Autores

Bezerra, F.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Sales, L.L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Sousa, W.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Filho, F.G.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Fernandes, L.A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Nunes, F.H.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE)

Resumo

O estudo visa investigar as concepções dos discentes do ensino de química na modalidade EJA a respeito de sua qualidade e o assunto de química que os alunos do EJA desejam entender em duas escolas de ensino médio da modalidade EJA, uma em Joca Claudino-PB e a outra em Bernardino Batista-PB. Essa investigação ocorreu no âmbito das escolas públicas do sertão paraibano por meio de uma coleta de dados. Foram visitadas duas escolas da rede pública de ensino: a E.E.E.F.M. São José Operário e E.E.E.F.M. Nelson Batista Alves e participaram 59 alunos. Como resultado comprovou-se que a maioria dos discentes julga boa a qualidade do ensino de química na modalidade EJA. Contudo quando questionados sobre o assunto de química que gostariam de entender, 42% não souberam ou não quiseram responder.

Palavras chaves

QUALIDADE; QUÍMICA; EJA

Introdução

A Educação de Jovens e Adultos, é uma modalidade de ensino que foi instituída no Brasil a partir da LDB 9.394/9, tem como função de garantir a todas as pessoas de qualquer segmento social que não tiveram acesso à escola, o direito a uma escolarização básica e permanente de qualidade. Segundo Peluso, 2003, “a vontade de aprender do adulto é grande, e, por isso mesmo, deve-se cuidar para que este aluno permaneça na instituição escolar”. O Parecer CNE/CEB número 11/2000 que embasa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA (Resolução CNE/CEB número 1/ 2000), aponta a ideia de garantia do direito, em uma escola de qualidade, de padrões mínimos a serem estabelecidos para a qualidade do ensino-aprendizagem, enfatizando as peculiaridades da EJA. Segundo o Parecer CNE/CEB n. 11/2000 o termo qualidade se apresenta como, a restauração do direito negado a jovens e adultos, a busca por uma escola de qualidade, a qualidade de vida de jovens e adultos como fator preponderante quando se trata das características do público desta modalidade. E acrescenta a necessidade de um planejamento específico para a modalidade que precisa contar com profissionais preparados para atuar na modalidade EJA, regimentos e projetos políticos pedagógicos que deem conta das especificidades da modalidade. (BRASIL, 2000). Sendo desta forma, fundamental a importância da contextualização dos temas químicos sociais, sendo evidenciado assim, pelo interesse despertado nos alunos quando se trata de assuntos vinculados diretamente ao seu cotidiano. Assim, os conteúdos de química devem ser repensados para os cursos de educação de jovens e adultos, valorizando a integração curricular, para que desta forma haja um melhoramento na qualidade do ensino de química dos alunos da modalidade EJA.

Material e métodos

Essa investigação ocorreu no âmbito das escolas públicas de duas cidades do sertão paraibano que tem em seu funcionamento a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), de nível médio, nas quais ministram a disciplina Química, por meio de uma coleta de dados. O instrumento para coleta de dados constituiu-se de um questionário, destinado aos alunos de 1º, 2º e 3º ano do ensino médio da modalidade EJA, com a função de avaliar quais as principais dificuldades no entendimento desta disciplina na modalidade EJA e como os alunos avaliam a qualidade do ensino de química nesta modalidade de ensino. O questionário continha 2 questões objetivas e 7 discursivas. Na Escola de Ensino Fundamental e Médio São José Operário situada no município de Joca Claudino-PB, foram entrevistadas três turmas de nível médio da modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), formando um total de vinte e três alunos nesta escola. Na Escola de Ensino Fundamental e Médio Nelson Batista Alves situado no município de Bernardino Batista-PB, foi entrevistado mais três turmas de nível médio também da modalidade EJA, formando um total de trinta e seis alunos. Sendo assim foram entrevistados no total 59 alunos destas duas escolas. Os dados coletados foram agrupados, analisados e descritos quantitativamente, a partir de apresentações percentuais. O investigador buscou não interferir e nem manipular qualquer tipo de influência nas opiniões e conceitos dos alunos. Assegurando-os a garantia do anonimato, a liberdade para participar ou desistir das atividades em qualquer momento.

Resultado e discussão

A qualidade no ensino de química na EJA é contestada constantemente, segundo Bonenberger et al. (2006, p.1), isso se dá pelo fato dos discentes da EJA apresentarem dificuldades e consequentemente frustrações por não se acharem capazes de aprender química, e, por não perceberem a importância dessa disciplina no seu dia a dia. Quando questionados quanto à qualidade do ensino de química na EJA, como mostra a Figura 1, a maioria, 63% dos discentes apontaram ser boa a qualidade do ensino de química na EJA, 22% julgou ser de ótima qualidade, 13,3% responderam achar regular a qualidade e apenas 1,7% responderam que acham ruim. Como mostra a Figura 2, quando perguntados qual o assunto de química atual que desejavam entender, 8,8% responderam que queriam entender melhor sobre o lixo, 22% afirmaram que gostariam de entender cálculos, mostrando assim uma dificuldade não só referente a química, mas também a outras disciplinas, por exemplo, a matemática, e 42% não souberam ou não quiseram responder qual assunto de química atual gostariam de entender. Diante desse resultado fica evidenciada a grande dificuldade dos discentes da EJA quando se trata dos assuntos relacionados à disciplina de química, pois sequer souberam apontar o assunto que gostariam de entender, mostrando assim, uma total deficiência acerca desta disciplina.

FIGURA 1

MOSTRA COMO OS DISCENTES AVALIAM A QUALIDADE DO ENSINO DE QUÍMICA NA MODALIDADE EJA.

FIGURA 2

MOSTRA QUAL O ASSUNTO DE QUÍMICA ATUAL QUE OS DISCENTES DA MODALIDADE EJA DESEJAM ENTENDER.

Conclusões

Embora o ensino de química na modalidade EJA seja visto de maneira preconceituosa por muitos, pelo fato dessas pessoas acharem um ensino de nível baixo, a partir da avaliação dos resultados, ficou claro que a maioria dos discentes acham o ensino de química na modalidade EJA de qualidade. A maioria não soube ou não quis responder ficando evidenciado o total desconhecimento dos discentes da modalidade EJA em torno da disciplina química.

Agradecimentos

Referências

JEFFREY, Debora Cristina; DOMBOSCO, Cristiane Teresa; NUNES, Fábio Pereira; LEITE, Sandra Fernandes. A legislação educacional e o conceito de qualidade na educação de jovens e adultos: Princípios e Orientações. revista EXITUS. Volume 03, nº 2: Jul/Dez de 2013.
BUDEL, Geraldo José; GUIMARÂES, Orliney Maciel. Ensino de Química na EJA: uma proposta metodológica com abordagem do cotidiano. Curitiba/PR, Agosto de 2009.
BRASIL. Lei 9.394/96. Diretrizes e bases da educação nacional-LDB. Brasília: MEC, 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm> Acesso em: 20 de Fevereiro de 2015.