Autores

Silva, N.M.R. (IFCE) ; Silva, W.D.A. (IFCE) ; Silva, F.A. (IFCE) ; Paula, N.L.M. (IFCE)

Resumo

Para vários alunos e professores, a utilização do laboratório de Química como ambiente de aula prática é tida como ferramenta que contribui de forma positiva na aprendizagem dos alunos. Nessa perspectiva, este estudo buscou conhecer a visão de professores de duas escolas públicas do município de Iguatu/CE no intuito de analisarmos qual a relação dos professores com o ambiente em questão. Os resultados revelaram que as realidades das duas escolas são diferentes e que a escola que possui mais reagentes, equipamentos e laboratórios, bem como professores com maior qualificação quase não utilizam o mesmo. Já na outra escola de realidade diferente, apresenta melhor utilização do ambiente, sendo em ambas as escolas, a Química Orgânica, considerada como a que menos favorece a prática.

Palavras chaves

Laboratório de Química; Aula prática; Aprendizagem

Introdução

Antunes (2001) refere que no ensino da Química, a parte experimental se torna uma estratégia eficiente, pois os alunos são capazes de presenciar os fatos e passarem a elaborar problemas reais que permitem a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação. Porém, buscar tal experimentação, planejar e executar aulas práticas relacionadas ao conteúdo estudado na sala de aula, contemplar todos os alunos em um ambiente pequeno com poucos materiais, equipamentos e reagentes, são tarefas tidas como difíceis para alguns professores da disciplina. Tais fatores, como apontados na pesquisa de Silvério (2012), mostram que são fatores que dificultam a realização da prática, contribuindo assim para o insucesso da práxis na disciplina. Por outro lado, Chassot (2003) chama a atenção para os perigos do reducionismo, do fazer pelo fazer, nessa modalidade de aulas práticas em laboratórios que hoje se tornou um modismo. Nesse sentido, cabe ao professor buscar aulas práticas que de fato justifiquem tal experimentação, tendo um objetivo previamente determinado a ser alcançado, com início, meio e fim. Durante a realização do Estágio Supervisionado 3, surgiram os questionamentos sobre a utilização dos laboratórios de química nas escolas públicas. Assim, delimitou-se como objetivos conhecer a percepção e a relação dos professores de duas instituições públicas de ensino médio de redes diferentes na cidade de Iguatu-CE, sobre o laboratório de Química como ambiente de aprendizagem.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada na Unidade II do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – campus Iguatu, localizada na Rodovia Iguatu – Várzea Alegre, Km 05, s/n e na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim, localizada na rua 25 de março, s/n, Bairro Paraná, ambas do município de Iguatu/CE. Contou com a participação de dois professores/as Liceu de Iguatu e três professores/as do IFCE – campus Iguatu, os quais aceitaram participar voluntariamente desta pesquisa. Para isso, antes da realização da mesma, foi enviado às direções das instituições um Termo de autorização da pesquisa e o Termo de Consentimento e Livre Esclarecimento aos entrevistados. Para a coleta dos dados, aplicou-se um questionário aos professores e outro aos alunos, sendo ambos com perguntas diferentes. Os dados obtidos foram analisados através da técnica de análise de conteúdo.

Resultado e discussão

A partir dos dados coletados, observou-se que todos os sujeitos da pesquisa são licenciado em Química, sendo os professores do IFCE – Iguatu mestre ou doutores, já os do Liceu de Iguatu, apenas licenciados. No entanto, percebeu-se que a titulação não influenciou na preparação de aulas práticas, uma vez apenas um professor da instituição federal disse já ter realizado aula prática com os seus alunos, e duas professoras disseram nunca ter realizado. Já na escola estadual, ambos os professores disseram realizar bimestralmente aulas práticas com todas as suas turma. Apesar de duas professores da instituição federal disserem não realizar práticas com os seus alunos, esta por sua vez disseram considerar a experimentação como uma forma de melhorar a aprendizagem dos alunos, uma vez que estes almejam sair da teoria que veem na sala de aula. Estas por sua vez, justificam a não realização das práticas por possuírem pouco experiência no magistério, tendo menos de um ano de experiência, porém, a instituição dispõe de vários equipamentos, laboratórios e reagentes, o que não acontece na escola estadual, que de acordo com os professores desta, o laboratório carece de equipamentos, mais reagentes e vidrarias, o que não favorece para uma experimentação mais eficaz. No entanto, essas lacunas não os impossibilitam realizar as práticas, o que estimula os alunos a aprenderem e estudarem mais na disciplina de Química. Assim, a fala dos professores denota aceitação da ideia que a experimentação é uma estratégia eficaz capazes de estimular o aluno à investigação, desenvolvendo a capacidade de pesquisar respostas para o problema gerado a partir da experimentação, permitindo uma contextualização das aulas, bem como ajudando no processo de ensino- aprendizagem (GUIMARÃES, 2009).

Conclusões

A pesquisa realizada comprovou que mesmo diante das boas condições apresentadas pela instituição federal, apenas um professor da pesquisa disse utilizá-lo, já na estadual, ambos os professores utilizam com frequência e os alunos sentem-se satisfeitos. Entre os professores que realizam práticas, é unanimidade que os conteúdos de Química Orgânica não favorecem a experimentação nas escolas. Todos os professores percebem a experimentação como forma de melhorar a aprendizagem dos alunos, tornando-os mais autônomos na busca por respostas e questionamentos que englobem a Química.

Agradecimentos

Ao IFCE - campus Iguatu e ao Liceu de Iguatu Dr. José Gondim.

Referências

ANTUNES, C. Glossário de bolso(a) para educadore(a)s. São Paulo: ABC, 2001.
CHASSOT, A. A Educação no Ensino de Química. Ijuí: Unijuí, 2003.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no ensino de Química: Caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola. v. 31, n. 3. p. 198-202, 2009.
SILVÉRIO, J. Atividades experimentais em sala de aula para o ensino da química: percepção dos alunos e professor. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Química), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2012.