Autores

Arruda, E.H.P. (UNEMAT E IFMT) ; Puertas, T.R. (UNEMAT) ; Santos, G.P. (IFMT) ; Leão, M.F. (UFRGS E IFMT)

Resumo

Esta ação de extensão universitária da UNEMAT, vinculada ao Curso de Enfermagem, foi desenvolvida em 2014, na cidade de Diamantino-MT, e envolveu estudantes da rede pública na elaboração de uma horta orgânica para o cultivo de alimentos e fitoterápicos. As atividades agroecológicas serviram para fornecer hortaliças na complementação da merenda escolar e para sensibilizar a comunidade para o consumo de medicamentos alternativos em substituição aos alopáticos. Também foram discutidas as propriedades e benefícios que as plantas cultivadas proporcionam. Realizou-se um levantamento da opinião dos participantes quanto à importância da horta, do uso de alimentos saudáveis e de incluir fitoterápicos na dieta. Os resultados apontam que a horta orgânica é viável e contribui para a qualidade de vida.

Palavras chaves

plantas medicinais; horta orgânica; alimentação saudável

Introdução

A escola é a instituição responsável pela formação integral dos seres humanos, onde se desenvolvem as ações necessárias para tornar as pessoas autônomas, críticas e aptas na tomada de decisões frente a questões de âmbito social e ambiental. Segundo Alves (2008), no meio escolar é indispensável que ocorram ações de educação ambiental para que sejam fortalecidas as relações homem e ambiente. Atividades como a horta orgânica escolar podem contribuir em muitos aspectos neste processo formativo, tais como: no incentivo ao consumo de hortaliças, na busca por alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos, na substituição de medicamentos alopáticos e na busca por qualidade de vida por meio do contato com o ambiente. Para Nogueira (2005), a horta na escola pode servir como fonte de alimentos e de atividades didáticas. Algumas das vantagens de cultivar uma horta são: a obtenção de alimentos de qualidade a baixo custo, a utilização de medicamentos fitoterápicos e o aprendizado promovido durante os estudos e cultivos das plantas, além de ser uma prática voltada para o trabalho coletivo. A horta na escola permite uma forma de aprendizado mais interessante e prazeroso de temáticas como saúde, nutrição e alimentação. Para implantação de uma horta é preciso planejamento, então foi realizado um estudo verificando que tipos de vegetais podem ser plantados de acordo com a época e região (PEHE, 2007). Este estudo relata a experiência pedagógica de implantar e cultivar uma horta escolar, no ano de 2014, como ação de projeto de extensão “Horta Orgânica” vinculado ao Campus da UNEMAT, município de Diamantino-MT. Segundo Medeiros (1997), o relato de experiência é definido como sendo a descrição dos resultados de pesquisa que não segue um rigor extremamente formal na apresentação dos resultados.

Material e métodos

As ervas e legumes escolhidos foram: tomate, cenoura, cebolinha, manjerona, erva cidreira, hortelã, brócolis, espinafre e berinjela. Foi necessário encontrar também o local adequado para a instalação da horta, sendo escolhida uma área na Escola Estadual Serra Azul, por receber luz solar, distantes de fossas ou esgotos e de fácil acesso à agua. Participaram do projeto 100 estudantes do Ensino Médio das escolas públicas da cidade. Inicialmente, foi apresentada a finalidade do projeto e proposto um debate sobre alimentação saudável e plantas fitoterápicas para perceber o conhecimento prévio que os estudantes tinham sobre o assunto. Foram realizados estudos sobre as propriedades e características das espécies escolhidas para cultivo, além da composição química, do valor nutricional e dos benefícios trazidos para a saúde. De forma colaborativa, ocorreu a limpeza do espaço, preparo do solo e dos canteiros, bem como a semeadura de hortaliças e plantio das mudas de ervas medicinais. A coletividade foi de fundamental relevância para a cidadania, pois fez com que os indivíduos trabalhassem e respeitassem seus colegas (PETTER, 2002). Durante o ciclo de crescimento das plantas, foram acompanhadas as modificações morfológicas e fisiológicas que as mesmas sofreram. Ao término desta ação extensionista foi realizado um levantamento, por meio de um questionário, que serviu para avaliar a satisfação dos participantes sobre o projeto e quais contribuições foram proporcionadas. As 4 questões realizadas, todas abertas, abordavam sobre a importância/contribuições de cultivar horta, as aprendizagem,se pretendem implantar em suas casas e se irão incluir fitoterápicos em sua dieta. A ação como um todo visou incentivar o estudo, o cultivo e a utilização segura de hortaliças e plantas medicinais.

