Autores

Leão, M.F. (UFRGS) ; Oliveira, E.C. (UNIVATES) ; Del Pino, J.C. (UFRGS)

Resumo

Este estudo descreve a utilização da oficina temática como estratégia de ensino para tornar o aprendizado de Química mais agradável e significativo. Seu desenvolvimento ocorreu no 1º trimestre letivo de 2014, com 14 estudantes do 2º Ano do Ensino Médio do CEJA “15 de outubro” de Barra do Bugres –MT. Inicialmente foram apresentados alguns vídeos com situações curiosas envolvendo transformações gasosas. Foram realizados questionamentos sobre os fatores que influenciaram a ocorrência daquelas reações. Após o estudo teórico, a turma foi dividida em duplas que montaram e apresentaram os experimentos, juntamente com os conceitos que justificam tal comportamento. Constatou-se que a experimentação possibilita a construção de conhecimentos, uma vez que os conceitos estudados assumiram significado.

Palavras chaves

Estratégia de ensino; Experimentação; Conceitos químicos

Introdução

Ensinar os conceitos químicos na educação básica e, sobretudo, no Ensino Médio passa há tempos por algumas dificuldades (CHASSOT, 2008). Tais dificuldades podem estar atreladas à forma com que estes conceitos estão sendo ensinados, muitas vezes de modo asséptico, abstrato, dogmático e avaliado de maneira examinadora. Frente a essa realidade, é preferível que o ensino de Química esteja voltado para o cotidiano, para que os estudantes sejam capazes de conhecer a estrutura da matéria, as propriedades dos compostos e elementos químicos, as transformações que eles sofrem, e relacionar tais conhecimentos com os fenômenos naturais e os avanços tecnológicos envolvidos no dia a dia (CORINGA; PINTEL; OZAKI, 2007). Outro aspecto a ser considerado é que no ensino da Química, a prática é tão importante quanto à teoria, uma vez que os estudantes podem assimilar com mais facilidade alguns conceitos. Segundo Smith (1998), a importância de executar trabalhos práticos é inquestionável na Química e deveria ocupar lugar central no seu ensino. A experimentação é um excelente recurso didático quando bem utilizado, pois eleva a qualidade do ensino e torna de fácil compreensão os fenômenos analisados. Outro aspecto que deve ser considerado é que, se não forem bem planejadas, as atividades experimentais podem, muitas vezes, assumir o caráter superficial, mecânico e repetitivo, não trazendo contribuições positivas (CHISPINO; FARIA, 2010). O que os autores alertam é que todo experimento precisa ter um objetivo claro a ser alcançado, caso contrário, fica a prática pela prática, o que não contribui para os processos de ensino e de aprendizagem. Assim sendo, a oficina temática é uma ação planejada que proporciona aos estudantes verificar na prática os conceitos teóricos muitas vezes tidos abstratos.

Material e métodos

Este estudo caracteriza-se como relato de experiência (MEDEIROS, 1997), cuja abordagem é qualitativa. Seu desenvolvimento ocorreu no primeiro trimestre letivo de 2014, durante as aulas de Química da turma do 2º Ano A do Ensino Médio do Centro de Educação de Jovens e Adultos “15 de outubro” de Barra do Bugres – MT. Participaram das atividades 14 mulheres, com idade entre 20 e 52 anos, sendo estas moradoras da zona rural e urbana da cidade. Para introduzir o assunto, como estratégia motivacional, foram apresentados alguns vídeos de experimentos envolvendo gases selecionados do site Manual do Mundo. Em seguida foram realizados alguns questionamentos sobre os estados físicos da matéria e a variação de forma e volume que ocorre com o estado gasoso. Uma vez identificados os fatores que influenciam no comportamento dos gases, que são: temperatura, pressão e volume, foram apresentados pelo professor a relação existente entre esses fatores por meio da equação geral dos gases e da equação de Clapeyron. Também foram discutidas as transformações gasosas isotérmicas(Lei de Boyle), isobáricas(Lei de Charles) e isovolumétricas(Lei de Gay-Lussac). Na aula seguinte, foi proposta a realização de uma oficina temática para que as estudantes apresentassem experimentos para suas colegas explicando os fenômenos envolvidos. A turma foi dividida em duplas, sendo que cada uma recebeu o roteiro dos experimentos fotocopiados. Este texto de apoio foi elaborado para dar suporte as estudantes na confecção dos experimentos a serem explorados na oficina. Os materiais e instrumentos de todos os experimentos foram disponibilizados sobre a mesa do professor. Alguns questionamentos foram realizados após a realização da oficina para verificar se houve construção dos conhecimentos que objetivava a proposta.

