Autores

Silva, M.C.P. (UAST-UFRPE) ; Carvalho, D.S. (UAST-UFRPE) ; Santos, F.G. (UAST-UFRPE) ; Souza, J.R.M. (UAST-UFRPE) ; Vasconcelos, F.C.G.C. (UAST-UFRPE)

Resumo

Tendo em vista a atual importância que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possuem no processo ensino - aprendizagem e também na sociedade, este trabalho tem como objetivo divulgar o Projeto de Extensão “A Química presente no cangaço: resgate histórico através de produção audiovisual” da Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UAST-UFRPE). O mesmo tem o objetivo principal de produzir vídeos de divulgação científica, que relacionem a temática de ‘Lampião e o Cangaço’ com a Ciência Química, através de uma abordagem histórica contextualizada. As etapas concluídas do projeto identificam a importância de se explorar este assunto na Região do Sertão Nordestino, devido ser um assunto presente e vivo na cultura local.

Palavras chaves

CANGAÇO; QUÍMICA; VÍDEOS

Introdução

O Cangaço é um termo marcante no Sertão Pernambucano, associado aos costumes, a cultura, a crença, e a religiosidade local. Embora muitos anos após a morte de Lampião (1898-1938), muito do que ele e seu bando praticava, em relação ao tratamento de doenças e enfermidades, ainda permanece de certa forma inexplorado. Em meio a seca, a fome e enfermidades, os cangaceiros utilizaram vários métodos para tratar suas doenças, como o uso de emplasto (curativo à base de farinha de mandioca aquecida) e pó de fumo, em edemas, geralmente ocasionados por projéteis de arma de fogo. Os ‘Remédios’ eram chás, cachaça, lambedores, álcool, tintura de iodo e pomadas, utilizadas nestes ferimentos (FERNANDES;ARAÚJO,2005; ALMEIDA,2006). No cangaço também existia a prevenção dos males. Pois, segundo a lenda popular, Lampião tinha uma colher de prata que ao ser introduzida na comida, se mudasse de cor, era devido à presença de veneno. Outra, é a enfermidade no olho direito de Lampião, que para uns foi acometido por tiro, para outros pela deficiência de Vitamina A (FERNANDES, ARAÚJO, 2005), possibilitam a exploração da Química com o Cangaço. A partir da exploração destes assuntos em vídeos, este trabalho descreve as etapas do Projeto de Extensão que vem sendo desenvolvido por alunos do Curso de Lic. em Química da UAST-UFRPE, que contextualiza a Química com Lampião e o Cangaço. Pois, através do audiovisual pode-se criar um novo meio de haver a (re) construção do conhecimento (VASCONCELOS et al, 2008). Neste sentido, identificasse como as TIC, especificamente os vídeos, podem unir elementos fundamentais para o processo ensino-aprendizagem, como as relações da Química e a cultura do Sertão Nordestino, dos alunos, e dos professores que poderão utilizar essas mídias em suas aulas.

Material e métodos

Para a produção dos vídeos, algumas etapas anteriores foram estruturadas, as quais consistem em: 1) Realização de levantamento bibliográfico e documental que explore a medicina, a farmacopéia e as substâncias químicas utilizadas por Lampião e seus companheiros diante das enfermidades; 2) Pesquisa na literatura sobre as substâncias químicas e procedimentos utilizados pelos cangaceiros, visando validá-los ou não, identificando a possibilidade de confirmar o senso comum com bases científicas; 3) Formação dos discentes no que tange a síntese de informações, edição e produção de vídeos; 4) Formação dos discentes em relação a oratória, expressão corporal e postura diante da câmera e ambiente de gravação; 5) Estruturação do roteiro e gravação. 6) Edição e conclusão dos vídeos. No Projeto de Extensão, seis vídeos são propostos para produção, os quais mesclam os locais de produção como o laboratório de Química para a realização de experimentos, área rural para gravação externas simuladas referentes a Lampião e, a sala de aula para apresentação das informações pelos alunos. Para a edição dos vídeos utilizaremos o editor Sony Vegas, uma ferramenta de vídeo que possibilita a realização de edição de arquivos de mídia, como áudio e vídeo e de fácil manuseio. A seguir são apresentadas as etapas concluídas e as conclusões iniciais da realização do projeto.

