Autores

Oliveira, F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Silva, A.J.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Silva, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)

Resumo

O presente trabalho visa apresentar um estudo acerca das perspectivas de falas, em meio à interação com o público, dos monitores de um projeto de Divulgação Cientifica da Universidade Federal de Sergipe. Durante o processo de divulgação científica, através de oficinas experimentais, as falas foram devidamente gravadas, transcritas e categorizadas, visando à predominância da linguagem para a criação das categorias. A partir das análises realizadas, observamos a predominância de argumentos de cunho: conhecimento cientifico atrelados ao uso de analogias e relações destes com cotidiano.

Palavras chaves

divulgação científica ; argumentação e analogias; importância da monitora

Introdução

A forma de “levar” ciência para o público em geral pode ser encarada como um processo de transposição de conhecimento científico1. Essa forma de “levar” ciência, para alguns autores, pode ser denominada como Divulgação Científica; já para outros, caracteriza-se como Popularização da Ciência. Neste trabalho, adotaremos a terminologia Divulgação Científica (DC)1,4. Para que a DC aconteça de maneira significativa, é necessário que o mediador do conhecimento, o monitor, possua habilidades que transformem o mesmo em uma informação mais simples ou acessível, pois a divulgação científica é feita para o público em geral, seja ele alfabetizado ou não, crianças, adultos ou idosos2,3. A linguagem tem papel fundamental no processo de divulgação científica, sobretudo em função do público a que se destina. Segundo Sarmento e col.(2010), ao se tratar do público adulto, o contexto empregado deve ser feito sob forma argumentativa, enquanto que, quando é destinada ao público infantil ocorre ênfase na narrativa, a linguagem será diferenciada, sendo mais adaptada com recursos metalinguísticos específicos. Como o modo que o monitor na atividade de divulgação científica estabelece é a transposição do conhecimento científico, este trabalho tem como foco principal apresentar um estudo acerca das falas dos monitores (das áreas de Química, Biologia e Física) de um Projeto de Extensão do Campus Alberto Carvalho da Universidade Federal de Sergipe. O Projeto intitulado Ciências sobre rodas: busão da ciência do agreste e do sertão tem como objetivo divulgar a ciência.

Material e métodos

A pesquisa foi trabalhada com os monitores vinculados ao Projeto Busão da ciência, que atua em feiras livres e escolas, levando a divulgação do conhecimento. O projeto já tem cerca de três anos de atuação e possui em média quinze monitores. As ações são realizadas por meio de oficinas experimentais que levam de dez a quinze minutos, sendo as mesmas transmitidas por meio de argumentação científica e analogias. Esse aspecto justifica uma análise de elementos argumentativos e de analogias existentes nas falas dos monitores. Os dados da pesquisa foram coletados por meio de gravações de oficinas que foram realizadas no local em que acontecia a divulgação, quando os monitores interagiam com o público adulto e infantil de um colégio do município de Moita Bonita (SE). Foram obtidas as falas da interação monitor/espectador de 08 monitores do Projeto Ciência sobre Rodas: busão da ciência do agreste e do sertão. Sendo três monitores de Ciências Biológicas (BM1, BM2, BM3), três de Química (QM1, QM2, QM3) e dois de Física (FM1 e FM2). A ausência de falas do terceiro monitor de Física se deu em função de problemas técnicos no processo de gravação. As falas dos monitores foram transcritas e categorizadas de acordo com a predominância da fala que adotavam. Para a formação destas categorias, utilizamos os dados oriundos das gravações das apresentações e corpo teórico sobre o papel do monitor em ações de Divulgação Científica.

Resultado e discussão

As falas dos monitores foram categorizadas visando à predominância da linguagem para divisão das categorias. Assim, foram divididas em três categorias: Conceito Científico (C), Conceito Científico com Analogia (CA) e Conceito Científico relacionado ao cotidiano (CC). Os recortes de falas são identificados com a sigla que identifica os monitores e a sigla da categoria, exemplo QM1/C. As análises estão descritas na figura 1. De acordo com os recortes de fala na categoria C da figura 1 (QM1/C, QM2/C, QM3/C, BM1/C, BM2/C, BM3/C, FM1/C E FM2/C) é visto que todas as falas analisadas transmitem conceito científico. Esse resultado já era esperado, pois trata-se do eixo central da ação dos monitores, ou seja, apresentarem o conhecimento científico em suas bases mínimas. Contudo, avançando nas perspectivas Cotidiano e Analogias, QM1, QM3, BM1, BM3 fazem uso de relação do científico com o cotidiano. Isso pode ser verificado pelos recortes de falas na figura 1, identificados como QM1/CC e QM3/CC, BM1/CC e BM3/CC. Nas falas de QM2, BM1, BM2, BM3 e FM1 percebe-se a predominância de analogias, já que todos eles fazem comparações, utilizando um vocabulário compreensível ao definir termos científicos em suas apresentações, como mostra na figura 1 nos recortes QM2/CA, BM1/CA, BM2/CA, BM3/CA e FM1/CA. Assim, percebe-se que os monitores dos cursos de química e Ciências Biológicas fazem uso de conhecimento científico relacionado ao cotidiano e analogias, porém nas apresentações dos futuros biólogos predominam analogias. Dos de Química existe a predominância do cotidiano em detrimento de analogias. Focando os monitores do curso de Física, é visto em suas falas a predominância do conceito científico, embora encontrem-se pequenos trechos em que há analogias.

Figura 1

Categorização das falas dos monitores

Conclusões

Em geral, em todas as apresentações do Projeto Busão da Ciência foi observada a presença de relação de analogias, cotidiano com o conceito científico em elaborações de explicações. Ao comparar a predominância de fala nos cursos, percebe-se que nos de biologia e química, há maior predominância de conceitos científicos com o cotidiano e analogias. Isto é perceptível no momento em que os monitores fazem suas apresentações. Logo, o papel da fala do monitor é de suma importância para que a divulgação seja transmitida de forma significativa e que o público consiga construir o próprio conhecimento.

Agradecimentos

Referências

[1]MARANDINO, M. Transposição ou Recontextualização? Sobre a produção de saberes na educação em museus de ciências. Asociação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, 2006.


[2]SARMENTO, A. C. et al. Divulgação científica para o público infantil: análise da revista ciência hoje das crianças–impressa. Diálogos & Ciência-Revista da Rede de Ensino FTC, 2010.

[3] SILVA, C. S. Formação e atuação de monitores de visitas escolares de um centro de ciências: saberes e prática reflexiva. 2009.


[4]MARANDINO, M. et al. A Educação Não Formal e a Divulgação Científica: o que pensa quem faz. Atas do IV Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências, 2004.