novo tempo demandam novas práticas pedagógicas e novas recursos que incentivem os alunos a interagir com as informações e a construir o conhecimento. Para isso, são uníssonos os pesquisadores e educadores na defesa do uso das novas tecnologias como auxiliares nesse processo. Segundo Moran (2007, p. 11), “ [...] a educação está muito pressionada por mudanças, assim como acontece com as demais organizações [...]”. Segundo o autor, há uma expectativa de que as novas tecnologias tragam soluções mais rápidas para a educação. Não há dúvida que os novos recursos podem ajudar, mas a melhoria não depende somente do uso deles. No que diz respeito aos saberes das disciplinas escolares, focalizamos os conteúdos de química, sobre os quais os educadores também são unanimes em considerar que devem ser ensinados com os recursos tecnológicos disponíveis, mas sem deixar de atender às necessidades de uma pedagogia que privilegie a contextualização e a interdisciplinaridade dos conteúdos (BRASIL, 2006). É com essa perspectiva, de examinar as discussões e as práticas de ensino de química, associada às novas tecnologias, que dirigimos nosso olhar para os artigos publicados na Revista Química Nova na Escola (QNEsc). Consideramos que se trata de um importante veículo de socialização de discussões, pesquisas e experiências e que é voltada para os professores dessa disciplina, o que justifica, assim, nosso olhar para esse periódico.

Material e métodos

O presente trabalho consiste em um mapeamento de artigos publicados na Revista Química Nova na Escola (QNEsc), que abordam o uso de novas tecnologias no ensino de química. Esse periódico, disponibiliza em seu ambiente virtual (qnesc.sbq.org.br) acesso a todos os artigos publicados em suas edições desde o ano de 1995. A periodicidade da revista do ano de 1995 até 2007 era semestral, a partir do ano de 2008 passou a ser trimestral. Consultamos desde o volume 01 (1995) até o volume 36 (2014). Para nossas análises selecionamos 22 produções, cujo critério teve como base o título, especificamente aqueles que registram alguma informação que possa ser considerada como abordagem que trata do uso das novas tecnologias no ensino de química. Da quantidade selecionada, uma produção foi descartada por não abordar o ensino de química. Ao examinarmos os artigos, primeiramente os classificamos pelo nível de educação sobre o qual focam as discussões, ou seja, educação superior e educação básica e, posteriormente, pela abordagem temática que os autores realizam do assunto em questão.

Resultado e discussão

Ao mapear os artigos presentes na Revista Química Nova na Escola (QNEsc), que abordam o uso de novas tecnologias no ensino de química, constatamos que no decorrer dos 20 anos de edição desse periódico, do total de 570 artigos publicados, 21 (aprox. 4%) são dedicados ao uso de novas tecnologias no ensino de química. Embora seja possível dizer que essa quantidade (21) corresponda à média de uma produção por ano, nem todos os anos apresentam publicações sobre o tema, conforme é possível verificar no gráfico 1. A análise dos artigos nos possibilitou classifica-los quanto ao nível de educação em que os autores apresentam suas discussões a respeito do ensino de química, ou seja, no âmbito da educação básica ou da educação superior, com predomínio no primeiro nível, com mais de 80% das produções. Constamos, ainda, que são variados os enfoques sobre a temática novas tecnologias no ensino de química, porém há uma concentração maior no que se refere à utilização de sites de busca relativos aos conteúdos de química. Com esse enfoque, constatamos a existência de aproximadamente 38% do total de artigos; em segundo lugar, com 24% aparecem os trabalhos com foco na utilização de aplicativos e softwares, ambos voltados para a educação básica, como ilustrado na tabela 1. Ainda nesse nível de escolarização, aparece em terceiro lugar os enfoques sobre a utilização de recursos audiovisuais, foco presente também na educação superior, porém com menor ênfase. A produção de sites é outro enfoque discutido nos dois níveis de educação. O exame dos artigos também indica a preocupação de boa parte dos autores com um ensino de química baseado na perspectiva de ensino que considere uma abordagem contextualizada dos conteúdos, bem como sobre a aprendizagem significativa, defendida por Ausubel.

Gráfico 1.

Distribuição dos artigos publicados na QNEsc.

Tabela 1.

Nível de educação e abordagem temática.

Conclusões

O mapeamento das produções presentes na QNEsc, sobre o uso de novas tecnologias no ensino de química, revelou que o assunto é pouco abordado no contexto do periódico e as produções existentes não apresentam regularidade nos volumes editados durantes os 20 anos consultados. A preocupação dos autores é com o ensino realizado na educação básica, sobretudo ensino médio. Boa quantidade dos artigos foca na análise, uso e recomendação de sites de busca que oferecem ajuda a alunos e professores sobre dúvidas e resolução de problemas a respeito dos conteúdos da disciplina de química.

Agradecimentos

Ao CNPq, CAPES e UFPB.

Referências

BRASIL, Ministério da Educação/SEB. Orientações curriculares para o ensino médio. Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.
MORAN, José M.; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 13 ed. Campinas: Papirus, 2007.