Resultado e discussão

Para o Projeto de Extensão foram planejados a gravação de 6 vídeos: 1°)Episódio da Colher: no folclore popular, Lampião possuía uma colher de prata que 'detectava' veneno, devido a mudança de cor; 2º)'Criolina': o que é, para que serve, e como era seu uso pelos cangaceiros; 3º)Olho de Lampião e a Vitamina A: a relação da carência de alimentos que possuem Vit. A no Sertão Nordestino com a cegueira no olho direito de Lampião; 4º) e 5º)'Substâncias Milagrosas' I, II: estes vídeos explorarão as propriedades da Tintura de Iodo, Água Oxigenada, e “Álcool” que eram usadas pelos cangaceiros. Em seguida, os alunos realizaram pesquisas em livros de Química e nos livros do Museu do Cangaço, localizado na cidade de Serra Talhada-PE. Identificando que a história da colher de prata é uma folclórica, pois, às reações de mudança de cor ocorrem com íon prata (VOGEL, 1981). Como a colher é metálica, não foi identificada este tipo de reação com os possíveis venenos existentes na década de 30 (estricnina, arsênio, cianureto). Em relação a Vit. A, alguns relatos demonstram que Lampião, quando novo, reclamava de um embaço no seu olho direito. Contudo, não se pode afirmar que era devido a carência de Vit. A, mas que a sua carência pode causar xeroftalmia (RETONDO; FARIA, 2014). As substâncias usadas pelos cangaceiros eram feitas de modo equivocado, sem os cuidados necessários, algumas vezes, piorando os ferimentos. Por fim, os alunos participaram de uma oficina de 4 hs sobre oratória e expressões corporais, melhorando a arguição e movimentos do corpo para a realização das gravações. No momento, os roteiros do 1º e 2º vídeo estão em fase de conclusão para posterior gravação. Ressalta-se que todas as etapas são realizadas pelos alunos de graduação em conjunto com a coordenadora do projeto.

Conclusões

A partir das etapas concluídas, o tema do Cangaço pode ser explorado nas aulas de Química, sendo possível a exploração de assuntos como: Reações Químicas, Substâncias Orgânicas e Inorgânicas. Neste sentido, após a produção dos vídeos, serão estruturadas oficinas de formação continuada para os professores da Região, para que eles possam explorá-los nas suas aulas de Química. Ressalta-se que a participação dos estudantes na produção de vídeos ampliaram a visão do ser professor, possibilitando o desenvolvimento da autonomia na produção de materiais para serem utilizados em sua prática docente.

Agradecimentos

A Comissão da Pró-Reitoria de Extensão da UFRPE pela aprovação do Projeto e aos que formam o Museu do Cangaço por disponibilizar espaço e material para realização das

Referências

ALMEIDA, I.F.S. Lampião: medicina e o cangaço. CAOS- Revista Eletrônica de Ciências Sociais. n. 11, out. 2006. p. 112-130.
FERNANDES, L.C.; ARAÚJO, A.A.C. Lampião: a medicina e o cangaço: Aspectos médicos do cangaceirismo. 1ª Edição. Traço Editora. 2005.

RETONDO, C.G.; FARIA, P. Química das Sensações. 4. Ed, Campinas: Átomo, 2014.
VASCONCELOS, et al. O Podcasting como uma ferramenta para o ensino-aprendizagem das reações químicas. Anais Eletrônicos do IX Congresso Iberoamericano de Informática Educativa. Caracas: 2008. Disponível em:
<http://www.niee.ufrgs.br/eventos/RIBIE/2008/pdf/podcasting_herramienta.pdf> Acesso em: 28 mai. 2015.
VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa. 5ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981.