Resultado e discussão

A horta foi um verdadeiro laboratório de ensino, pois várias foram as lições proporcionadas. Como já mencionado por Nogueira (2005), a horta, além de servir como fonte de alimentos, pode ser explorada para desenvolver atividades pedagógicas. Sua implantação e cultivo só foram viáveis porque todas as etapas foram planejadas e estudadas pelo coletivo, o que é fundamental segundo o PEHE (2007). As verduras produzidas na horta foram colhidas e utilizadas no preparo da merenda escolar. Muitos estudantes e funcionários da escola levaram plantas medicinais para seu consumo. Outra observação considerável foi perceber a mudança de hábitos alimentares desses estudantes. Atualmente quase todos os participantes se dirigem ao refeitório para merendar, coisa que antes não acontecia. Pelo relato das merendeiras é possível concluir que houve um melhor aproveitamento da merenda, ou seja, a sensibilização também contribuiu para evitar o desperdício alimentar, pois, segundo elas, não estão sobrando restos nos pratos, o que é configura uma postura cidadã (MALDANER, 2003). Outro aspecto a ser considerado é que os estudantes propuseram que fosse incluído no cardápio das escolas o preparo de sucos, chás e saladas como acompanhamento na merenda escolar, certamente utilizando os alimentos e ervas produzida pela horta. Pelos depoimentos e opiniões fornecidas na avaliação do projeto foi possível perceber que a atividade foi envolvente. Muitos deles evidenciaram que a horta orgânica é uma alternativa para ser implantada em suas casas, uma vez que contribui na alimentação por fornecer alimentos saudáveis a um custo menor (ALVES,2008). Quase todos consideraram a atividade como sendo de grande aprendizagem, principalmente quanto ao valor nutricional e aos benefícios trazidos pelas plantas cultivadas.

Características das plantas cultivadas

Este quadro mostra as propriedades e benefícios trazidos pelo consumo dessas plantas para a saúde humana.

Horta Orgânica Escolar

Os estudantes se empenharam no preparo, cultivo e acompanhamento do desenvolvimento das hortaliças plantadas.

Conclusões

Um dos intuitos da ação educativa foi fomentar a discussão sobre a importância de uma dieta equilibrada, do consumo de alimentos de origem confiável, da substituição gradativa dos medicamentos alotrópicos por fitoterápicos, enfim, da busca por melhorias na qualidade de vida. As atividades favoreceram a pesquisa, ao planejamento estratégico e ao trabalho colaborativo. Logo, implantar uma horta orgânica escolar é uma estratégia valiosa que proporciona, além da recuperação do espaço físico da escola e fornecimento de alimentos, um ambiente favorável a construção de aprendizagens com significado.

Agradecimentos

Aos estudantes da rede pública de Diamantino pelo envolvimento na atividade proposta e à Universidade do Estado de Mato Grosso pelo apoio e incentivo.

Referências

ALVES, E. O. et al. Levantamento Etnobotânico e Caracterização de Plantas Medicinais em Fragmentos Florestais de Dourados–MS. Cienc. Agrotec., Lavras, v.32, n. 2. 2008.
MALDANER, O. A. A formação Inicial e Continuada de Professores de Química, Rio Grande do Sul: Unijuí, 2003.
MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 3. ed.. São Paulo: Atlas, 1997.
NOGUEIRA, Wedson Carlos Lima. Horta na escola: uma alternativa de melhoria na alimentação e qualidade de vida. Anais do 8º Encontro de Extensão da UFMG. Belo Horizonte, 3 a 8 de outubro de 2005.
PEHE. Projeto Educando Coma Horta Escolar: Orientações para Implantação e Implementação da Horta Escolar. Caderno 2. Brasília: 2007.
PETTER, C.M.B. A Construção Coletiva De Uma Horta Escolar. Iv Encontro IberoAmericano De Coletivos Escolares E Redes De Professores Que Fazem Investigação Na Sua Escola 2002.