Autores

Borges, R.S. (UFPI) ; Sa, E.R. (UFPI) ; Luiz, G.E. (UESPI)

Resumo

È notório a existência de dificuldades de ensino-aprendizagem relacionada à disciplina de Química, visto que vários estudos de grupo de pesquisadores ligado á educação Química vem trabalhando com ênfase ao ensino contextualização como estratégia facilitadora deste processo. Mas apesar disto, há uma grande dificuldade, por parte dos professores em colocá-la em prática. Que por outro lado prioriza estudo mecânico. Nesse sentido o objetivo básico desta pesquisa, é identificar se os professores trabalham os conteúdos da Química baseado na contextualização. A pesquisa foi quantitativo no município de Picos-PI. Sujeito da pesquisa foram 16 professores da rede de ensino público. Em consonância com a contextualização ficou evidente que os professores não trabalha essa metodologia.

Palavras chaves

Ensino-Química; Contextualização; Professores

Introdução

È notório a existência de dificuldades de ensino-aprendizagem relacionada à disciplina de Química, visto que vários estudos de grupo de pesquisadores ligado á educação Química vem trabalhando com ênfase ao ensino contextualização como estratégia facilitadora deste processo. Na contextualização como descrição científica de fatos e processos do cotidiano do aluno e contextualização como desenvolvimento de atitudes e valores para a formação de um cidadão crítico, cuja ser uma ferramenta fundamental para a constru¬ção de saber científico, em que incorpora relação tácita percebida com o conhecimento escolar, como meio de possibilidade ao aluno a uma educação para a cidadania concomitante ao ensino-aprendizagem significativa de conteúdos (SILVA, E. LOPES, 2007; SCAFI, 2010). Contextualização na prática social\científica é entendida como um recurso de aproximações/inter-relações entre conhecimentos escolares e fatos/situações social. Em que construí significados que não são neutros, onde incorporam valores explícitos do cotidiano, onde possa contribuir e dar significados aos conteúdos, facilitando assim, o estabelecimento de relações desses conteúdos com outros campos do conhecimento (SILVA, 2003). Já na contextualização no ensino crítico na formação do ser, devem-se enfatizar situações problemáticas reais, de forma crítica, que possibilite ao aluno desenvolver competência cognitiva e habilidades, como analisar, compreender, intender, argumentar, concluir, avaliar e tomar decisões (SANTOS; SCHNETZLER, 1996). Mas apesar disto, há uma grande dificuldade, por parte dos professores, em identificá-la, reconhecê-la e colocá-la em prática essa metodologia. Que por outro lado prioriza estudo com uma abordagem temática fixa, concreta, mecânica, linear, abstrata, pronta, na qual privilegiam regras, fórmulas, definições isoladas e descrição de nomenclaturas sem nenhuma relação com dia-a-dia e sem as intervenções problemáticas, que dificilmente o aluno consegue relacioná-la aos fazeres sociais, uma vez pode gera uma grande desmotivação por parte dos discentes (SANTOS; SCHNETZLER, 1996; BRASIL, 2004). E por isso é que ensino de Química, ainda hoje é colocado pela maioria dos alunos como uma disciplina complexa e difícil entendimento. Mais, para que ocorra aprendizagem significativa e a participação do indivíduo na sociedade de forma consciente de seu papel social, é necessário que o professor promova uma vinculação entre o conteúdo escolar e o contexto social no qual o aluno está inserido, como propõem diversos paradigmas educacionais e autores (BRASIL, 2004; FREIRE, 3003). Autores e paradigmas cujas produções intelectuais nos leva a uma reflexão a esse respeito. E também um ensino problemático e investigativo, onde possa interpretar fatos e situações que envolvam conceitos químicos reais trazidos do cotidiano ou criadas na sala de aula (BRASIL, 2004). Com isso o ensino de Química torna mais dinâmico, atrativo, interativo e ativo na formação intelectual científica humana, tornando um ser mais consciente e apto para conviverem e interagirem em nosso mundo (LAMBACH; MARCELO,2007). Nesse sentido a pesquisa teve como objetivo básico identificar se os professores da rede estadual de ensino público da cidade de Picos-PI trabalham os conteúdos da Química baseado na contextualização do dia-dia dos discentes, no sentido do alunado aprender a Química não só para passa em vestibulares ou/e concursos, mais também o exercício da vida, ou seja, da cidadania.