Resultado e discussão

As estudantes testaram seu experimento e o realizaram na sala de aula, socializando seus resultados e percepções com os demais componentes da turma, conforme mostram as figuras abaixo. As práticas desenvolvidas utilizaram materiais de baixo custo como meio para superar as limitações da falta de espaço físico adequado na escola ou de equipamentos indisponíveis. Durante a apresentação, ocorrem intervenções do professor quando necessário. Todos os questionamentos realizados no final da oficina (Ex.: O que aconteceria caso colocássemos um frasco de spray para aquecer? Quais agentes são responsáveis pela compressão ou expansão de um gás?) foram respondidos corretamente, o que mostra ter ocorrido aprendizagens com significados.Foi observado um grande envolvimento das estudantes pela atividade, o que corrobora o pensamento de Smith (1998). A manifestação de entusiasmo e satisfação demonstrados, além das discussões conceituais proporcionadas durante as apresentações, comprovam que vale a pena utilizar a experimentação como estratégia de ensino, desde que tenha objetivos claros e seja bem planejada (CHISPINO; FARIA, 2010). A realização de experiências práticas favoreceu a assimilação dos conceitos teóricos estudados. O uso de materiais concretos contribuiu para a compreensão dos conceitos da química que muitas vezes são abstratos. Neste sentido, conforme Chassot (2008), a experimentação faz com que a Ciência deixe de ser estática e monótona diante deste mundo em constante movimento. Os gases estão por toda parte: no ar que respiramos, nos balões de festas, nos cilindros, na poluição atmosférica, etc. Enfim, eles possuem um papel muito importante em nossa vida. Uma vez que não conseguimos ver os gases, é necessário entender seu comportamento e quais variáveis que os influenciam.

Preparo dos experimentos

Elaboração e ensaio das atividades experimentais pelas duplas para serem apresentadas para a turma

Compartilhando saberes

Público atento as explicações das estudantes.

Conclusões

A oficina temática como estratégia de ensino permitiu melhorar o interesse, construir possibilidades de trabalhar em grupos, melhorar a capacidade de raciocínio e, desta forma, entender terminantemente os conhecimentos que foram abordados. O estudo permitiu verificar que atividades experimentais favorecem a articulação entre teoria e prática e proporciona a construção de saberes a partir de suas próprias reflexões e experiências.Logo, o desenvolvimento desse tipo de estratégia é uma alternativa viável para o ensino da Química,pois permite atribuir significados aos conceitos teóricos estudados.

Agradecimentos

Às estudantes do Centro de Educação de Jovens e Adultos "15 de outubro" pelo empenho dado na realização da atividade proposta.

Referências

CHASSOT, A. Sete escritos sobre educação e ciência. São Paulo: Cortez, 2008.
CHRISPINO, A.; FARIA, P.. Manual de Química Experimental. 1. ed. Campinas: Editora Átomo, 2010.
CORINGA, E. A. O.; PINTEL, E. G. S.; OZAKI, S. K. Química Metodologia e Prática I . Cuiabá : IFMT, 2007.
MANUAL DO MUNDO. Site de experimentos de Ciências. Disponível em: http://www.manualdomundo.com.br. Acesso em: 01/03/2014 às 22:07h.
MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 3. ed.. São Paulo: Atlas, 1997.
SMITH, K.A. Experimentação nas Aulas de Ciências. In: CARVALHO, A.M.P.; VANNUCCHI, A.I.; BARROS, M.A.; GONÇALVES, M.E.R.; REY, R.C. Ciências no Ensino Fundamental: O conhecimento físico. 1.ed. São Paulo: Scipione, 1998, p. 22-23.