Autores

Moreira, D.N. (UFPB) ; Lima, C.C.A.S. (UFPB) ; Souza, J. (UFPB) ; Dias, L.V.V. (UFPB) ; Santos, M.B.H. (UFPB)

Resumo

Este trabalho apresenta o uso do experimento “Testes da Chama” no ensino de química, empregando materiais de baixo custo e fácil acesso. A pesquisa foi desenvolvida com 25 alunos do 1º ano do ensino médio (EM) em uma Escola Estadual, do município de Areia – PB. A metodologia utilizada envolveu tanto a demonstração do experimento pelos pibidianos e pelo professor da disciplina quanto a realização deste pelos alunos de EM. Os discentes participantes da pesquisa classificaram a atividade experimental como ótima ou boa além de a terem considerado como uma contribuição para despertar o interesse pelo conteúdo, facilitando a sua aprendizagem. A inserção de experimentos de baixo custo mostrou-se uma alternativa viável para romper com a passividade imposta pelos métodos tradicionais de ensino.

Palavras chaves

Experimentação; Materiais Recicláveis; Aprendizagem

Introdução

Diversos autores têm ressaltado a importância da experimentação como recurso pedagógico no processo de ensino e aprendizagem de química. Segundo estes autores a utilização deste recurso auxilia na construção de conceitos e desperta forte interesse entre os alunos proporcionando um caráter motivador, lúdico, essencialmente vinculado aos sentidos (GIORDAN, p. 1, 2003; GUIMARÃES, p. 199, 2009; FERREIRA et al, p. 101, 2010;). Pesquisas revelam que a experimentação representa uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação, possibilitando aos alunos construir seu próprio conhecimento (GUIMARÃES, p. 198, 2009; FERREIRA et al, p. 103, 2010;). A experimentação trabalhada a partir de situações com problemas reais e contextualizados leva o discente à compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula, por meio da sua participação efetiva (FREITAS FILHO, p. 69, 2010). O ensino sem a realização de experimentos pode tornar-se desmotivante (NOVAIS et al, p. 27, 2013). Ante o exposto, o objetivo desta pesquisa foi investigar o uso do experimento “Testes da Chama” no ensino de química, empregando materiais do cotidiano, de baixo custo e de fácil acesso.

Material e métodos

A pesquisa foi desenvolvida em uma Escola Estadual, no município de Areia – PB. O público alvo foram 25 alunos de uma turma do 1º ano do ensino médio regular. O experimento “Testes da Chama” utilizado neste trabalho foi baseado no artigo publicado na literatura (GRACETTO et al, p.46-48, 2006), cujo objetivo era apresentar uma proposta simples para se obter chamas de duração prolongada, de execução fácil e barata, muito úteis para se realizar testes de chamas em cátions. A metodologia utilizada consistiu em quatro etapas: inicialmente os pibidianos, supervisionados pelo professor de química da escola, prepararam as soluções com os seguintes sais: cloreto de sódio, sulfato de cobre, cloreto de lítio, cloreto de bário, cloreto de estrôncio e cloreto de potássio, latinhas de alumínio recicladas, utilizadas para substituir o bico de Bunsen; na segunda etapa os pibidianos auxiliados pelo professor aplicaram o referido experimento na sala de aula, na terceira etapa a turma foi dividida em três grupos, para que eles pudessem realizar o experimento apenas com o auxílio dos mediadores. Cada grupo recebeu as soluções e as latinhas de alumino já preparadas. Foi solicitado a cada grupo que mergulhasse a ponta de uma pequena haste feita de cobre nas soluções e depois, aproximando-as da chama para assim observar a coloração. Na última etapa foi aplicado um questionário para verificar a aceitação do público alvo com relação ao experimento.

Resultado e discussão

Os dados obtidos por meio do questionário respondido pelos alunos que participaram da pesquisa expressam a percepção do público alvo sobre a utilização do experimento “Testes da Chama” no ensino de química, os quais empregaram materiais de baixo custo e de fácil acesso (Figura 1). De acordo com a Figura (I) 92% dos alunos questionados classificaram a atividade experimental como ótima e 8% como boa. Durante a aplicação do experimento pode-se observar o interesse dos alunos pelo tema abordado, fazendo com que ficassem mais motivados a observar e acompanhar a aula. A utilização de atividades experimentais nas aulas de Química é um excelente recurso na busca de melhorias para o ensino desta ciência (Valadares, p. 38, 2001). Além disso, todos os alunos que participaram desta pesquisa afirmam que esta atividade contribuiu para despertar o interesse pelo conteúdo e facilitar a aprendizagem do mesmo (Fig. II, III). Resultados similares foram observados por Lima et al. (2014). Nascimento et al. (2014) afirmam que a utilização de experimento em sala de aula contribui para que o aluno consiga observar a relevância do conteúdo estudado e lhe possa atribuir sentido, o que incentiva a uma aprendizagem significativa. A utilização de material de fácil acesso e baixo custo para realização do experimento mostra que as aulas práticas podem e devem fazer parte da realidade das escolas públicas brasileiras, mesmo aquelas que não possuem laboratórios. As propostas de experimentos de baixo custo objetivando a aprendizagem do aluno constituem uma das alternativas na construção de uma ponte entre o conhecimento ensinado na sala de aula e o seu cotidiano, além de estimulá-los a adotar uma atitude mais crítica e empreendedora (Valadares, p. 38, 2001).

Figura 1.

Perguntas respondidas pelos alunos participantes da pesquisa.

Conclusões

Os resultados obtidos revelam que todos os discentes participantes da pesquisa classificaram a atividade experimental como ótima ou boa e que esta atividade contribuiu para despertar o interesse pelo conteúdo, além de facilitar a aprendizagem do mesmo. Ante estes resultados pode-se afirmar que a experimentação contribui para uma aprendizagem mais significativa, por funcionar como um meio de envolver os alunos nos conteúdos propostos em sala de aula. Experimentos simples e de baixo custo são uma alternativa viável para romper com a passividade imposta pelos métodos tradicionais de ensino.

Agradecimentos

A CAPES e aos Coordenadores do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência.

Referências

FERREIRA, L. H., et al. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, nº 2, 101-106, 2010.
FREITAS FILHO, J. R. Utilização de diferentes Estratégias de Ensino a partir de Situação de Estudo. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia, nº 2, 66-75, 2010.
GIORDAN, M. Experimentação por simulação. Textos LAPEQ, nº 8, 1-12, 2003.
GRACETTO, A. C., et al. Combustão, Chamas e Testes de Chama para Cátions: Proposta de Experimento. Química Nova na Escola, nº 23, 43-48, 2006.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, nº 3, 198-202, 2009.
LIMA, A. C. et al. O uso do experimento “testes de chama” através de latinhas de bebidas, realizado durante o estágio supervisionado: uma abordagem para o ensino de conceitos da teoria de Bohr. In: 54º Congresso Brasileiro de Química, Natal: UFRN, 2014.
NASCIMENTO, R. et al. A experimentação como recurso didático para o ensino da eletroquímica. In: V Encontro Nacional das Licenciaturas (ENALIC), IV Seminário Nacional do PIBID e XI Seminário de Iniciação à Docência (SID-UFRN), Natal: UFRN, 2014.
NOVAES, F. J. M. Atividades experimentais simples para o entendimento de conceitos de cinética enzimática: Solanum Tuberosum - uma alternativa versátil. Química Nova na Escola, nº 1, 27-33, 2013.
VALADARES, E. C. Propostas de Experimentos de Baixo Custo Centradas no Aluno e na Comunidade. Química Nova na Escola, nº 13, 38-40, 2001.