Autores

Sousa, Y.K.(. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE/CAA) ; Silva, J.(. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE/CAA) ; Cesario, T.S.(. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE/CAA) ; Afonso, L.P.R.(. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE/CAA) ; Sá, R.A.(. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE/CAA)

Resumo

O ensino de química tem passado por momentos de intensa reflexão, pois as aulas são vistas como algo maçante, com memorização de conceitos e fórmulas. O trabalho aborda a importância da contextualização interligada ao cotidiano do aluno através de uma atividade lúdica, o jogo. Método prático, dinâmico e importante para a interação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem de química. Desenvolveu-se um jogo denominado “O fantástico mundo estequiométrico”. A atividade foi aplicada em uma turma de 2º ano de Ensino Médio de uma escola pública, situada na cidade de Santa Cruz do Capibaribe- PE. Através desta atividade, pode-se observar que o método lúdico inserido no meio educativo é de grande importância para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno.

Palavras chaves

ESTEQUIOMETRIA; CONTEXTUALIZAÇÃO; LÚDICO

Introdução

As metodologias utilizadas pelos professores da área de ciências exatas, mais especificamente, química, são de intensa carga teórica e escassez de atividades práticas junto da contextualização, impedindo a relação entre, os conteúdos estudados com o cotidiano (LIMA etal., 2000). Segundo ARAÚJO e ABIB (2003), o melhor seria desenvolver uma educação voltada para a participação plena dos indivíduos, possibilitando suas interferências nos grupos sociais em que convivem. Outro importante fator prejudicial está na falta de interesse, por parte do professor, em sondar os alunos acerca dos seus conhecimentos prévios (CARDOSO e COLINVAUX, 2000). Contudo, a culpa dos problemas do ensino de química não é exclusivamente dos professores. Há um conjunto complexo de causas (CARVALHO e GIL-PÉREZ, 1995). De acordo com ZANON e PALHARINI (1995), a não contextualização da química pode ser responsável pelo alto nível de rejeição ao seu estudo. A conduta lúdica, caracterizada pelo prazer com: teatro, literatura, desenho, jogo e o brincar são utilizados por autores que destacam os jogos como elementos motivadores e facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Modernamente, a Estequiometria compreende as informações quantitativas relacionadas a fórmulas e equações químicas, e está baseada nas leis ponderais. No Ensino Médio, estequiometria é um assunto pouco trabalhado em aulas práticas, talvez pelo difícil acesso a balanças analíticas ou mesmo a balanças comuns de precisão (CAZZARO, 1999). Percebendo então a dificuldade em trabalhar com equipamentos para a realização de atividades práticas envolvendo estequiometria, o presente artigo teve como objetivo uma abordagem contextualizada dos conceitos de estequiometria através de um jogo de tabuleiro educativo.

Material e métodos

De inicio, para análise prévia dos conhecimentos dos alunos sobre estequiometria, foi elaborada e aplicada uma Sequência Didática(SD) de acordo com(MÉHEUT, M. 2005). A SD envolveu quatroetapas: 1ª Resolução de questões (Q1 a Q5) objetivas e subjetivas para identificação das concepções prévias e compreensão dos discentes sobre o tema; 2ª Intervenção, em forma do jogo educativo “o fantástico mundo estequiométrico, abordando conceitos estequiométricos a partir de situações do cotidiano dos alunos e discussão durante a aplicação do jogo; 4ª Resolução de questões (Q1 a Q3) para verificação da interferência do jogo na aprendizagem do conteúdo. A SD foi aplicada a 24 alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma Escola Pública da cidade de Santa Cruz do Capibaribe-PE, com duração de 4 horas. Os alunos foram divididos em oito grupos de três componentes. Regras do Jogo “O fantástico mundo estequiométrico”: • Ter no mínimo 4 participantes; • O jogador que tirar o maior número no dado será o primeiro a jogar; • Após jogar o dado cada jogador andará com o peão a quantidade de casas do número sorteado; • Dois jogadores ou mais podem ocupar a mesma casa simultaneamente; • Quando o jogador terminar seu movimento em uma casa onde existe uma ilustração, ele deverá pegar a carta das perguntas correspondente ao desenho. Na carta haverá uma questão de estequiometria a ser resolvida, assim que o jogador responder ele pegará a carta correspondente ao desenho no montante das cartas de resposta que determinará o movimento do jogador a partir da resposta dada, seja correta ou errada; • O jogo termina quando o jogador atingir a ultima casa do tabuleiro, onde receberá o título de “Cidadão Estequiométrico”.