Material e métodos

O processo metodológico da pesquisa teve por base uma abordagem de cunho qualitativo, que é um método que traduz em números, nos quais se pretende verificar a relação da realidade com o objeto de estudo, obtendo várias interpretações de uma análise indutiva por parte do pesquisador (LAKATOS, 2010). Contudo esse processo foi subdividido em quatro momentos, ou seja, elementos que descrevem os caminhos da pesquisa como: caracterização da área, sujeito da pesquisa, coleta dos dados e análise dos dados. Na caracterização da área foi o município de Picos-Piauí, Brasil, Situado na região centro-sul do Piauí, aproximadamente 313,9 Km da capital do estado (IBGE, 2010). O município é um dos mais importantes educacionalmente do estado, é constituído de uma grande rede de ensino público e privado desde ensino infantil, fundamental, médio e superior. A rede municipal dispõe 78 escolas, na qual 18 são da rede estadual, 15 da rede particular e três campi de Ensino Superior público (IBGE, 2010). Sujeito da população pesquisada nesta pesquisa foi o grupo de professores que ministram aula da disciplina de Química do município da rede estadual de ensino público, perfazendo um total de 26 docentes (GRE, 2013). Considerando-se amostra de 16 professores, tendo sido escolhido de forma aleatória simples. A técnica de coleta dos dados se deu por meio de uma entrevista semiestruturada na tabela 01, cuja ser um instrumento de direta intensiva, de encontro entre duas pessoas, a fim de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional como uma investigação social e outro (MARTINS, G. A; THEÓPHILO,2010). A coleta dos dados se deu no mês de novembro de 2012 a fevereiro de 2013, em locais selecionados pelo o pesquisador-entrevistador, como o próprio ambiente de trabalho (nas escolas). Após a transcrição dos dados coletados na entrevista foram inicialmente tabulados, organizados e informatizados através da utilização de programas como Excel (Microsoft Office 2010). E em seguida foram feitas as interpretações desses dados para as possíveis interferências.

