Autores

Fernandes, F.S. (UERR) ; Barbosa, M.T. (UERR) ; Pinto, J. (UERR) ; Rizzatti, I.M. (UERR)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo realizar atividades em uma Estação de Tratamento de Água (ETA) com estudantes do segundo Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Senador Hélio da Costa Campos para avaliar a qualidade da água, conhecer alguns parâmetros físicos e químicos e reconhecer a significância da química no tratamento de águas. Durante a visita os estudantes puderam relacionaram os conteúdos de ácidos, bases e funções inorgânicas vistos em sala de aula com o cotidiano deles, bem como, a importância de cuidar dos recursos hídricos. Além disso, durante quatro meses os estudantes avaliaram a qualidade da água que consumiam na escola. Ao final percebeu-se um maior interesse dos estudantes pelas aulas de química, e percebeu-se, inclusive uma diminuição no número de faltosos.

Palavras chaves

parâmetros físico-químico; contextualização; ensino de química

Introdução

Atualmente, a escola pública vem apresentando muitas deficiências na qualidade do ensino, principalmente, em relação ao de química, que se caracteriza por uma disciplina teórica e de natureza experimental, exigindo aulas mais dinâmica e o uso da experimentação em sala de aula, laboratório ou aulas em espaços não formais. Costa e colaboradores (2005) afirmam que a metodologia tradicional de ensino de química gera grande desmotivação entre os alunos, somando, também, a ausência de correlação da disciplina com o cotidiano dos alunos. Neste contexto, uma das formas de melhorar a qualidade do ensino é propiciar aos alunos a identificação da presença da Química no seu dia-a-dia, que pode ser feito por meio de abordagem temática, fazendo-se uso de temas que envolvem a química ambiental, por exemplo. Para Santos e Schnetzler (2003), a utilização da abordagem temática relacionando aspectos sociais, culturais e ambientais associados aos conteúdos trabalhados em sala de aula, permite desenvolver no aluno valores e atitudes, sendo imprescindível relacionar o tema com o cotidiano dos alunos, indo além dos limites do campo didático e da curiosidade. Neste trabalho, buscou-se trabalhar a química da água em espaço não formal, como forma dos alunos relacionarem a química com seu cotidiano, objetivando a conscientização dos alunos da Escola Estadual Senador Hélio da Costa Campos, na cidade de Boa Vista-RR, sobre a importância de preservar a água, certificando-se sobre o impacto ambiental que o mau uso da água potável acarreta.

Material e métodos

O trabalho foi realizado 30 alunos de uma turma, do turno matutino, do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Senador da Costa Hélio Campos, no segundo semestre de 2012. Os alunos realizaram levantamento bibliográfico em livros, revistas científicas e sites recomendados da área de Ensino e de Saneamento para a fundamentação do trabalho, investigações sobre o uso da água das torneiras e bebedouros da própria escola, assistiram a um vídeo disponível em < wwf brazil.avi videos>, para refletirem sobre os impactos da ação do homem sobre o meio ambiente, e participaram de uma palestra no auditório da Escola, onde foi apresentado noções sobre o Tratamento da água por um palestrante da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima - CAER. Além disso, elaboraram folders, maquetes, cartazes e painéis explicativos sobre o ciclo da água, tempo de degradação de materiais, dicas de higiene, e outros. Participaram de aulas experimentais envolvendo etapas do processo de tratamento de água; coletaram amostras de água da cisterna e de dois bebedouros da Escola para análises físico-químicas, realizadas na CAER, e fizeram uma visita à CAER para conhecerem a Estação de Tratamento de Águas - ETA.

Resultado e discussão

Os 30 estudantes, divididos em 6 grupos, elaboraram folders, maquetes, cartazes e painéis explicativos sobre o ciclo da água que foi apresentado no final do semestre durante a Feira de ciências da escola, e criaram o Blog da escola chamado HC Criativo onde estão alguns relatos dos alunos sobre o projeto "A importância da conservação da água". Durante a pesquisa puderam compreender o quanto a qualidade da água esta correlacionada com suas vidas, e que a potabilidade é fundamental para sua saúde, bem como, da importância do conhecimento dos parâmetros estudados, um estudante relatou após a atividade que “água potável é água própria para o consumo humano”, conceito antes não respondido pelo mesmo estudante. Os alunos relataram que as aulas experimentais promoveram a interação e que a experiência dentro e fora da sala de aula (visita a CAERR) alimentou o interesse pela disciplina, e que todos os professores deveriam adotar esse tipo de atividade pois as aulas ficariam mais interessantes. Durante a visita a CAERR todos ficaram surpresos com todo o processo de tratamento da água e perceberam a importância de preservar o rio Branco onde a água é captada. Averiguando as avaliações qualitativas, através dos comentários e depoimentos expostos oralmente e nos questionários, percebeu-se que houve motivação, participação e interesse dos alunos em estudar química. Analisando a avaliação quantitativa, certificou-se que os estudantes desta sala obtiveram conhecimentos químicos após a aplicação da atividade proposta. A média geral dessa sala foi 82. Verificou-se ainda que 97% da classe conseguiu entender os conteúdos associando-o ao seu dia-a-dia, obtendo assim, a aprovação, sendo o maior índice de aprovação na disciplina de química das turmas de segundo ano de toda a escola.

Conclusões

Pode-se afirmar que é possível desenvolver no Ensino Médio um estudo sobre o tratamento e os parâmetros de potabilidade da água, enfocando conteúdos químicos, possibilitando aos alunos refletir sobre as formas conscientes de utilização da água potável e ainda desenvolver responsabilidade sócio- ambiental. Percebeu-se que é importante, no processo de ensino-aprendizagem, contextualizar os conteúdos gerando-se discussões sobre o tema abordado para chamar a atenção dos estudantes em sala de aula.

Agradecimentos

À Escola Estadual Senador Hélio Campos e à Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.

Referências

COSTA, T. S.; ORNELAS, D. L.; GUIMARÃES, P. I. C.; MERÇON, F. A corrosão na abordagem da cinética química. Química Nova na Escola, Relatos de Sala de Aula, Novembro, nº 22, 2005.
SANTOS, W. L. P. dos e SCHNETZLER, R. P.. Educação em química: compromisso com a cidadania. 3 ed. Ijuí: Unijuí, 2003, 144 p.