Resultado e discussão

A investigação prévia dos conceitos de estequiometria foi realizada a partir de um questionário. Que abordou os seguintes pontos: a importância da Química na vida dos alunos; o estimulo através do professor para aprender Estequiometria; dificuldades em aprender o tema; conceitos de reagente e produtos; reagente limitante e em excesso. Notou-se que a maioria dos alunos não sabe a importância real da química, muitos dizem que é importante, mas para passar no vestibular e não em seu cotidiano, pois acreditam que a mesma não está presente. Sobre o estimulo em aprender estequiometria, afirmaram que não possuem, um aluno “A” fez o seguinte comentário: “Não, geralmente me dá sono.” Quando investigados sobre a dificuldade em aprender estequiometria, a maior parte da turma afirmou que tem grandes dificuldades, principalmente em relação aos cálculos. Segundo eles, “cálculos não têm vida”, ou seja, abordagem tradicional dos conceitos. De início, notou-se uma grande dificuldade na definição dos conceitos, principalmente sobre reagente limitante e em excesso, o qual 87,5% da turma não mostrou uma explicação plausível. Segundo, BRASIL (1998) “A motivação do aluno tem muito a ver com a contextualização, pelo fato de dar sentido aquilo que ele aprende.” Antes de iniciar o jogo, houve uma aversão dos alunos em relação ao tema. Mas, ao desenrolar do jogo e discussões, todos se sentiram motivados e resolveram os desafios do jogo de maneira interativa, trocando experiências e aprendizado. Onde no Q.II (tabela 1), os alunos disseram que o jogo foi uma forma que os ajudou muito a aprender com facilidade e diversão o conteúdo. “O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e social[...] (SANTOS, 1997). Abaixo a tabela 1 com resultados obtidos:

TABELA 1: Resultados obtidos

Análise obtida através dos QUESTIONÁRIOS (Q.I e Q.II), realizados antes e após a aplicação do jogo "O Fantástico Mundo Estequiométrico".

Conclusões

A partir da análise dos resultados obtidos pela aplicação do lúdico considerando a importância da contextualização do conteúdo com o dia-a-dia dos alunos, observamos que seu uso forneceu um retorno muito satisfatório por parte dos discentes,que se sentiram incitados a buscar conhecimento. É o que ARAÚJO e BARROSO (2011) indicam: “A aplicação do jogo pedagógico no cotidiano escolar é muito importante, devido à influência que o mesmo exerce frente aos alunos, pois quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e dinâmico o processo de ensino-aprendizagem”.

Agradecimentos

Ao Professor Roberto Araújo Sá Coordenador PIBID QUÍMICA/UFPE/CAA pela orientação, UFPE-CAA e ao companheiro de conhecimento “Diego Henrique”, aluno da UFCG-PB.

Referências

ARAÚJO, G. X.; BARROSO, R. R. A importância da aplicação do jogo pedagógico Passa e Repassa na aprendizagem de cálculo estequiométrico na disciplina de química no ensino médio. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Química), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2011.

ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S. Atividades Experimentais no Ensino de Física: Diferentes Enfoques, Diferentes Finalidades. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 25, no. 2, Junho de 2003.

BRASIL, M. As Novas Diretrizes Curriculares que Mudam o Ensino Médio Brasileiro,BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos ParâmetrosCurriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a Motivação para estudar Química. Química Nova, 23(2) (2000).

CARVALHO, A. M. P. e GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de ciências. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1995.

CAZZARO, F. Um experimento envolvendo estequiometria. Revista Química Nova na Escola, n.10, nov., p. 53-54, 1999.

LIMA, J. F. L.; PINA, M. S. L.; BARBOSA, R. M. N.; JÓFILI, Z. M. S. A Contextualização no Ensino de Cinética Química. Química Nova na Escola, n. 11, maio de 2000. P. 26-29.

MÉHEUT, M. Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. In Research and Quality of Science Education (Eds. Kerst Boersma, Martin Goedhart, Onno de Jong e Harrie Eijelhof). Holanda: Springer. 2005.


SANTOS, S. M. P. do (org.). O lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 2a edição, 1997 .

ZANON, L. B. e PALHARINI, E. M. A. Química no ensino fundamental deciências. Química Nova na Escola, n. 2, p. 15-18, 1995.