Resultado e discussão

Das concepções dos professores a respeito da contextualização no ensino de Química, considerando o processo de intervenção realizado nesta pesquisa apontou alguns elementos interessantes que estão descrito conforme a tabela 1 a seguir. Porém os resultados de análise discursiva e interpretativa foram os que responderam sim. Tendo em vista aos pressupostos da prática de ensinar em consonância com a contextualização na questão 01. Dos professores que responderam sim, quando questionados sobre a forma que contextualizam a química na sala de aula, indicaram que faziam isso, com exemplos das ruas, das escolas e das casas. Assim, por meio das respostas dos “educadores” verificou-se que os mesmos não apresentaram conhecimento sobre o que é contextualizar? Como contextualizar a química na sala de aula. Mostrando não ser uma prática vivenciada ao seu dia-a-dia e que opta por ser um mero professor conteudista de aplicações de formulas isolada e com currículo metodológico com ênfase na memorização de regras fixas e desligada das práticas sociais, fazendo com que os alunos não aprendam a química como todo, mas como pedaços desconectados do dia-a-dia (SCHNETZLER, R. P, 2003). Isso mostra que ensinar química pautada por uma descontextualizacão de uma forma estanque, sem levar em consideração a sua relevância dos fazeres sociais, traz sérias complicações para o ensino-aprendizagem significativo ficando comprometida a formação do cidadão como pessoa ( AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D., HANESIAN, H,2009; SOUZA, C. M. L). Apesar dos paradigmas educacionais estabelecerem que o ensino tenha que ser poutado no eixo contextualização e interdisciplinaridade. Na questão 02 indaga-se a importância da contextualização no entendimento e compreensão dos assuntos da química. E dos que disseram sim, quando foram arguidos da forma, indicaram que inferem a contextualização ao dia-a-dia; exemplos práticos e a relação prática com teoria. Na análise dos relatos fica evidenciado que a maioria dos professores revalida a relevância da contextualização, mas não a ponta protuberância da contextualização, uma vez que contextualizar a ciência química não é apenas promover uma ligação artificial entre o conhecimento e o cotidiano do aluno, citar exemplos como ilustração no início ou ao final de alguns conteúdos, mas também propor situações problemáticas reais ou criadas dentro ou fora da escola é buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las (SILVA. E; LOPES,2007; BRASIL ,2004; AIRES; LAMBACH,2007). Uma vez que a dinâmica de uma prática contextualizada a qualquer disciplina facilita a compreensão e o entendimento dos assuntos proposto. Visto que o conhecimento químico quando é discutido e fundamentado dentro dessa metodologia, é algo muito importante para a aprendizagem dos conteúdos possibilitando uma maior participação crítica e fundamentada por parte dos discentes na formação integra dos mesmos e nas tomadas decisões (BRASIL ,2004; COSTA, et Al,2005). Na questão 03, dos que responderam sim, evidência que o temo contextualização é pouco tratado nas reuniões ou nos encontros pedagógicos. Além de pouco, é vivenciado de forma irônica pela descrição da questão 01, já que é um ambiente propício para a articulação entre teoria e prática, um espaço para reflexão, planejamento, troca de experiências, partilha de dúvidas, descoberta de problema, sistematização da própria prática, resgate do saber docente, desenvolvimento da atitude de cooperação e corresponsabilidade, elaboração de formas de intervenção pessoais (qualificadas pela reflexão conjunta) e/ou coletivas (possibilitando a integração entre diferentes áreas ou níveis) e também pra construir um desenvolvimento profissional, individual e coletivo, ou seja, com a finalidade de analisar suas práticas e a refletir sobre elas, com o auxílio de um mediador, pode levar ao desenvolvimento profissional, transformando as pessoas, suas atitudes e representações (PERRENOUD, F,1994; RICARDO, E. C,2005). Na questão 04, foi inferido se eles usavam como referência os parâmetros curriculares nacionais-PCN no preparo de suas aulas e dos que responderam sim, quando foi questionada a forma, eles argumentaram como exemplos, relação do dia-a-dia, prática, teoria e fatos atuais. Ao observar as análises das falas dos professores, pode se constata que os mesmos desconhecem os elementos essenciais do material oficial e que não se orientam nos PCN. Isso mostra que não estão dando importância a esse paradigma educacional, que ajuda a interpretar, compreender os conteúdos de química de uma forma mais ampla. Uma vez que ele é imprescindível aos mestres em define seus conteúdos conceituais a serem ministrados e os objetivos a serem alcançados na sua proposta de ensino, as ações educativas e procedimentos, que os professores vão realizar a seus alunos de uma forma que delinear as estratégias que vão ocorres em sala de aula, evitando-se as improvisação e a rotina (CIRÍACO, M.G.S; KATO, D.S; KAWASAKI, C.S,2011). Que ampara o empreendimento de práticas pedagógicas condizentes com sua concepção transformadora de educação, em que se busca propiciar meios para que os alunos, enquanto sujeitos históricos compreendam o potencial que possuem como agentes de transformação social (SANTOS, W. L. P; MORTIMER, E.F,1999).

Tabela 1

Categoria das respostas da entrevista dos professores

Conclusões

No que se refere ao ensino de química e a contextualização, ficou evidenciado que os docentes estão cientes da importância e dos benefícios do uso dessa metodologia ao ensino aprendizagem, porém essa prática não é colocada em uso, devido ao desconhecimento do que é contextualizar aula de Química e dos próprios documentos oficiais, como os PCN . E que esses pontos deveriam ser tratados ou/e discutidos nos encontros pedagógicos, local propicio de compartilhamento das dúvidas do saber científico, descoberta de problema e de reflexões da sua própria prática de ensino. Diante disso faz-se necessário um estudo voltado para o ensino contextualizado dos saberes, onde se pretende relacionar os conteúdos de química com o cotidiano dos discentes, visando à formação do cidadão, e o exercício de seu senso crítico, com ênfase maior no desenvolvimento de suas competências e habilidades. Mais para isso é necessária uma articulação das propostas pedagógicas (PCN e LDB), onde traz os princípios e concepções didáticas com as vivências sociais, na qual os alunos possam dinamizar os processos de construção e negociação de significados nas compreensões do saber químico

Agradecimentos

Referências

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